Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Tharsila Prates
Publicado em 24 de dezembro de 2024 às 17:13
As mulheres que forem ao Festival Virada Salvador poderão usar a tecnologia e denunciar casos de violência de gênero, como importunação sexual, no evento, nos arredores e nas linhas de ônibus especiais que vão prestar atendimento à área na Boca do Rio. A iniciativa é uma parceria firmada entre a Prefeitura de Salvador, através da Empresa Salvador Turismo (Saltur) e a Secretaria de Políticas para as Mulheres e Juventude (SPMJ), com a startup Super Nina, que desenvolve tecnologia integrada para mapear e combater a violência de gênero na mobilidade urbana e em áreas de grande circulação de pessoas.
Será a primeira vez que a ferramenta vai operar em um grande evento. Simony César, CEO da Super Nina, explica que haverá duas formas de fazer a denúncia: indo ao posto avançado da SPMJ montado na Arena ou através do WhatsApp da Nina. Interessadas já podem se cadastrar, enviando uma mensagem de texto para o número de atendimento nacional (85) 9 3300-7001. Esse número será divulgado em cartazes e em ventarolas distribuídos ao público.
"As vítimas ou testemunhas que denunciarem pelo WhatsApp, se estiverem ainda no evento ou nos arredores, serão direcionadas para o Centro de Proteção à Mulher, montado dentro do evento, com psicólogas, assistentes sociais e demais profissionais de saúde. Haverá, inclusive, um posto da Delegacia da Mulher. Se a vítima estiver fora do Festival Virada já, se for mulher cis e trans, será direcionada à Casa da Mulher Brasileira, próximo ao Hospital Sarah, onde receberá os primeiros atendimentos", explica Simony.
As vítimas que chegarem no próprio Centro de Atendimento à Mulher também terão as informações coletadas pelos profissionais. Agentes das secretarias municipais de Salvador, que estarão envolvidos nessa operação, foram treinados pela startup.
Na denúncia, a pessoa poderá dar uma referência do local onde está para facilitar a identificação dos envolvidos, através de imagens. Caso a ocorrência seja dentro do ônibus, a pessoa poderá informar o número de cinco dígitos que identifica o veículo, para que a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) acione as imagens das câmeras de dentro do veículo.
“É importante destacar que é a primeira vez que a Nina vai operar num grande evento. Nesse caso, a gente tem a parceria com a SPMJ, que terá um Posto Avançado de Atendimento à Mulher no festival. Com isso, quem fizer o registro de violência ocorrida dentro do Festival pode pedir ajuda e ter atendimento diretamente nesse posto. Lá, haverá profissionais especializados para dar todo apoio às vítimas e testemunhas, inclusive para conseguir fazer o boletim de ocorrência diretamente na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher presente dentro do evento”, complementa a consultora de Políticas da Super Nina, Ana Carolina Nunes.
"Mesmo que a pessoa não queira fazer a denúncia diretamente no WhatsApp da Nina, ela pode ir direto ao posto de atendimento avançado da Secretaria, que também usará nosso sistema para registrar a ocorrência. Portanto, vamos conseguir produzir as ocorrências de forma unificada, independente se o registro for feito no posto ou pelo WhatsApp”, reforçou a consultora.
"Essa parceria é um passo importante para fortalecer ações preventivas e oferecer suporte eficiente neste período tão significativo”, destacou a secretária de Políticas da Mulher e da Juventude, Fernanda Lordelo. “Vamos fazer rondas nos locais onde tiver mais demandas de denúncias, e os números de denúncias que chegarem à noite servirão de balizamento para as ações no dia seguinte, com reforço de equipe e patrulhamento nesses locais”, concluiu.
O material de divulgação da Super Nina destaca que a startup tem a capacidade de integrar dados de denúncias com inteligência artificial, criando soluções para mapear e prevenir casos de violência.
Entre essas funcionalidades estão: estímulo ao processo de realização de denúncias; registro e cruzamento de dados com inteligência artificial; painel de controle eficiente e seguro; melhoria na geolocalização dos usuários; orientação para vítimas e testemunhas sobre protocolos de atendimento; e obediência às normas de privacidade dos dados (LGPD).