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Tharsila Prates
Publicado em 25 de março de 2025 às 22:33
O Ministério Público Federal (MPF) cobra respostas da União sobre a regularização fundiária das Terras Indígenas (TIs) Barra Velha do Monte Pascoal, Tupinambá de Olivença e Tupinambá de Belmonte, localizadas no extremo sul da Bahia. Em desdobramento da audiência pública realizada em 11 de março, na Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília, foi encaminhado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) um ofício solicitando esclarecimentos formais sobre eventuais obstáculos técnicos ou jurídicos que impediriam a assinatura das portarias declaratórias. >
O documento, enviado pelo MPF no dia 18 de março, estabeleceu um prazo de cinco dias úteis para que o governo federal respondesse - prazo que se extinguiu hoje (25). "É necessária uma explicação fundamentada sobre por que essas portarias ainda não foram assinadas. No entendimento do MPF, das entidades parceiras e dos povos indígenas, não há qualquer impedimento para que isso ocorra", destacou o procurador da República Ramiro Rockenbach.>
Além do ofício encaminhado ao Ministério da Justiça, o MPF já iniciou reuniões com entidades e representantes dos povos indígenas para definir novas estratégias em defesa dos direitos dos territórios. Segundo os procuradores, existe uma escalada de conflitos fundiários e violência contra os povos Pataxó e Tupinambá.>
No último dia 10, o indígena Pataxó Vitor Braz foi assassinado durante um ataque contra uma comunidade Pataxó da Terra Indígena (TI) Barra Velha do Monte Pascoal, em Porto Seguro, no extremo sul da Bahia. A vítima foi morta com disparos de arma de fogo. Ele era morador da retomada Terra à Vista, localizada na área da TI em processo de demarcação.>
Além da violência, os processos de demarcação estão paralisados desde 2008, mesmo com relatórios técnicos concluídos e a inconstitucionalidade do "marco temporal" reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Essa demora na conclusão dos processos de demarcação tem gerado mais insegurança e intensificado os conflitos na região.>
"As comunidades indígenas aguardam há mais de uma década pela oficialização da posse de suas terras. Enquanto isso, enfrentam um cenário de violência constante, marcado por invasões e ameaças. A regularização dessas áreas não pode mais ser adiada", disse Rockenbach.>