Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Jovem de 24 anos foi enterrado no Cemitério Quinta dos Lázaro, na Baixa de Quinta
Elaine Sanoli
Wendel de Novais
Publicado em 30 de agosto de 2024 às 23:44
Foi sepultado na tarde chuvosa desta sexta-feira (30), o corpo do motoboy Kevin Pereira Piedade. O jovem de 24 anos foi morto a tiros na noite de quinta-feira (29), durante uma tentativa de assalto no bairro de Sete Portas, em Salvador. O corpo de Kevin foi enterrado no Cemitério Quinta dos Lázaro, na Baixa de Quinta, por volta das 16h30. De acordo com a família e amigos, o mototaxista tentou se proteger dos tiros, mas foi baleado na mão e na cabeça.
"Kevin era um cara do bem, todos sabiam da caminhada dele. Ele era o provedor de sua casa, foi morto brutalmente por quatro bandidos em duas motocicletas. Na ação, ele tentou não perder a vida, tentou se proteger e foi baleado na mão e na cabeça, vindo a óbito no local", contou o amigo Felipe Brito.
Em mais de três anos atuando como mototaxista, esta foi a primeira vez em que Kevin foi vítima de assalto. Segundo relatos de familiares, Kevin costumava trabalhar por aplicativos de viagens a partir do final da tarde, em horários de pico. Na quinta-feira, cerca de 50 minutos após sair de casa para realizar as viagens, a família recebeu o comunicado que Kevin havia sido baleado em uma tentativa de assalto.
"Por volta de 17h30 ele falou para a minha filha que ia trabalhar. Em um espaço de tempo de 50 minutos, mais ou menos, alguém ligou dizendo que ele tinha sido assaltado e tinham dado um tiro nele. A gente foi até lá e ele estava caído em via pública. Esse momento foi muito difícil, porque a gente viu ele sair e encontramos ele daquela maneira. É muito difícil ver uma pessoa trabalhadora assim", contou José Francisco dos Santos, sogro do rapaz.
Segundo a Polícia Civil, Kevin parou a motocicleta próximo a uma lanchonete na Avenida J. J. Seabra e foi abordado por homens que estavam em outra moto. Ele entrou em luta corporal com os suspeitos e acabou baleado.
Além de trabalhar como motorista por aplicativo, Kevin também possuía uma loja virtual de acessórios, e já tinha sido fuzileiro, relembram amigos. Com os empregos, o jovem sustentava a esposa e dois filhos gêmeos, de menos de um ano de vida.
A expectativa dos familiares e amigos é que os responsáveis pelo crime sejam identificados e punidos. "O secretário de segurança pública e a polícia têm que mostrar as câmaras de segurança, porque ali na região tem muito comércio, então tem muitas câmeras. É um trabalhador, se ele se envolvesse com coisa errada, ninguém tava aqui, o primeiro a se recusar a fazer alguma coisa seria eu, mas ele era trabalhador direito", argumentou o sogro.
Na busca por justiça, motoboys da capital se reuniram para protestar e pedir mais segurança para trabalhadores da categoria. A manifestação saiu da região da Rodoviária e seguiu até o cemitério onde o corpo da vítima foi sepultado. A movimentação pelo protesto começou a circular entre grupos de mensagens de motoboys da cidade, convocando a união dos trabalhadores de aplicativo. Às 12h desta sexta-feira, os trabalhadores foram às ruas com faixas e cartazes afirmando que “a categoria de aplicativo está de luto”.
Após o sepultamento de Kevin, mototaxistas fizeram uma nova motociata, na região da Vila Laura, buzinando em sinal de protesto e pedindo às autoridades reforços contra a violência na cidade.
Ainda segundo a polícia, o caso é inicialmente investigado como latrocínio. Autoria e motivação do crime são apuradas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ninguém foi preso até o momento.