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Da Redação
Publicado em 26 de julho de 2023 às 11:15
As cidades de Cachoeira e Cruz das Almas receberão sessões da Mostra Ecofalante de Cinema, considerada como o mais importante evento audiovisual sul-americano dedicado a temas socioambientais entre os dias 31 de julho e 11 de agosto.
O evento, será aberto ao público e gratuito, vai exibir 48 filmes, incluindo obras premiadas em festivais nacionais e internacionais, destaques da edição mais recente da Mostra Ecofalante em São Paulo e sessões para o público infanto-juvenil.
Em Cachoeira, a Mostra acontece entre os dias 31 de julho e 10 de agosto, com sessões abertas ao público no Cine Theatro Cachoeirano. O filme que abre o evento é “Exu e o Universo”, de Thiago Zanato. A sessão acontece às 19h30 no Cine Theatro Cachoeirano, também no dia 31 de julho.
Já em Cruz das Almas, as exibições abertas acontecem entre 31 de julho e 11 de agosto no auditório da Biblioteca da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), e serão seguidas por debates com docentes da universidade. O filme exibido será o longa-metragem “Lavra”, de Lucas Bambozzi, que investiga as consequências do maior crime ambiental do Brasil.
Ainda na mostra, haverá sessões para estudantes do ensino fundamental I e II da rede pública municipal, que em Cachoeira acontecem no Auditório do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) da UFRB e no Cine Theatro Cachoeirano. Em Cruz das Almas, no auditório da Biblioteca Municipal Carmelito Barbosa Alves e no Centro Territorial de Educação Profissional (CETEP).
Destaques da programação
A programação da Mostra Ecofalante no Recôncavo da Bahia inclui três filmes cuja estreia mundial aconteceu na 12ª edição do festival, realizada em São Paulo no mês de junho. “Escute: A Terra foi Rasgada”, de Cassandra Mello e Fred Rahal Mauro, retrata uma aliança histórica entre três povos indígenas em defesa de seus territórios. “Cinzas da Floresta”, de André D'Elia, mostra a importância das brigadas voluntárias de combate a incêndios florestais no Brasil no contexto de mudanças climáticas e descontrole dos incêndios na Amazônia. Já “Parceiros da Floresta”, de Fred Rahal Mauro, traz uma nova visão de economia florestal sustentável e inclusiva como estratégia para mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
A luta dos povos indígenas tem forte presença nos filmes da programação. “A Invenção do Outro”, de Bruno Jorge, vencedor dos prêmios de júri e de público na 12ª Mostra Ecofalante, retrata a maior expedição das últimas décadas na Amazônia realizada pela Funai para tentar encontrar e estabelecer o primeiro contato com um grupo de indígenas isolados da etnia dos Korubos, em estado de vulnerabilidade. “Amazônia, a Nova Minamata?”, obra mais recente do consagrado cineasta Jorge Bodanzky, acompanha a saga do povo Munduruku para conter o impacto destrutivo do garimpo de ouro em seu território ancestral. “Vento na Fronteira”, longa de Laura Faerman e Marina Weis, acompanha a luta do povo Guarani-Kaiowá pelas suas terras, na região do Mato Grosso do Sul, que são objeto de disputa de grandes proprietários rurais.
A questão racial também está presente em diversos filmes do evento. “Exu e o Universo”, de Thiago Zanato, foi escolhido como o melhor filme da Competição Latino-Americana pelo público da 12ª Mostra Ecofalante e também premiado no Festival do Rio e na Mostra Internacional de São Paulo. Neste longa-metragem, um professor nigeriano e sua comunidade lutam para provar que seu deus Exu não é o diabo, frente aos ataques à liberdade de culto e ao racismo sistêmico no Brasil. “Diálogos com Ruth de Souza”, de Juliana Vicente, traça uma cinebiografia daquela que inaugura a existência de atrizes negras em palcos, televisão e cinema no Brasil. Por sua vez, o carioca “Rolê – Histórias dos Rolezinhos”, de Vladimir Seixas, retrata o movimento de ocupações nos shoppings que escancarou as barreiras impostas pela discriminação racial e exclusão social.
Entre os filmes internacionais, destacam-se duas produções que abordam a questão do racismo ambiental: “Filhos do Katrina”, de Edward Buckles Jr., que dá voz a jovens expulsos de suas casas pelo Furacão Katrina e abandonados pelo governo, e “Injustiça Climática”, de Judith Helfand, que aborda as consequências da pior onda de calor da história dos Estados Unidos em 1995, quando 739 pessoas – a maioria idosos e negros – morreram no espaço de uma semana.
Dois títulos assinados por Sarah Maldoror, a primeira mulher negra a dirigir um longa-metragem na África e considerada “a mãe do cinema africano”, também serão exibidos na Mostra. “Sambizanga” (1972), longa-metragem duplamente premiado no Festival de Berlim, focaliza a figura de Domingos Xavier, operário angolano e ativista anticolonial que foi preso e torturado até à morte, em 1961, pela polícia política portuguesa. Já em “Uma Sobremesa para Constance”, produção de 1980, Maldoror utiliza a comédia para tratar do tema da imigração africana e do racismo em território francês, num momento em que este assunto começava a ganhar amplitude e seu enfrentamento tornava-se incontornável.
O evento conta ainda com curtas-metragens que receberam prêmios de júri e de público na 12ª Mostra Ecofalante: “Quem de Direito”, de Ana Galizia, que mostra a organização popular pelo acesso à terra no território do vale do Guapiaçu (Cachoeiras de Macacu, Rio de Janeiro) e as mobilizações recentes contra um projeto de barragem na região; “A Febre da Mata”, de Takumã Kuikuro, uma denúncia contra as queimadas na Amazônia; e “Paulo Galo: Mil faces de um homem leal”, de Iuri Salles e Felipe Larozza, um retrato do ativista que ganhou destaque com o movimento dos entregadores antifascistas.
Para o público infanto-juvenil, a Mostra exibe três animações francesas. Em “Vanille”, de Guillaume Lorrin, uma pequena parisiense embarca numa aventura cheia de mistérios em Guadalupe e faz as pazes com suas origens. “A Viagem do Príncipe“, dirigida por Jean-François Laguionie e Xavier Picard, mostra as aventuras e os preconceitos enfrentados por um príncipe numa terra estrangeira, de cultura e hábitos diferentes e que se construiu em oposição à natureza. Já “Zarafa”, de Rémi Bezançon e Jean-Christophe Lie, traz a história da amizade entre Maki, de apenas 10 anos, e Zarafa, uma girafa órfã.