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Morte em presídio e traição: como Jequié virou foco da guerra entre PCC e CV no interior da Bahia

Facções disputam bairros como Joaquim Romão, Barro Preto e Mandacaru

  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Wendel de Novais

Publicado em 7 de fevereiro de 2025 às 11:40

Paulo TG, Real e Nonon são traficantes de Jequié Crédito: Reprodução

Prisões como a de Juca, traficante do Primeiro Comando da Capital (PCC) com atuação em Jequié que foi localizado pela Polícia Federal (PF) em Santa Catarina, nessa quinta-feira (6), são resultado do foco da polícia em líderes criminosos do sudoeste baiano. Ações que respondem a uma explosão dos conflitos armados entre o PCC e o Comando Vermelho (CV), que são conhecidos, respectivamente no município, como ‘Tudo3’ e ‘Tudo2’. Em Jequié, há ao menos 10 anos, as duas organizações criminosas assustam moradores e ordenam homicídios pelo domínio do tráfico.

Entre 2016 e 2021, a disputa, apesar de causar mortes violentas, não era tão grave. Diferente do que se viu de 2022, quando a cidade foi a mais violenta do Brasil pelo anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que registrou uma taxa de 88,8 assassinatos para cada grupo de 100 mil pessoas. Essa escalada, de acordo com uma fonte policial que terá a identidade preservada, tem ligação direta com a liberdade dos líderes criminosos das duas organizações criminosas que, enquanto estavam foragidos, ordenavam execuções e ataques a territórios dominados pelo grupo rival.

“Em 2016, a taxa de homicídios não era baixa, mas era bem menor em relação ao que se viu nos últimos anos. Nessa época, Paulo TG, líder do PCC, e Real, líder do CV, estavam presos e quem tocava as ações eram as sub-lideranças, que foram presas ao longo do tempo. Quando tinha morte, pelos dois líderes estarem presos, a gente pedia que Paulo e Real fossem colocados no RDD [Regime Disciplinar Diferenciado], em Serrinha, onde há o presídio de segurança máxima. Isso, por um bom tempo, manteve eles mais quietos, sem ordenar tantos crimes de dentro da cadeia”, explica.

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Paulo TG e Real foram presos fora da Bahia Crédito: Reprodução

Em Jequié, segundo a fonte, o PCC absorveu a facção do Bonde do Maluco (BDM) e seus integrantes a partir do fornecimento de armas. No entanto, foi o surgimento de uma terceira facção que fez a guerra entre as duas primeiras se acirrar ainda mais. A Tropa do Pão, liderada por traficantes conhecidos como Pônei e Dinho Beição. O grupo, no entanto, virou alvo da polícia rapidamente, o que acabou na prisão de Dinho e o início de uma troca de cadeiras entre as outras facções.

Para a polícia, a existência de uma terceira facção seria ainda mais perigosa. “Por isso, a Tropa do Pão foi sufocada e Dinho Beição foi preso em Salvador. Quando ele estava no presídio, porém, Real mandou matá-lo dentro da cadeia, o que gerou ódio de Pônei, que se juntou a Paulo TG, do PCC. Nesse meio tempo, Nonon, outro traficante, saiu do Tudo2 e foi para o Tudo3, fazendo com que o bairro onde ele tem boca de fumo, o Joaquim Romão, que era do CV, se dividisse e virasse o centro da guerra”, destaca.

Nonon, que saiu do CV para o PCC, integrou o Baralho do Crime Crédito: Reprodução

Por conta dessa guerra, o Joaquim Romão se tornou o centro dessas disputas ao longo dos anos. Por lá, até câmeras de monitoramento do CV foram localizadas pela Polícia Civil para vigiar as ruas. Em entrevista, ao falar de Jequié e Eunápolis, o governador Jerônimo Rodrigues admitiu o problema com os grupos criminosos. A apreensão do material usado pela facção carioca, inclusive, ocorreu após oito mortes serem registradas em Jequié em um único final de semana.

Com ações recentes da Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (Ficco), os líderes das facções foram presos fora do estado, mas não se sabe ainda qual será o impacto na dinâmica de guerra e mortes registrada na cidade do sudoeste baiano. A reportagem apurou ainda que uma Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE) será instalada no município para combater os grupos criminosos que, desde 2022, passaram a operar com mais violência na área.