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Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2023 às 10:57
A morte da líder quilombola Mãe Bernadete teria sido uma retaliação de um grupo de tráfico de drogas que atua na região do Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho. A conclusão é da Polícia Civil, que indiciou seis envolvidos no crime, entre eles, um morador do quilombo que teria instigado os traficantes a cometerem o crime.
De acordo com as investigações da Polícia Civil, dois executores, dois mandantes, um partícipe e um sexto envolvido, que guardou as armas usadas no crime e que deu apoio na fuga de um dos atiradores, foram identificados como responsáveis pela morte.
Os cinco primeiros foram indiciados por homicídio e o sexto por posse ilegal de arma de fogo, em outro inquérito policial. Os procedimentos foram encaminhados para a Justiça na quinta-feira (9).
Segundo a polícia, 80 oitivas foram realizadas e 20 medidas cautelares foram solicitadas e deferidas pelo Poder Judiciário. Também foram analisados 14 laudos periciais, entre os quais os que confirmaram que as armas apreendidas foram de fato utilizadas no crime. Além de reconhecimento dos autores por parte das testemunhas, a autoria também foi confirmada por meio da confissão do executor, que apontou o mandante e a motivação.
Articulação do crime
O planejamento da morte da líder religiosa teria começado a partir da insatisfação de um morador do quilombo, após a reprovação de Mãe Bernadete sobre exploração ilegal de madeira praticada por ele naquela região. O homem instigou o crime e auxiliou os executores no crime.
Ainda de acordo com as investigações, esse morador enviou áudios aos líderes do tráfico, informando que a vítima estaria acionando a polícia para desarticular eventos suspeitos, em um bar na comunidade Pitanga dos Palmares, na área quilombola. Com as informações, um criminoso acusado de liderar o tráfico na região ordenou a morte de Mãe Bernadete aos executores.
O morador também facilitou a entrada dos autores no imóvel. Após o crime, um dos envolvidos facilitou a fuga de um dos atiradores e guardou as armas utilizadas no homicídio.
Entre os seis envolvidos, dois encontram-se com mandados de prisão em aberto e, portanto, foragidos. Outro teve a prisão solicitada ao Poder Judiciário. O executor ainda não localizado é fugitivo do sistema prisional e tem condenação por homicídios cometidos em Simões Filho e Madre de Deus.
O promotor de Justiça Luiz Neto, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco), afirmou que as investigações deixaram “fartamente comprovado que Mãe Bernadete morreu porque lutava contra o tráfico de drogas na região. Ela tinha uma legitimidade popular grande. Seus conselhos, orientações e decisões eram ouvidas pela comunidade a qual defendia”.
Questionada se a morte de Mãe Bernadete teria tido relação com a do filho, Binho do Quilombo, a delegada geral da Polícia Civil, Heloísa Brito, afirmou que a PC não pode se manifestar acerca desta outra apuração, que é de responsabilidade da Polícia Federal e corre sob sigilo.
Flavio Gabriel Pacífico dos Santos, conhecido como Binho do Quilombo, foi assassinado em 2017, dentro de seu carro, em frente à Escola Centro Comunitário Nova Esperança, em Pitanga dos Palmares. O inquérito sobre o crime ainda está em andamento.
A polícia continua fazendo diligências para localizar os foragidos. Para colaborar, a população pode fornecer informações sem precisar se identificar, para o Disque Denúncia da Secretaria da Segurança Pública (SSP), ligando 181.