Morador de área do BDM, homem foi executado após ir a paredão do CV na Santa Cruz

Pedro Lacerda não era de facção, mas foi morto com mais de 50 tiros por traficantes

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  • Wendel de Novais

Publicado em 11 de março de 2024 às 11:36

Vítima foi morta com mais de 50 tiros e encontrada na Santa Cruz Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Executado com mais de 50 tiros na cabeça, o homem identificado como Pedro Lacerda foi levado para a Rua Onze de Novembro antes de ser encontrado morto nesta segunda-feira (11). Uma fonte da polícia, que acompanha o caso, explica que a vítima morava no Tororó, mas foi para uma festa de paredão na Ceasa, localidade da Santa Cruz. Enquanto o bairro onde Pedro vivia tem atuação da facção do Bonde do Maluco (BDM), o local onde foi alvejado é uma área onde o Comando Vermelho (CV) está estabelecido.

Esse, inclusive, seria o motivo da execução. “Ele estava no paredão e perceberam que era alguém de fora, que não morava ali. Por isso, os traficantes tiraram a vítima da festa e notaram uma conexão com o BDM. Era morador do Tororó, mas não fazia parte de facção, não era traficante. Ele trabalhava com iluminação de led, mas, no celular, encontramos coisas que indicam que ele era ‘simpatizante do BDM’, apesar de não ser envolvido”, conta a fonte da polícia, que prefere não revelar nome e cargo.

Policiais encontraram mais de 50 cápsulas de bala na cena do crime Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Ao classificar a vítima como ‘simpatizante’, a fonte explica que Pedro, por morar em um bairro com atuação do BDM, conhecia integrantes do grupo. “Estamos falando de um trabalhador, não de um criminoso. Porém, nesses casos, quando uma facção encontra qualquer ligação com uma rival, matam sem pensar duas vezes. Uma foto com algum traficante do grupo rival, uma mensagem qualquer que ele tenha trocado com alguém. Tudo isso pode ter ligado ele a outra facção na visão dos assassinos”, completa a fonte, sem entrar em detalhes do que havia no telefone.

Pedro foi encontrado próximo a um portão da Rua Onze de Novembro que ficou com as marcas da brutalidade da execução. Procurada para responder sobre o caso, a Polícia Militar da Bahia (PM-BA), informou que policiais militares da 40ª CIPM foram acionados para averiguar o caso e encontraram a vítima sem sinais vitais. Também procurada, a Polícia CIvil da Bahia (PC-BA) respondeu que realizou perícia e que apura o caso.

Esse não é o primeiro caso em que integrantes do CV matam alguém por ter ‘ligação’ com uma facção rival em Salvador. Em setembro de 2023, um jovem identificado como Carlos Rainer dos Santos Vieira foi sequestrado por traficantes enquanto saía de um restaurante na Gamboa, onde a facção tem atuação. Depois de ser levado, Carlos desapareceu e, desde então, não foi encontrado. Um dia após o sumiço, no entanto, imagens de um corpo com ferimentos à bala na cabeça circularam com a informação de que se tratava de Carlos.