Montados em mulas, baianos fazem viagem de 1,7 mil quilômetros para participar de festa em São Paulo

A expectativa é que sejam até 45 dias de viagem

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  • Maysa Polcri

Publicado em 21 de julho de 2024 às 18:03

Grupo saiu da cidade baiana de Pé de Serra
Grupo saiu da cidade baiana de Pé de Serra Crédito: Reprodução

Quase 20 mulas e 12 pessoas. Assim é formado o grupo baiano que deixou a cidade Pé de Serra, no dia 3 de julho, rumo ao município de Barretos, em São Paulo. O desejo dos viajantes é participar da tradicional Festa do Peão de Barretos, que acontecerá entre os dias 15 a 25 de agosto. Para chegar até o destino final, no entanto, ainda será preciso percorrer um longo caminho. Neste domingo (21), os viajantes estão em Catuti, no estado de Minas Gerais.

Em 18 dias de viagem montado em mulas, o grupo percorreu cerca de 730 quilômetros. Ainda restam mais de 1 mil quilômetros. Os baianos são acompanhados de um grupo de apoio, que conta com veterinário e ferreiro. Um caminhão transporta medicamentos e alimentos. São 19 animais, que caminham em esquema de revezamento: descansam, em média, 72 horas, depois de sete horas caminhando. O percurso é trilhado, na maior parte do tempo, em estradas de terra. 

A ideia da aventura partiu do vaqueiro Marinho Fernandes, 52, que é vocalista da banda de forró Sela Vaqueira. Ele conta que participou da Festa de Barretos em 2019, quando conheceu um idoso de 62 anos que percorreu quase dois mil quilômetros para estar no evento. Marinho, então, decidiu que faria algo parecido.

A expectativa é que a viagem seja feita em até 45 dias
A expectativa é que a viagem seja feita em até 45 dias Crédito: Reprodução

No ano passado, ele tentou organizar a viagem com alguns amigos, mas os planos precisaram ser adiados para este ano. “A nossa maior preocupação é com o bem-estar dos animais. Temos um ferrador e um veterinário nos acompanhando. São três carros de apoio e um caminhão, que transporta os animais quando estão descansando”, conta Marinho. 

O grupo já passou por cidades da Bahia e de Minas Gerais. “Nós estamos recebendo muito apoio em todos os lugares que passamos, graças a Deus. Estamos firmes e fortes, descansando em Catuti, e amanhã vamos seguir viagem”, disse Marinho. “A nossa dormida é embaixo das árvores e currais. Enfrentamos algumas dificuldades, como frio em algumas cidades”, completa.

Trajeto que será percorrido pelos baianos
Trajeto que será percorrido pelos baianos Crédito: Reprodução/Google

Além do vaqueiro fazem parte do grupo empresários, vendedores e fazendeiros. O cotidiano da aventura é compartilhado no perfil do Instagram (@selavaqueira). Apenas uma mulher integra a equipe. Trata-se de Marinalva Carneiro, de 71 anos. Natural de Feira de Santana, ela é conhecida como Mulher do Jegue.

“Ela é uma das grandes incentivadoras. Ela pediu férias na empresa que trabalha e veio tropear com a gente. Marinalva nos fortalece muito e não deixa a gente repensar em desistir”, diz o vaqueiro. A viagem dos baianos lembra uma atividade comum no século XVII. Montados em mulas e cavalos, os tropeiros transportavam alimentos das áreas produtoras até os centros consumidores das cidades.