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Luiza Gonçalves
Publicado em 13 de outubro de 2024 às 20:45
Movidos pela fé, admiração e gratidão, centenas de devotos dedicaram o dia de ontem (13) às homenagens a Santa Dulce dos Pobres. A data marcou a celebração dos cinco anos da canonização do Anjo Bom da Bahia, que aconteceu em 13 de outubro de 2019, na Praça de São Pedro, no Vaticano. As comemorações, realizadas pelo Santuário Santa Dulce dos Pobres, no Bonfim, começaram com o Tríduo da Gratidão, dos dias 9 a 11, com missas e conferências sobre o legado de amor e serviço de Irmã Dulce. No domingo, foi a vez das Santas Missas em comemoração aos cinco anos, que aconteceram às 8h30 e às 16h. Após a missa das 16h, houve a procissão do andor com a imagem da santa pelo Caminho da Fé, até a Basílica do Senhor do Bonfim.
“É uma fé que eu não tenho palavras para descrever”, resumiu Marluce Salomão. A aposentada de 79 anos aguardava a missa das 16h sentada no segundo banco, em frente à imagem de Santa Dulce. Como a maioria dos fiéis, ela segurava um terço e vestia uma camisa com a imagem da santa. Para a idosa, o que mais admira na trajetória de Dulce, e que a surpreende até hoje, é a proporção de seus feitos em prol dos mais pobres, algo que, quando era adolescente e via a beata pelas ruas da Cidade Baixa, jamais imaginaria.
Já José Domingos, de 73 anos, acompanhava atentamente as ações sociais da freira baiana desde os anos 1980, por conta das doações que sua empresa fazia na época para as obras de Dulce. “Ela estava sempre presente, ia aos lugares onde a gente trabalhava, reunia doações e envolvia todo mundo para participar. Uma santa baiana, que fez tudo pelas crianças, pelos idosos, pelos pobres e doentes. Tudo isso toca o coração da gente”, garante.
Esses feitos foram destacados por Frei Mário Erky, capelão das Obras Sociais Irmã Dulce, durante a missa, quando falou sobre ‘viver a vida conforme o evangelho’: “A canonização de Irmã Dulce foi a confirmação de uma vida dedicada exclusivamente ao evangelho. O maior milagre de Irmã Dulce é sua obra se manter de pé. Ela é uma santa atual, presente em nossas vidas, e isso nos inspira. Ela traduziu, em sua vida, a forma concreta de viver o evangelho”, destacou o religioso durante a celebração.
A cerimônia foi marcada por cantos animados e orações a Santa Dulce, com um momento dedicado a Nossa Senhora de Aparecida e ao Dia das Crianças, que contou com a entrada de uma imagem em tamanho real de Irmã Dulce. O ato litúrgico foi finalizado com a Relíquia de Santa Dulce e o andor, que foram levados ao altar e, em seguida, guiaram a procissão. Um dos momentos mais marcantes da cerimônia foi a comunhão, que, contrastando com o clima alegre e descontraído, trouxe profunda concentração e emoção. Dezenas de fiéis, ao receberem a hóstia, não retornavam aos seus assentos, mas marchavam em direção ao altar, onde se ajoelhavam em prece diante da imagem de Santa Dulce. Olhos marejados, expressões de gratidão e preces eram visíveis.
De longe, observei Cássia Passos Pereira, de 59 anos, em oração. Mais cedo, ela havia compartilhado como foi agraciada por Dulce há 27 anos: “Eu estava hospitalizada para uma cirurgia no joelho e peguei uma infecção hospitalar. Minha cunhada me contou que, enquanto eu estava na UTI, em coma, ela levou uma pequena imagem de Irmã Dulce e colocou ao lado da minha cama. Naquele momento, abri os olhos, saí do coma e, graças a Deus, estou aqui hoje para contar essa história.”
Após a missa, os fiéis se reuniram em frente ao santuário para a procissão pelo Caminho da Fé até a Basílica do Senhor do Bonfim. Rezando o terço, o grupo seguiu pelas ruas onde estão localizadas as obras sociais da freira, renovando a fé em Santa Dulce e celebrando a importância de sua canonização, que expandiu o legado da santa. “Há cinco anos, Santa Dulce foi reconhecida como santa pela Igreja no mundo inteiro. Nós, que somos seus devotos mais próximos, celebramos com alegria esta data, pedindo que ela continue intercedendo por nós e que seu legado permaneça vivo entre o seu povo. Desde a canonização, a devoção a ela cresceu muito, especialmente no Brasil e, sobretudo, em Salvador, onde tivemos a graça de tocar em Santa Dulce, de conhecê-la muito de perto. Seu legado continua muito próximo de nós”, declarou Frei Ícaro Rocha, reitor do Santuário Santa Dulce dos Pobres.
Já ao anoitecer, a festividade foi encerrada com o hino ao Senhor do Bonfim e o hino de Santa Dulce, com a entrada da imagem da Santa dos Pobres na Basílica da Colina Sagrada.