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Maysa Polcri
Publicado em 6 de novembro de 2024 às 09:31
O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs), do Ministério da Saúde (MS), emitiu um alerta nacional após a identificação de um caso de raiva humana. O paciente é um homem de 50 anos, morador de Alvorada (TO), que foi mordido por um cachorro desconhecido. A notificação foi feita no dia 31 de outubro. A pasta recomenda que os Núcleos Hospitalares de Epidemiologia estejam atentos à detecção de casos e sintomas.
O homem identificado com raiva humana apresentou sintomas como alterações neurológicas, dor ao engolir alimentos, produção excessiva de saliva e coriza. No dia 24 de outubro, ele foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Gurupi. Não há informações atualizadas sobre o estado de saúde dele.
No documento enviado pelo Ministério da Saúde, é indicado que os Núcleos Hospitalares de Epidemiologia orientem suas equipes na realização de busca ativa e sensibilização dos profissionais de saúde quanto à detecção de casos, coleta de exames laboratoriais e uso adequado de soro antirrábico humano na profilaxia pós-exposição da raiva.
Os casos devem ser notificados nos sistemas de informação em saúde, atualizando e qualificando as informações. Além do caso do paciente em Tocantins, um registro de raiva humana foi realizado no Piauí neste ano. Em 2023, o Ministério da Saúde registrou um caso em Minas Gerais, causado por um bovino, e outro no Ceará, por um primata não-humano.
Pessoas que forem mordidas por animais desconhecidos devem procurar atendimento médico imediata, indica o veterinário Fernando Oliveira. "A maior preocupação é se o vírus chegar ao cérebro dos humanos porque a letalidade é muito grande. Quem for agredido por um animal que não tem carteira de vacina comprovada, deve procurar imediatamente os postos de saúde", diz.
A Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) foi procurada para comentar as ações preventivas, mas não respondeu até esta publicação. O alerta de evento nacional do Ministério da Saúde é direcionado para a Rede Nacional dos Centros de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Rede CIEVS) e para os Núcleos Hospitalares de Epidemiologia sobre potenciais emergências em saúde pública.
A raiva é uma doença infecciosa viral aguda grave, que acomete mamíferos, inclusive o homem, e caracteriza-se como uma encefalite progressiva e aguda. A taxa de letalidade é de aproximadamente 100%. A doença é causada pelo vírus do gênero Lyssavirus, da família Rabhdoviridae. A vacina antirrábica é a principal forma de combater a raiva.
A raiva é transmitida ao homem pela saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordedura, podendo ser transmitida também pela arranhadura e/ou lambedura desses animais. O período de incubação é variável entre as espécies, com uma média de 45 dias no ser humano, podendo ser mais curto em crianças.
Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre de 2 a 5 dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e persiste durante toda a evolução da doença (período de transmissibilidade). A morte do animal acontece, em média, entre 5 e 7 dias após a apresentação dos sintomas.
A vacina antirrábica é obrigatória para cães e gatos. Cachorros devem receber a primeira dose aos 6 meses de idade, ou de acordo com a recomendação do médico veterinário responsável.
Em gatos, a administração deve ser feita uma semana após a terceira dose da vacina quíntupla. O reforço deve ser feito anualmente. A vacina está disponível, em horário comercial, em 100 unidades de saúde distribuídas de Salvador (veja aqui).
O médico veterinário Fernando Oliveira ressalta que o diagnóstico da raiva em animais é feito a partir da coleta de células cerebrais. Por isso, em casos suspeitos, os bichos precisam ser sacrificados. "Para animais que tenham acesso às ruas, é imprescindível que a carteira de vacinação esteja atualizada com a vacina contra a raiva", pontua.
Para humanos, a vacina (inativada) é indicada para a prevenção da raiva em crianças e adultos. O imunizante pode ser administrado antes e após a exposição, como vacinação primária ou como dose de reforço.