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Maysa Polcri
Publicado em 19 de janeiro de 2024 às 07:00
A enfermeira Maria Angélica de Carvalho Sobrinho, 56, não esquece a sensação de sair de casa sem saber se voltaria. Durante os momentos mais duros da pandemia, a profissional trabalhou na linha de frente da covid-19, em um hospital que virou referência no tratamento da doença. Maria Angélica andou de ambulância com pacientes, fez rondas em unidades de saúde e providenciou leitos de unidade de terapia intensiva (UTI). Viu de perto pacientes colegas morrerem. A situação só começou a melhorar em 19 de janeiro de 2021.
Há exatos três anos, Maria Angélica foi convidada para participar da cerimônia em que as primeiras doses da vacina contra a covid-19 seriam aplicadas na Bahia. Como enfermeira responsável pelo Núcleo Interno de Regulação do Hospital Couto Maia, ela achou que aplicaria o imunizante. “Eu já estava emocionada de fazer parte daquele momento”, relembra.
A enfermeira foi surpreendida quando já estava no santuário das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), em Salvador. “Disseram que eu seria a primeira a ser vacinada e foi uma mistura de emoções incríveis. Eu lembrei de todos os colegas que desencarnaram e nas pessoas que teriam mais chances de viver com a vacina. Foi uma conexão direta com Deus”, conta. Maria Angélica tinha acesso aos relatórios de casos graves e lembra do desespero quando não conseguia leito para pacientes.
A vacina foi a luz no fim do túnel, em uma época que a Bahia registrava mais de 100 mortes por dia em decorrência da covid. Com o imunizante disponível, os casos graves reduziram. Não foi só o Brasil que mudou. Dentro de Maria Angélica, os sentimentos nunca mais foram os mesmos.
Maria Angélica de Carvalho
EnfermeiraMaria Angélica ainda teve covid-19 duas semanas após a aplicação da primeira dose. A enfermeira ficou sete dias internada e precisou de auxílio de oxigênio, mas, felizmente, não desenvolveu sequelas. Até hoje ela mantém o calendário vacinal atualizado. Na Bahia, mais de seis milhões de pessoas não tomaram pelo menos uma das cinco doses disponíveis.
Para essas pessoas, Maria Angélica manda um recado: “Quando temos a doença ou tomamos a vacina, a imunidade não é para sempre. Quem não completa a vacinação corre risco e ainda expõem outras pessoas”.