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Mergulhador permanece desaparecido após terceiro dia de buscas

O mergulhador desapareceu enquanto prestava serviços na Baía de Todos-os-Santos

  • Foto do(a) author(a) Vitor Rocha
  • Vitor Rocha

Publicado em 18 de dezembro de 2024 às 19:50

Williams da Silva Teixeira, 54 anos
Williams da Silva Teixeira, 54 anos Crédito: Reprodução

O terceiro dia de buscas pelo mergulhador Williams da Silva Teixeira, de 54 anos, terminou sem sucesso. Nesta quarta-feira (18), as operações na Baía de Todos-os-Santos foram realizadas de forma conjunta pela Capitania dos Portos da Bahia, o Corpo de Bombeiros e o Consórcio de Sondagem. A procura pelo profissional continua nesta quinta-feira (19) e não tem previsão para terminar.

O mergulhador desapareceu na segunda-feira (16) enquanto prestava serviços para uma empresa terceirizada da concessionária da Ponte Salvador-Itaparica, na Baía de Todos-os-Santos. Hoje, o 13º Batalhão de Bombeiros Militar mobilizou 14 agentes, sendo sete mergulhadores e sete profissionais náuticos. As equipes realizaram varreduras, incluindo a região da Ilha de Itaparica, utilizando moto aquática e barco. Já o Consórcio de Sondagem, responsável pela contratação da empresa de mergulho, disponibilizou quatro embarcações para a operação.

De acordo com a Concessionária Ponte Salvador-Itaparica, desde o registro do ocorrido, a entidade “não está medindo esforços para garantir que seja prestado todo apoio aos familiares”. Em nota, a concessionária afirmou que uma assistente social e um psicólogo, disponibilizados pela empresa de mergulho contratada pelo Consórcio de Sondagem, estão prestando suporte aos familiares.

Relembre o caso

Com 40 anos de profissão, Williams desapareceu enquanto realizava sondagem e inspeção de âncora de duas balsas na Baía de Todos-os-Santos junto com outros três mergulhadores. Ele mergulhou para substituir uma das boias de sinalização da ancoragem da balsa. Depois foi verificado que o cilindro de oxigênio dele subiu até a superfície do mar. Os companheiros desceram antes da vítima, mas só chegaram a 15 metros de profundidade e voltaram por conta da maré.

Segundo uma fonte ouvida pela reportagem, cuja identidade foi preservada, a correnteza estava forte, mas o dono da empresa terceirizada da concessionária Ponte Salvador-Itaparica teria pressionado os mergulhadores a fazerem o serviço.

“Na hora que os três voltaram, o dono começou a falar que ele mesmo ia ter que descer. Os mergulhadores falaram que só às 16h, mas ele [Williams] queria mostrar serviço para outras oportunidades e disse que ia tentar, mas não voltou mais. Ele fez porque houve pressão para realizarem o serviço”, completou.

Willians ainda teria descido sem os equipamentos adequados quando sumiu. O CORREIO obteve informações de que, ao fazer um mergulho de cerca de 40 metros de profundidade, ele estava sem os sistemas de ar necessários para mergulhos tão fundos.

Os familiares contaram que, pela grande experiência, Williams conseguia fazer mergulhos de até 30 metros no peito, sem equipamentos de ar. Os mergulhadores com quem ele estava o consideram um excelente profissional, mas que teria desaparecido pelas condições adversas a que foi exposto.

A Capitania dos Portos da Bahia (CPBA) informou a realização de um inquérito sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN) para apurar as causas e circunstâncias do acidente.

Motivação especial

O trabalhador tinha um motivo especial para o mergulho: pagar o curso de enfermagem da filha. “Ele foi domingo lá em casa e pediu para eu cortar o cabelo dele, porque tinha um trabalho que ia dar um bom dinheiro. Falou ainda que o valor ia ser para pagar meu curso de enfermagem. Estava todo alegre falando disso, mas não disse nada sobre mergulhar”, relatou Laís Teixeira, 31, a filha cujo curso Williams queria pagar.

Ex-companheira, mãe de Laís e dos outros dois filhos do profissional, Luzimara Teixeira, 51, disse que o mergulhador não comunicou a família para que ninguém tentasse fazer com que ele não fosse. “Ele tem 40 anos de profissão, muito tempo de mergulho, mas já tem 54 e a gente se preocupava. Para esse trabalho, ele nem avisou a gente. Só disse para ela que ia ganhar muito dinheiro para pagar o curso de enfermagem e mais nada”, contou.

A família só foi comunicada do desaparecimento de Williams oito horas depois do desaparecimento, já às 22h de segunda-feira (16). Os parentes se queixaram, no entanto, da empresa não ter revelado nem o nome para eles.

“Foram vários representantes lá avisar a gente, mas ninguém disse que empresa era. Como é que eles contratam alguém para mergulho, a pessoa desaparece no momento que está trabalhando e eles só comunicam isso para gente e mais nada? Não explicaram como foi, quem eram e nem se estavam fazendo algo para poder ajudar nas buscas por Williams”, reclamou Luzimara.

A concessionária Ponte Salvador-Itaparica foi questionada pela reportagem sobre qual empresa seria a terceirizada responsável pela contratação de Williams. No entanto, o nome da terceirizada não foi informado pela assessoria, que explicou apenas que o consórcio para construção da ponte é formado pelas empresas CHEC Dredging e Concremat.