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Wendel de Novais
Publicado em 1 de setembro de 2023 às 13:18
Das 23h até às 23h30, só se ouviu tiros nas ruas do Calabar, em Salvador, na noite de quinta-feira (31). Isso porque homens da facção do Comando Vermelho (CV) fizeram um ataque no bairro que tem a atuação do Bonde do Maluco (BDM), grupo criminoso rival. A investida aconteceu com a intenção de tomar o domínio do tráfico de drogas na região e fez das ruas e becos um campo de guerra, de acordo com moradores.
"Foi meia hora de agonia, muito tiro mesmo. Eles chegaram de fuzil para atacar os caras daqui. Quem ouve a gente contar, nem consegue imaginar o susto. Parece metralhadora, os tiros não param um instante. Pode até parecer pouco tempo, mas para quem está escondido se protegendo é uma eternidade", fala um morador, que pede anonimato.
A polícia destacou que rondas foram realizadas, mas, até o momento, nenhum suspeito foi encontrado. Fontes da polícia indicam que agente foram até o Hospital Geral do Estado (HGE) para checar a entrada de pacientes feridos à bala, mas não encontraram. Além de feridos, não houve mortos na ação. Essa não é a primeira vez que homens do CV invadem o Calabar. Em junho, houve outro ataque, gerando uma madrugada de confronto e ao menos três homicídios nas ruas do bairro.
Quinze dias depois, houve um novo ataque no Alto das Pombas, que faz divisa com o Calabar e também tem atuação do BDM. Dessa vez, foi por lá que os homens do CV chegaram. "Vieram pelas ruas de cima, ali na região do Alto das Pombas, depois de passar pelo Cemitério do Campo Santo. Eles chegaram pelas ruas e becos que têm ali para surpreender o outro grupo e entraram em confronto. Ninguém morreu", conta uma fonte da polícia.
Uma moradora que reside na divisa entre o Calabar e o Alto das Pombas conta que não conseguiu dormir por conta do confronto. "Chegaram 23h e pararam meia hora depois, mas continuaram se movimentando. Foi horrível. Além dos tiros, eles gritam muito e xingam de uma forma que deixa a gente aterrorizado. Até agora estou com o corpo tremendo por conta disso", conta ela, sem se identificar.
Ainda de acordo com a moradora, o bairro amanheceu com as paredes das casas cravejadas de bala. "Você sai e vê uma situação terrível. Sou nascida e criada ali, sempre foi um lugar bom de se morar, mas estão acabando com tudo. Ninguém mais tem paz por conta dessa guerra", completa ela.