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Larissa Almeida
Publicado em 10 de novembro de 2024 às 19:42
Ao sair do Colégio Central da Bahia, por volta das 16h deste domingo (10), a técnica de enfermagem Alexsandra Prata, 50 anos, respirou aliviada por ter conseguido realizar, enfim, a meta de fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Com sonho de cursar Nutrição, ela conta que a prova do segundo dia, que teve 45 questões de Matemática e 45 questões de Ciências da Natureza, foi bem mais fácil do que a prova do dia 3 de novembro.
“Foi bem mais tranquilo, tanto é que eu saí mais cedo e mais tranquila. Na semana passada, os textos foram longos demais, foi bem cansativo e eu saí desanimada. Hoje, estou com esperança”, ressalta.
Quando os portões do colégio foram abertos para a saída, cerca de 25 candidatos cruzaram os limites do local de imediato. O motivo da pressa variava. Enquanto alguns pareciam convictos do que haviam feito na sala de prova, outros não esconderam a vontade de escapar logo da frustração. Esse foi o caso da técnica de segurança do trabalho Monique Neres, 29 anos, que teve dificuldade com Matemática.
“A prova de hoje foi pior do que a do primeiro dia. Foi chata, muita coisa eu chutei. Matemática tinha muito texto e foi muito difícil para mim, que não fazia Enem há mais de cinco anos. Hoje, não estou esperançosa. Estou contando apenas com Redação”, diz.
A jovem Rebeca Costa, 18 anos, por sua vez, acredita que o melhor desempenho que teve foi em Matemática, já que considerou as outras disciplinas como ‘impossíveis’, sobretudo Química. “Hoje foi terrível, porque muitos assuntos eu não tinha estudado na escola em que estudo e acabou sendo algo tenebroso. Chega me arrepia em falar. Das questões que eu estudei, caiu média, mediana e moda, que são o básico de Matemática”, conta.
Diante da dificuldade com a prova deste domingo, Rebeca já descarta a possibilidade de ingressar em Pedagogia em 2025. “Não estou confiante, então acredito que vou ter que tentar novamente no ano que vem. Dessa vez, vou fazer cursinho, porque somente com o que aprendo na escola pública não dá”, completa.
Para Maria Laura Lima, 18, a prova de Química foi a que mais pesou. “Estava bem complexa, caiu muitas questões de Química Orgânica, que é um assunto que não suporto. Por enquanto, não estou acreditando que vou conseguir uma boa nota para passar no curso que eu quero, que é Publicidade e Propaganda, mas vamos ver. Quem sabe?”, indagou.
As provas de Matemática e Ciências da Natureza, de modo geral, foram apontadas como adequadas na quantidade de texto e no espaço deixado para os candidatos fazerem cálculos. De acordo com Joyce de Sousa, especialista em avaliações da SAS Educação – uma plataforma de educação que desenvolve conteúdo, tecnologia e serviços para mais de 1.200 escolas em todo o Brasil –, a prova pode ser considerada de nível fácil a médio.
“Havia muitos recursos visuais, o que facilitava a leitura e a tornava mais rápida. No geral, não identifiquei muitas questões difíceis, [...] com uma boa gestão do tempo, o aluno pôde resolver a prova com tranquilidade”, destaca.
Segundo Joyce, aprova de Matemática teve o nível de dificuldade semelhante ao do ano passado, o que a tornou relativamente mais fácil para os alunos que estudaram com base nas provas anteriores. “Embora algumas questões tenham sido desafiadoras, o tempo para resolvê-las foi compensado por outras muito mais simples, que o aluno resolvia em menos de três minutos”, aponta.
“Por exemplo, houve uma questão em que o aluno apenas precisava transformar uma porcentagem apresentada no enunciado em número decimal, algo rápido. Também havia questões em que bastava estimar resultados observando gráficos, ou seja, perguntas que exigiam apenas uma análise rápida e direta”, acrescenta.
Segundo Idelfranio Moreira, gerente executivo de Ensino e Inovações Educacionais do SAS Educação e especialista em Física, chamou atenção na prova de Física a quantidade de questões de Termologia. “Foram quatro ao todo, algo incomum segundo as estatísticas e análises históricas. Para comparação, houve uma questão de Óptica, três de Eletricidade e quatro de Mecânica. Assim, o número de questões de Termologia se igualou ao de Mecânica e foi superior ao de Ondulatória, algo inesperado em termos de distribuição de temas”, analisa.
A prova de Física foi considerada com nível médio de dificuldade. O mesmo foi aplicado à Química, que também contou com questões fáceis, conforme afirma João Eduardo Pinhata, gerente de avaliações do SAS Educação. “A prova trouxe algumas questões de Estequiometria, ou seja, apareceram cálculos, mas não em grande quantidade. Também houve um pouco de Química Orgânica, com perguntas para reconhecer funções orgânicas, o que segue a tendência do Enem”, pontua.
Quanto a Biologia, o nível da prova foi classificado de médio a fácil. As questões trouxeram assuntos como ecologia, fisiologia animal, genética e vacinação, com textos de apoio que continham dicas para a resolução. Para Jordanna Almeida, professora de Biologia, foi uma prova bem elaborada.
“O ciclo do nitrogênio e do carbono, temas recorrentes do Enem, também apareceram, assim como uma questão sobre o vírus da Aids, que permitiu deduções baseadas em conhecimentos prévios. Em relação às Olimpíadas, caiu uma questão sobre tecido muscular, discutindo os tipos de fibras musculares, o que foi muito interessante”, finaliza.