Mano Brown recebe título de Doutor Honoris Causa na UFSB

Cerimônia de entrega aconteceu nesta quarta-feira (1º), em Itabuna

A Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) realizou, na noite desta quarta-feira (1º), a solenidade de entrega do título de Doutor Honoris Causa a Pedro Paulo Soares Pereira, o Mano Brown.

A cerimônia aconteceu no Teatro Municipal Candinha Dórea, no campus da universidade em Itabuna. Entre os presentes, estavam a reitora, Joana Angélica Guimarães, o decano do Instituto de Humanidades e relator da proposta no Conselho Universitário, Francisco de Assis, e a Coordenadora de Culturas Populares e Culturas Comunitárias, Ize Duque Magno.

A entrega do título foi parte da celebração pelos dez anos da UFSB, unida à comemoração dos 50 anos do hip hop, estilo do qual os Racionais, grupo de Mano Brown, foi um dos precursores no Brasil. O evento contou com performances artísticas de estudantes da universidade e artistas locais.

Após receber a homenagem, Mano Brown relatou ser simbólico que a honra tenha acontecido na Bahia. “A minha mãe saiu do interior da Bahia, e ela saiu daqui humilhada, se sentindo a pior de todas. Foi para São Paulo, chegou lá com 15 anos, e a vida nunca foi fácil. Eu queria que a minha mãe estivesse viva para ver isso agora”, disse.

O rapper adicionou um agradecimento ao estado pelo reconhecimento. “Tinha que ser na Bahia mesmo, que é o lado étnico que eu mais ostento. Eu tenho muito orgulho de cantar e falar o tempo todo que eu sou afro-baiano”.

Entre os principais agradecimentos estiveram também os seus colegas de grupo, Edi Rock, KL Jay e Ice Blue, a quem se referiu como sua família. “Eu tenho que dizer que eu tenho o melhor grupo que eu podia ter. Eu sempre fui um cara solo, filho único, sozinho na vida, e encontrei neles irmãos. A maior herança que o Racionais tem é se amar”, afirmou.

Para a reitora da universidade, o título reconhece o impacto de Mano Brown para a autoestima da juventude, sobretudo a marginalizada. “Ao darmos a Mano Brown o título de doutor Honoris Causa, estamos reconhecendo a importância que o seu trabalho, seu pensamento e sua produção artística têm na interlocução com a população jovem, em especial aquelas pessoas que nunca tiveram voz na nossa sociedade: populações de jovens periféricos que encontram em sua música uma forma de se expressar e de se sentirem representados na densidade de sua poesia”, disse.

Francisco de Assis, responsável pelo texto de proposta do título, disse nunca ter imaginado presenciar um momento como esse. “Foi uma emoção muito grande participar desse processo. Eu creio que todo mundo ocupa um lugar na história, escreve a sua história, e é uma honra estar aqui fazendo parte dessa parte da história”, contou.

Jorge Raimundo dos Santos, representante dos servidores terceirizados da universidade, acompanha Mano Brown desde os anos 90. Na cerimônia, contou que a música fez com que ele passasse a enxergar novas possibilidades de futuro, a existência de pessoas que se preocupam com a população marginalizada pela sociedade.

“O Mano Brown sempre será meu herói. E esse título eu quero que você enxergue como uma mensagem. Essa mensagem diz que você não está sozinho, que você vai estar sempre dentro dessa universidade, porque tem que nascer outros Mano Brown. Porque nossa vida aqui é curta”, declarou.

Após a entrega do título, Mano Brown apresentou a música ‘Vida Loka (parte 2)’.