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Manifestantes protestam em shopping de Salvador pelo fim da escala 6x1

Protesto foi convocado pelo movimento nacional Vida Além do Trabalho (VAT) e aconteceu também em outras cidades

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 15 de novembro de 2024 às 18:11

Protesto aconteceu dentro de shopping
Protesto aconteceu dentro de shopping Crédito: Larissa Almeida/CORREIO

O ato pelo fim da escala 6x1, previsto para acontecer na tarde desta sexta-feira (15), surpreendeu os trabalhadores e aqueles que escolheram o Shopping da Bahia para passear. Por volta das 16h40, um grupo composto por pelo menos 100 pessoas, que estava concentrado em frente ao shopping, adentrou o prédio com o intuito de mobilizar quem trabalhava no feriado da Proclamação da República.

Quando viu a multidão caminhando rumo à praça de alimentação, no piso térreo do centro comercial, a funcionária Sheila, 40 anos, saiu da loja em que trabalha para entender o que estava acontecendo. “Foi uma surpresa para mim, mas uma surpresa feliz porque eu acho que essa PEC deu voz para a gente, que é de uma classe maior, mas que não tem vez”, disse, sendo interrompida pelas próprias lágrimas.

Ao se recompor, a funcionária explicou o motivo de estar tão emocionada. "É uma luta muito grande. Às vezes, não temos nem direito a uma folga quando adoecemos ou quando a família precisa de nós. Às vezes, levamos suspensão quando não trazemos um atestado, que várias vezes nos é negado por um médico, que não reconhece nossa exaustão. Dessa forma, nossa saúde e o tempo da nossa vida social e familiar são gastos com o trabalho. Então, quando vemos uma mobilização dessa, nos emocionamos", ressaltou.

A manifestação foi convocada pelo movimento nacional Vida Além do Trabalho (VAT), que propõe, além do fim da escala que estabelece que o trabalhador pode trabalhar seis dias da semana e folgar em um dia, a escala 4x3 – trabalho em quatro dias da semana e três dias de folga – e a redução da jornada para 30 horas semanais. Além do VAT, marcaram presença representantes e militantes de diversos partidos políticos de esquerda.

Fernando Pereira, coordenador do VAT na Bahia, destacou a relevância do protesto. “Esse ato é importante para que os trabalhadores tomem consciência de que, sim, é possível o fim da jornada 6x1, haja vista que foi através da pressão popular que conseguimos as assinaturas no Projeto de Emenda Constitucional (PEC) proposta pela deputada federal Erika Hilton (Psol-SP), tanto nas redes quanto nas ruas. É dialogando olho no olho com a classe trabalhadora que nós vamos conseguir que o Congresso aprove a PEC e faça com que os trabalhadores tenham vida além do trabalho”, afirmou.

O tema ganhou repercussão justamente por conta da proposta de emenda à Constituição Federal (PEC), de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSol-SP), que propõe jornada de trabalho de, no máximo, 36 horas semanais e quatro dias de trabalho por semana no Brasil. A proposta já tem o número mínimo de assinaturas para tramitar na Câmara dos Deputados. Para avançar agora, a PEC precisa ser pautada nas comissões e no Plenário, conforme decisão dos presidentes das comissões e, especialmente, do presidente da Câmara.

Em Salvador, um dos maiores articuladores pelo fim da escala 6x1 é Victor Marinho, que foi candidato à prefeitura de Salvador pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) nas eleições 2024 e é integrante do Coletivo Rebeldia. Ele defende que a redução da jornada ocorra sem redução salarial.

“Falam que vai ser ruim para a economia. Pelo contrário, há vários estudos que mostram que o trabalhador que trabalha em uma escala menor fica mais motivado e é mais produtivo. Fora que, abrindo novos postos de trabalho, mais pessoas vão poder consumir e isso deve movimentar a economia”, ressaltou.

Adesão popular

Um dos primeiros a chegar em frente ao Shopping da Bahia para o ato previsto para começar às 15h, o auxiliar de produção Henrique Cassimiro, 27 anos, levou consigo dois cartazes pedindo pelo fim da escala 6x1. Ele contou que resolveu participar do ato em razão da própria rotina de trabalho.

“Eu começo a trabalhar 10h e finalizo às 19h, mas para estar lá às 10h eu saio de casa 8h30 e só volto às 20h. Isso é de segunda a sábado. Ou seja, eu praticamente só trabalho a semana toda e malmente consigo comprar um remédio na farmácia ou a ração do meu gato. No domingo, não sei se arrumo a casa, se vou ver minha mãe ou se dou atenção ao meu namorado, porque não tenho tempo para nada”, contou.

A jovem Camila Catarino, 25, trabalha como telemarketing na escala 5x2 em uma jornada semanal de 40h. Apesar de ter o final de semana de folga garantido, ela fez questão de participar da mobilização.

“Eu acho que nós temos que lutar pelo que é certo. Quem trabalha no regime 6x1, principalmente no período da tarde até a noite, volta tarde para casa e precisa pegar ônibus em locais que, muitas vezes, são perigosos. Então, hoje eu estou no 5x2, mas amanhã posso estar no 6x1, e não é isso que eu quero para minha vida nem para a vida de outras pessoas, porque é desumano”, pontuou.

Além de Salvador, diversos atos aconteceram em outras cidades do país, incluindo capitais como São Paulo, que teve protesto na Avenida Paulista, e no Rio de Janeiro, com manifestação na Cinelândia. No Distrito Federal, o ato aconteceu na Rodoviária Plano Piloto.

Manifestantes reúnem-se em protesto pelo fim da jornada de trabalho 6x1, na Cinelândia
Manifestantes reúnem-se em protesto pelo fim da jornada de trabalho 6x1, na Cinelândia Crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil