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Mais jovens e informados: quem são e onde moram os compradores de imóveis luxuosos

Negócios são cada vez mais mediados por plataformas digitais

  • Foto do(a) author(a) Maysa Polcri
  • Maysa Polcri

Publicado em 1 de janeiro de 2025 às 03:00

Negócios são cada vez mais mediados por plataformas digitais e tour virtual tem sido uma ferramenta para fechar negócio
Negócios são cada vez mais mediados por plataformas digitais e tour virtual tem sido uma ferramenta para fechar negócio Crédito: SHUTTESTOCK/REPRODUÇÃO

Antes de anunciar uma casa de luxo à venda em Alphaville por R$5,5 milhões, o corretor Anderson Plácido lembrou de um cliente. Decidiu mandar fotos da mansão por um aplicativo de mensagens. O tiro foi certeiro. “Ele disse que não era nem para anunciar porque queria olhar, na hora, e já pagar”, conta. Assim, a casa de milhões - literalmente - foi vendida sem nem ser cadastrada no site da corretora. Episódios recorrentes como esse refletem a realidade do segmento que tem compradores cada vez mais jovens e bem informados. 

Há 12 anos no mercado de imóveis de luxo em Salvador, Anderson Plácido analisa a mudança de perfil da clientela. “Antigamente, o público que tinha acesso a esses imóveis eram empresários e acima dos 60 anos. Agora, temos jovens, influenciadores, artistas, jogadores de futebol. A faixa etária mudou para os 25 a 30 anos”, revela. Os jovens também estão mais atentos aos anúncios nas redes sociais e não perdem tempo quando o assunto é fechar negócio.

A mansão mais cara à venda na Plácido Imóveis, empresa do corretor, custa R$8,9 milhões. O imóvel fica localizado em Alphaville I, próximo a Avenida Paralela. São sete quartos e 10 banheiros dispostos em uma área de 1.100 metros quadrados. Piscina, poço de elevador, área gourmet e estúdio de gravação completam o combo de luxo.

Anderson Plácido, no entanto, já vendeu imóveis ainda mais caros. Uma mansão de R$19,8 milhões rendeu seu contrato mais lucrativo até hoje. A comissão dos corretores costuma ser de 5%, como recomenda o Conselho Regional de Corretores de Imóveis da Bahia (Creci-BA). Nesse caso, a porcentagem do profissional pode ter chegado a R$990 mil.

“Por sermos profissionais liberais, os corretores negociam seus honorários. O Creci-BA estima que os percentuais de honorários sejam de 5% para imóveis urbanos e 10% para imóveis rurais”, explica Nilson Araújo, presidente do conselho. “Apesar de o trabalho dos profissionais ser o mesmo no mercado de luxo ou não, é preciso que os corretores desse segmento tenham uma compatibilidade no seu nível de apresentação e vocabular”, completa.

O número crescente de pessoas que fazem sucesso nas redes sociais furou a bolha do segmento de imóveis luxuosos na capital baiana. É o que avalia Manuella Nabuco, corretora que atua no ramo há 22 anos. Na visão da especialista, as grandes fortunas têm “trocado de mãos” com mais frequência e estão mais espalhadas, inclusive em Salvador.

“Uma grande construtora lançou um empreendimento, em Ondina, com apartamento no valor médio de R$9 milhões, que já está praticamente todo reservado. Cinco anos atrás, quando o Mansão Bahiano de Tênis [na Graça] foi lançado, não tinha público para comprar. Nós precisamos mudar o layout da campanha para trazer mais pessoas interessadas”, contextualiza Manuella Nabuco.

A sensação de que mais pessoas acessam o segmento de luxo não é por acaso. O Brasil foi o país que mais ganhou milionários entre 2021 e 2022, de acordo com o Relatório de Riqueza Global, divulgado pelo banco Credit Suisse, no ano passado.

A pesquisa aponta que houve um acréscimo de 120 mil brasileiros com mais de R$1 milhão em um ano, chegando a 413 mil pessoas. A estimativa é que sejam 788 mil, em 2027. Se a projeção se concretizar, o número de milionários ainda representará apenas 0,3% de toda a população. O recorte é pequeno, mas já trouxe mudanças consideráveis no mercado imobiliário, segundo especialistas. 

“A tecnologia democratizou a aquisição de imóveis de luxo em todo o país. Vemos influenciadores que, muito jovens, estão num patamar muito alto”, reflete a corretora Manuella Nabuco. A influenciadora baiana Sthefane Matos revelou que comprou uma casa luxuosa em Alphaville por R$3 milhões, em 2020. Na época, a influencer tinha 21 anos e publicou um vídeo no YouTube em que mostra a nova casa aos fãs. A gravação, que recebeu o título de ‘Comprei minha mansão!!’, foi vista por quase 3,5 milhões de pessoas.

Ainda assim, a maior parte dos compradores do segmento continua com profissões tradicionais. É o caso de empresários, médicos e advogados. Os bairros mais desejados também permanecem os mesmos.

Além de Alphaville, que concentra boa parte dos famosos soteropolitanos, estão no radar dos milionários: Horto Florestal, Patamares e Barra. O Corredor da Vitória tem as opções mais valiosas. “O preço tem que ser justo. Nossa cidade tem um limitador de preço. Uma casa de R$15 milhões não é facilmente vendida em Alphaville, por exemplo. Com esse preço, só na Vitória”, diz Anderson Plácido.

A escassez justifica os preços elevados, segundo Rodrigo Prado, sócio da Borges Realty Imobiliária. “A Vitória não tem mais para onde crescer, não existem mais terrenos. Futuramente, prédios antigos serão comprados para darem lugar a novos empreendimentos. É o preço da escassez, um lugar único e com uma vista única”, analisa.