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Maysa Polcri
Publicado em 19 de março de 2025 às 06:41
Pesquisadores do Projeto Tamar na Bahia têm se preocupado com o número de ataques registrados a tartarugas marinhas. De janeiro de 2023 para cá, foram mais de 100 ataques a ninhos, filhotes e fêmeas em idade reprodutiva. Cães que circulam nas praias sem supervisão são os predadores.>
A maior parte dos ataques acontece na Região Metropolitana de Salvador. A praia de Arembepe, em Camaçari, é a que mais registra ocorrências. Os cachorros abandonados ou criados soltos na praia predam os filhotes que emergem dos ninhos ou atacam as fêmeas adultas enquanto elas desovam. >
Nathalia Berchieri, coordenadora de pesquisa e conservação do Tamar Bahia, avalia que os ataques são mais um problema para a reprodução das espécies. "Ameaça tanto os ovos quanto as fêmeas adultas que saem do mar para desovar. Filhotes, por exemplo, eles comem quando saem do ninho e estão a caminho do mar", diz. >
O drama se repete em outros estados. Em Sergipe, ao menos oito tartarugas fêmeas foram mortas em ataques de cães neste ano. >
Estimar o número exato de animais mortos é difícil. Quando os cachorros atacam os ninhos, os pesquisadores não sabem exatamente a quantidade de ovos perdidos. Cada ninho contém, em média, 120 ovos. Ao menos 10 tartarugas foram mortas em ataques nos últimos cinco anos, segundo Nathalia Berchieri. >
O ataque de cachorros a tartarugas virou caso de Justiça em Sergipe. Pesquisadores do Projeto Tamar do estado denunciaram as mortes ao Ministério Público Federal (MPF). A cidade de Barra dos Coqueiros é a que mais registra casos. >
Uma ação está em andamento sobre o tema na Justiça do estado, segundo o MPF, que comunicou as novas denúncias. O órgão afirma ainda que irá levar o caso à uma audiência pública em abril. Sergipe é principal área de desova da tartaruga Oliva no Brasil. >
Além dela, outras quatro espécies do animal são encontradas no Brasil: tartaruga-verde, tartaruga-cabeçuda, tartaruga-de-couro e tartaruga-de-pente. Com exceção da primeira, todas as outras visitantes da costa brasileira são consideradas ameaçadas de extinção, em diferentes graus. >
As tartarugas marinhas fêmeas voltam às mesmas praias em que nasceram para colocar seus ovos. A época de desova é regida principalmente pela temperatura, ocorrendo nos períodos mais quentes do ano. No Brasil, acontece entre setembro e março.
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O ataque de cachorros é mais um de uma lista longa de ameaças às espécies, como explica Nathalia Berchieri. "A poluição luminosa ao longo do Litoral Norte desorienta os filhotes e tem sido um problema cada vez mais crítico. Além disso, as atividades pesqueiras continuam sendo uma das principais causas de mortalidade", diz. A poluição do mar é outro obstáculo. >
Sobre os cachorros, a pesquisadora avalia que os tutores mantenham os animais utilizando coleira nas praias. Já os animais abandonados devem ser recolhidos pelas prefeituras e levados aos lugares devidos, como canis municipais. >