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Mãe denuncia escola por proibir filho no espectro autista de levar lanche de casa

Caso aconteceu em escola estadual no interior da Bahia

  • Foto do(a) author(a) Da Redação
  • Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2024 às 13:37

Mãe denuncia diretoria de escola após filho ser proibido de levar lanche
Mãe denuncia diretoria de escola após filho ser proibido de levar lanche Crédito: Reprodução / Redes sociais || Acervo pessoal

A mãe de um estudante de 14 anos no espectro autista denunciou a escola pública onde o filho estuda por proibi-lo de levar lanche de casa. Jandira Oliveira conta que o adolescente, Pedro, está matriculado desde o início do ano em uma unidade de ensino estadual em Feira de Santana, a 130 km de Salvador, mas só na semana passada soube da determinação da direção. 

Na matrícula, a mãe apresentou relatório justificando a condição do estudante e, desde então, ele comia fora do refeitório. Há alguns dia, no entanto, a família foi informada de que não poderia mais dar o lanche caseiro na escola. Segundo especialistas, é comum que pessoas com autismo tenham sensibilidade na alimentação, o que pode afetar a sua capacidade de experimentar e tolerar diferentes alimentos.

"Ele não entra no refeitório porque o cheiro do alimento deixa ele muito incomodado, principalmente de comidas com cheiro forte, como o feijão. Então ele costumava comer embaixo da árvore que tem na escola. Mas na última semana eu percebi que ele estava trazendo o lanche e a água de volta. Questionei, mas ele dizia que nada aconteceu. Só que eu conheço o meu filho", afirma Jandira. Depois disso, a mãe e o pai de Pedro foram até a escola, que teria confirmado a proibição. 

"A gente tentava mostrar os documentos entregues na matricula. Mas ela [diretora] levantava o tom de voz. Disse: 'se não está satisfeita, procure uma escola particular que vai atender seus desejos'", relembra. Revoltada, Jandira publicou um texto nas redes sociais desabafando sobre o caso. A publicação já acumula mais de sete mil curtidas. 

Em nota, a Secretaria da Educação do Estado (SEC) informou que já abriu um processo para apuração e o vice-diretor do Instituto de Educação de Tempo Integral Gestão Guimarães, onde aconteceu o caso, assumirá a gestão da unidade escolar temporariamente. A reportagem não localizou o contato da diretora, uma vez que sua identidade não foi divulgada. 

Jandira apresentou a ocorrência ao Conselho Tutelar e ao Núcleo Territorial de Educação. A previsão é que o aluno retorne ao colégio na próxima segunda-feira (26). Nesta semana, Pedro não foi ao instituto devido à briga institucional. Na esteira disso, os pais intensificaram o acompanhamento terapêutico dele. 

"Ele prefere não falar no assunto, por mais que a gente converse com ele. Mas eu explico que um dia não vou estar aqui para lutar por ele. Esse mundo é cruel. A gente se preocupa como vai ser esse acolhimento [no colégio], mas ele precisa ir, o lugar nele é na escola", diz a mãe, emocionada. 

A Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista prevê como diretriz a atenção integral às necessidades de saúde da pessoa com transtorno do espectro autista, objetivando o diagnóstico precoce, o atendimento multiprofissional e o acesso a medicamentos e nutrientes. Assim como o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral às suas necessidades.