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Da Redação
Publicado em 24 de julho de 2024 às 22:24
O Terreiro de Jarê Peji da Pedra Branca, localizado no Parque Nacional da Chapada Diamantina (Parna), é alvo de polêmica após lideranças locais e religiosas denunciarem que, no último domingo (21), o local ficou totalmente destruído por ações de agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). >
Segundo a nota em que consta a denúncia, houve ainda a destruição de dez imóveis da comunidade do Curupati, em ação que “foi realizada sem diálogo com os moradores, nem notificações prévias, nem negociação com autoridades municipais”, diz o texto. Liderança religiosa do Jarê, Gilberto Tito de Araújo, conhecido como Damaré, relatou que recebeu a notícia de moradores da região e, ao chegar no local, encontrou a porteira quebrada. >
A comunidade afirma que a ação feita pelo ICMBio foi um desrespeito que teve cunho racista, visto que, no mesmo terreno, havia uma construção, que serve de moradia, que permaneceu intacta. Ainda, destacaram que o local pertencia à família de Damaré há 45 anos, ou seja, é anterior ao Parna. >
“Esta ação não só desconsiderou a história e os direitos da família de Damaré, mas também demonstrou um desrespeito flagrante pelas tradições e a religiosidade de uma comunidade que há décadas contribui para a diversidade cultural e espiritual do Brasil. A destruição do terreiro representa uma perda irreparável para a comunidade de Lençóis e para a cultura brasileira como um todo. Além da destruição de aproximadamente 15 casas em uma região que reside mais de 35 famílias”, diz trecho do texto. >
A prefeitura da cidade pediu uma reunião com o responsável pelo parque e garantiu que o município não recebeu notificação sobre a ação. Também, ressaltou que irá exigir uma investigação rigorosa e a responsabilização dos agentes envolvidos. >
A gestão do Parque Nacional da Chapada Diamantina disse que as ações de fiscalização tiveram o objetivo de coibir irregularidades ambientais dentro da unidade de conservação e que não tinha conhecimento sobre o Terreiro de Jarê Peji da Pedra Branca. “O que foi apontado posteriormente como um terreiro que teria sido demolido na ação de fiscalização foi um imóvel recém-construído e sem ocupantes, que externamente não diferia de outros imóveis do local”, disse em nota. >
“O ICMBio reconhece os direitos das comunidades tradicionais residentes no interior do Parque Nacional. Havendo a intenção de construção de novas residências ou imóveis com finalidades religiosas pelas comunidades tradicionais no Parque Nacional elas podem ser autorizadas pelo ICMBio, como já ocorreu em outras ocasiões”, acrescentou. >
Quanto aos imóveis da comunidade do Curupati, o órgão federal afirmou que, através de imagens de satélite, foram identificadas oito novas construções a partir do ano de 2020. No local, a equipe de fiscalização identificou que havia 16 construções em andamento ou recém-construídas. >
“Nos casos em que havia pessoas residindo nas novas construções os responsáveis foram autuados e não ocorreu qualquer ação no sentido de remover os imóveis. Nos casos de imóveis em fase de construção ou finalizados sem ocupação e que foram construídos sem a autorização do ICMBio estes foram demolidos, o que é previsto na legislação ambiental”, finalizou.>