Leitores relatam insegurança no transporte marítimo em Madre de Deus

Acidente na noite de domingo (21) deixou seis mortos

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  • Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2024 às 09:26

Bombeiros fazem buscas em Madre de Deus
Bombeiros fazem buscas em Madre de Deus Crédito: Divulgação/Corpo de Bombeiros

Infelizmente, o final de semana foi marcado por mais uma tragédia no mar da Bahia. Na noite deste domingo (21), seis pessoas morreram após uma embarcação virar em Madre de Deus, na Região Metropolitana de Salvador. A embarcação fazia o trajeto entre a Ilha de Maria da Guarda e o píer de Madre quando naufragou.

Ainda não há informações sobre o que causou o acidente, nem o número exato de pessoas que estava no barco. No entanto, leitores do jornal Correio relatam uma série de situações de risco e insegurança no transporte marítimo na região.

"Tragédia anunciada", comentou um leitor no Instagram. "Ilegalidade, descontrole, ganância. Morte", disse uma outra. "Aquele passeio com emoção que fizemos", comentou outra leitora marcando um contato na postagem.

Segundo informações da Prefeitura de Madre de Deus, entre os mortos há três mulheres, um homem e uma criança. Em nota divulgada na madrugada desta segunda-feira (22), a prefeitura lamentou o acidente e disse que o Hospital Municipal está prestando atendimento às vítimas.

Insegurança em outras rotas

A falta de segurança e a ilegalidade não são exclusividade das embarcações que navegam com destino ao pier de Madre de Deus. Em 29 de dezembro do ano passado, uma colisão entre duas lanchas acabou com duas pessoas mortas e outras feridas em Boipeba, distrito de Cairu. As embarcações colidiram no Rio do Inferno.

O comandante da embarcação de passeio envolvida na batida, segundo a Polícia Civil, apresentava sinais de embriaguez e foi preso.

Conforme matéria divulgada pelo Correio no começo deste ano, segundo condutores que trabalham legalmente, empresários, turistas e nativos os principais desafios enfrentados são a falta de formação de alguns condutores, superlotação das embarcações, condição dos barcos e uso do álcool durante o trabalho.

"O conjunto da obra em todo lugar é sempre o mesmo", afirmou um condutor de embarcações de Valença, cidade de onde também saem embarcações de passeio. Ele disse que barcos guiados por pessoas sem habilitação correta são uma realidade, seja pelos próprios proprietários ou contratados por empresas e associações.

Com a chegada do verão, eleva a procura por passeios marítimos. Por isso, a Capitania dos Portos intensifica as fiscalizações. Em dezembro passado, 22 condutores foram abordados sem a habilitação - 11 deles entre Morro de São Paulo, Boipeba e região. Ao longo de todo o ano passado, foram 18,9 mil abordagens, que geraram 907 notificações e 153 apreensões.

No verão também cresce o fluxo de pessoas que burlam a lei e vendem passeios em busca de renda extra. Em janeiro de 2021, outra colisão entre duas lanchas, em Boipeba, matou uma criança de 12 anos. Uma das embarcações estava legalizada. A outra, não.

Cavalo Marinho

No dia 24 de agosto de 2017, em Mar Grande, a embarcação Cavalo Marinho I naufragou causando a maior tragédia marítima da história da Bahia. Foram 19 mortes e quase uma centena de feridos.

Todos os moradores da localidade, invariavelmente, tinham ou têm alguma relação com as vítimas. Senão sobreviventes, parentes, vizinhos, amigos, ex-colegas de escola, de trabalho, conhecidos de vista.