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Justiça mantém prisão de ex-presidente de associação acusado de traficar maconha líquida

Ele usaria licença para negociar substância para uso médico para vender a droga de maneira recreativa

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Carol Neves

  • Wendel de Novais

Publicado em 14 de março de 2025 às 14:03

Vitor Lobo
Vitor Lobo Crédito: Marcelo Machado (Photo SSA)

A Justiça decidiu manter a prisão temporária de Vitor Lobo, ex-presidente da Associação de Apoio ao Tratamento com Canabinoides (AATAMED), após audiência de custódia realizada nessa semana. Lobo é acusado de liderar um esquema de venda clandestina de maconha líquida para uso recreativo em cigarros eletrônicos. Ele ficará preso por 30 dias, à disposição da Justiça, até possível revogação da medida.

A prisão ocorreu durante uma operação do Departamento de Narcóticos (Denarc) na segunda-feira (10), que cumpriu 24 mandados de busca e apreensão e prendeu dois suspeitos, incluindo Lobo, em São Paulo. A operação também teve desdobramentos no Paraná. Segundo o delegado Guilherme Machado, a investigação, iniciada em outubro de 2022, revelou a comercialização de cannabis líquida com altos níveis de tetrahidrocanabinol (THC), substância proibida para fins recreativos.

A empresa de Lobo possuía autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para fornecer cannabis líquida a pacientes com indicação médica. No entanto, a investigação aponta que essa autorização foi usada para vender produtos recreativos, configurando tráfico de drogas. Durante a operação, foram apreendidos potes, refis, canetas de maconha líquida, drogas em natura e munições.

A operação marcou a primeira apreensão de maconha líquida com características de uso em cigarros eletrônicos no estado. A polícia também investiga possíveis conexões de Lobo com outros envolvidos, incluindo um médico infectologista, mas detalhes sobre esses vínculos ainda não foram divulgados.

Perícias e análises dos materiais apreendidos estão em andamento para aprofundar as investigações e identificar a extensão da atividade criminosa. A operação continua, com o objetivo de desarticular completamente a organização.

Esquema

Uma fonte policial afirma que Vitor tentava mascarar as ações criminosas. “Ele fez e faz parte de grupos que defendem o uso da cannabis, a maconha, para uso medicinal em Salvador. Então, ele se valia disso para agir de maneira criminosa com a venda dessa maconha liquida”, afirma o policial, que terá o nome e função preservados.

A reportagem confirmou que Vitor Lobo chegou a ser presidente da Associação de Apoio ao Tratamento com Canabinoides (AATAMED). Pela associação, o acusado chegou a integrar a participar da comissão para elaborar as instruções técnicas referentes à Lei 9.663/2023, que autoriza a distribuição de cannabis medicinal no Sistema Único de Saúde (SUS), em Salvador. O CORREIO não conseguiu localizar a defesa de Vitor.

Fontes ligadas a causa do uso da cannabis medicinal confirmaram a prisão e lamentaram o que enxergam como ‘ações que queimam a imagem de associações que tentam salvar vidas’. De acordo com a Polícia Civil, diligências estão em andamento em bairros de Salvador para cumprimento de 27 mandados de busca e apreensão e um homem suspeito foi preso em São Paulo.