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Justiça mantém prisão de acusado de dar golpes em homens que conhecia em aplicativos

Caíque foi preso por roubo majorado, mas tem outras denúncias contra si

  • D
  • Da Redação

Publicado em 7 de setembro de 2023 às 07:20

Caique foi preso em Itapuã
Caique foi preso em Itapuã Crédito: Divulgação

A Justiça manteve a prisão de Caique de Castro Santos, em audiência de custódia realizada na quarta-feira (6) pela 9ª Vara Criminal da Comarca de Salvador. Ele é acusado por roubo majorado.

Na audiência, Caíque chegou a dizer que foi ameaçado pelos policiais para que entregasse armas. Disse ainda que policiais chegaram a ligar para sua esposa para pressionar. Ele afirmou ainda que os policiais teriam ameaçado dar um golpe no pé dele com uma marreta. Ele não sofreu nenhum ataque físico, passando por exame de corpo delito no Instituto Médico Legal (IML). 

Na audiência, foi decidido que não houve nenhuma irregularidade na prisão, que foi mantida. 

Caíque foi preso em um bar no bairro de Itapuã na noite de terça-feira (5). Ele tinha mandado de prisão preventiva contra si por roubo majorado e ainda é investigado por crimes de extorsão, ameaça e apropriação indébita.

Segundo a Polícia Civil, Caíque vinha sendo denunciado em várias delegacias de Salvador acusado de agir sempre da mesma maneira. Ele conhecia outros homens por meio de um aplicativo e depois marcava encontros com ele. Quando se encontravam, o acusado passava a extorquir a vítima, dizendo ser garoto de programa.

Outros denunciantes dizem que depois dos encontros o suspeito ameaçava voltar até a casa da vítima, afirmando que iria praticar agressões, caso não recebesse valores através de transferências bancárias.

O acusado já foi preso em flagrante em 2021 por roubar um veículo de transporte alternativo. Em 2022, foi conduzido à Central de Flagrantes acusado de desacatar guardas civis municipais. Ele também era investigado por supostamente ter se apoderado de um carro que um amigo lhe havia emprestado.

Golpe

Antônio* foi uma das últimas vítimas do golpe. Ele conheceu Caique através de um aplicativo de encontros para pessoas LGBT+ e os dois marcaram na casa da vítima. O caso aconteceu na semana passada. O suspeito foi educado ao chegar, os dois mantiveram relações sexuais e logo após tomar um banho o golpe começou.

“Ele perguntou se eu iria pagar no PIX ou no dinheiro. Eu disse que não estava entendendo, que em nenhum momento ele disse que era garoto de programa, e ele começou a falar alto, disse que eu teria que pagar R$ 550 ou ele faria um escândalo. Ele disse que sabia onde eu morava e que ia mandar ‘os caras’ me pegar. Fiquei muito assustado”, contou a vítima, um homem de 42 anos.

Antônio não tinha o dinheiro e ligou para amigos na tentativa de conseguir a quantia. Depois de algumas ligações, um colega fez a transferência, mas Caique não ficou satisfeito. “Ele disse que fiz ele perder muito tempo e outros programas, e que teria que fazer o pagamento em dobro. Eu não questionei nada, porque fiquei com medo do que poderia acontecer. Como eu não tinha mais R$ 550 para entregar, ele levou meu celular”, contou.

Esse não foi o primeiro caso de extorsão. Caique é investigado por aplicar o mesmo golpe em outras pessoas nos bairros da Trobogy, Boca do Rio, Armação e outras localidades próximas da Orla. Em todos os casos, ele se apresentou como uma pessoa comum e após a relação disse ser garoto de programa. Para o titular da 9ª Delegacia (Boca do Rio), Carlos Roberto de Freitas Filho, que investiga o caso, ele escolhia vítimas não assumidas sexualmente e que vivem sozinhas para facilitar o crime.

“São pessoas discretas e que ficam com medo de um escândalo. Além disso, por conta do local do encontro, ele sabia onde elas moravam e fazia ameaças. Temos cerca de dez denúncias desse tipo, além dos casos de roubo, receptação e outros crimes, mas sabemos que o número de vítimas é muito maior porque elas sentem vergonha de denunciar”, afirmou.

O delegado explicou que durante a pandemia os casos de extorsão e estelionato aumentaram, orientou que as pessoas escolham marcar o primeiro encontro em locais públicos e monitorados, que evitem levar para casa desconhecidos, cobrou mais ações educativas dos grupos militantes e fez um apelo.

“Isso não tem a ver com orientação sexual. Temos muitos casos de senhoras que foram extorquidas ou sofreram a ação de estelionatários que buscavam esse tipo de vítima. Esses casos aumentaram bastante durante a pandemia. Seja homem, seja mulher é preciso redobrar os cuidados e denunciar. Vou reunir os casos e representar pela prisão preventiva dele, então, quanto mais pessoas denunciarem, melhor”, disse.