Justiça inocenta mulher acusada de matar empresário e pré-candidato a vereador em Valença

Um júri popular, formado por sete pessoas, decidiu pela absolvição da suspeita

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  • Vitor Rocha

Publicado em 25 de setembro de 2024 às 15:59

Rosália Pita foi inocentada das acusações
Rosália Pita foi inocentada das acusações Crédito: Reprodução

A sentença do Júri popular na madrugada desta quarta-feira (25) deu fim a uma história de mais de 12 anos na cidade de Valença, no sul baiano. No Fórum Gonçalo Porto de Souza, a Justiça declarou Rosália Maria Negrão Pita como inocente de matar o empresário e pré-candidato a vereador José Antonio Braga, conhecido como Tony Veículos. O processo foi aberto devido a uma denúncia do Ministério Público da Bahia (MP-BA) em razão da morte do empresário, ocorrida em 2012.

Após mais de 16 horas de julgamento, em sessão presidida pelo juiz Diogo Souza Costa, na 1ª Vara Criminal da Comarca de Valença, o júri popular, formado por sete pessoas, decidiu pela absolvição da suspeita depois de ouvir cinco testemunhas da acusação e duas da defesa. O processo ainda cabe recurso. 

"O sentimento é de Justiça. Rosália nunca cometeu nenhum crime", exclamou Luiz Coutinho, um dos advogados responsáveis pela ré. "Tinha muitas inconsistências na acusação do processo. Por exemplo, os laudos periciais de pólvora deram negativo na mão e no vestido de Rosália. Como uma pessoa atira dentro de outra em um carro sem pólvora?", questionou. O jurista ainda disse que o júri entendeu o caso como um suicídio de José Antonio, uma vez que só haviam duas pessoas no veículo.

A família de Rosália foi procurada para comentar o caso e preferiu não se manifestar.

No processo, Rosália era acusada de matar Tony dentro do carro da vítima com um tiro de revólver calibre 38 no tórax, que atingiu o coração do homem. Segundo Anatole Coutinho, ex-cunhado da vítima, a arma pertencia a José Antonio. 

"A motivação da Denunciada é torpe, haja vista ter agido por ciúmes e por sentimento de vingança ao restarem frustradas as suas intenções de ver concretizado o divórcio da vítima e de tornar-se oficialmente a esposa desta, tendo a vítima se portado de modo diametralmente oposto ao esperado pela Denunciada, ao encerrar relacionamento amoroso entre ambos e ainda ter iniciado namoro outra mulher mais jovem", disse um trecho da acusação do MP-BA. O texto ainda destacou que Rosália impossibilitou a defesa da vítima, "pois esta não esperava uma reação deste porte por parte daquela, com quem manteve relacionamento amoroso durante anos, tendo a Denunciada utilizado-se de dissimulação para ir até o interior do veículo".

De acordo com Anatole, Tony tinha muitos relacionamentos extraconjugais esporádicos, mas estava querendo retornar para a família da qual se distanciou por causa das traições. O empresário deixou uma mulher e três filhos, com cinco, oito e dez anos na época. Para Lara Braga, primogênita do casal, atualmente com 23 anos, a perda deixou feridas que ainda não cicatrizaram. "São 12 anos de sofrimento, fazemos acompanhamento psicológico desde o ocorrido e existem sequelas desse trauma até hoje. Todos nós sofremos muito. Crescer sem nosso pai foi muito ruim", desabafou.

Pronunciamentos

Na segunda (23), ambas as famílias se pronunciaram sobre o caso. Em nota conjunta, a família de Tony afirmou que "nada pode apagar a dor de perder alguém que amamos, mas a justiça pode trazer alívio e paz para nossos corações. Queremos que o nome de Tony seja honrado e que seus filhos possam, finalmente, sentir que a verdade prevaleceu".

Já pelo lado de Rosália, através de um post no Instagram, os familiares declararam que a acusada é inocente. "12 anos sofrendo com o peso de um julgamento grave e injusto. 12 anos sofrendo com a acusação de pessoas que desconhecem a verdade. 12 anos sofrendo com ansiedade. 12 anos de angústia. 12 anos vitimada injustamente por um processo judicial. 12 anos sofrendo em silêncio. 12 anos de dor. Depois de 12 anos, aguardamos um ponto final. Depois de 12 anos, todos aguardamos que a verdade venha à tona", declararam.