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Wendel de Novais
Publicado em 6 de fevereiro de 2025 às 14:00
A liderança criminosa que ordenava mortes em Jequié e foi presa pelas Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (Ficco), na manhã desta quinta-feira (6), é Marcos Antônio dos Santos Chaves, que também é conhecido por diferentes apelidos como Juca, 220, Pitasso e Playboy. O criminoso, que é apontado pela Polícia Civil (PC) como mandante de homicídios no município, é um personagem central de uma guerra estabelecida pelo PCC e o Comando Vermelho (CV) na região sudoeste, como conta uma fonte policial ouvida pela reportagem. >
“Assim como há em Salvador, Jequié também está sofrendo por conta da guerra entre facções. Aqui, no entanto, essa situação é entre o Comando Vermelho e o que a gente pode chamar de célula do PCC, já que essa surgiu a partir da saída de integrantes do primeiro grupo que têm apoio de São Paulo. Juca é um dos líderes, estava na mira da polícia e, no fim do ano passado, foi para Santa Catarina para evitar uma prisão, mas seguiu sendo uma liderança de lá”, conta a fonte, que prefere não se identificar. Além de Jequié, o criminoso teria papel de mando em crimes em outras cidades da região. >
Além de explicar a função de Juca, o policial detalha como é a dinâmica de confronto entre as organizações criminosas. “Aqui o CV é ‘Tudo2’ e o PCC é ‘Tudo3’, uma referência que em muitos lugares da Bahia é do Bonde do Maluco (BDM). Apesar dessa diferença dos grupos, o modus operandi é parecido: muita violência. Por conta disso, apertamos o cerco contra eles e muitos, como Juca, estão deixando até o estado para não serem presos”, completa o policial, destacando que as investigações têm surtido efeito na identificação e neutralização dos traficantes em Jequié. >
A fuga citada, no entanto, não tem surtido efeito para os criminosos. No final de janeiro, por exemplo, uma outra liderança criminosa com papel fundamental em homicídios registrados em Jequié foi presa no município de Extrema, em Minas Gerais. Na época, a operação foi conduzida pela Ficco Bahia e as polícias Militar e Federal da Bahia e de Minas. O traficante, identificado como Paulo José dos Santos Pereira e conhecido como Paulo TG, foi localizado em uma zona rural da cidade onde estava. >
Com ele, diversos celulares, um veículo e anotações do comércio de drogas nas cidades de Jequié, Itiruçu, Boa Nova, Manoel Vitorino, Iaçu e Valentina. Nas cadernetas, os policiais encontraram informações dos repasses e venda de entorpecentes. Paul TG também é vinculado ao PCC e cumpria funções semelhantes à de Juca, ordenando ataques e execuções de rivais. >
Por conta da guerra entre PCC e CV, em 2022, Jequié, teve a maior taxa de homicídios por 100 mil habitantes do Brasil, de acordo com o anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Na época, o município teve uma taxa de 88,8 assassinatos para cada grupo de 100 mil pessoas. Já em 2023, a cidade foi a terceira mais violenta nesse quesito em todo o país, com uma taxa de 84,4 homicídios a cada 100 mil pessoas.>