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Larissa Almeida
Publicado em 16 de janeiro de 2025 às 17:04
O caminho do governador Jerônimo Rodrigues (PT), desde a Igreja Nossa Senhora da Conceição da Praia até a Basílica Nosso Senhor do Bonfim, foi quase solitário nesta quinta-feira (16). Não fosse a companhia do vice-governador Geraldo Junior (MDB) e do secretário de Cultura, Bruno Monteiro, o líder estadual teria ficado sem a presença de nenhum dos aliados mais próximos, como Jaques Wagner e Rui Costa.
Antes do início do percurso, Jerônimo ainda contou com a aparição do senador Jaques Wagner (PT) e do presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), Adolfo Menezes. Os dois, no entanto, só ficaram ao lado do governador até o fim da missa ecumênica. Wagner, que recentemente fez uma cirurgia no pé, decidiu não participar nem mesmo do início do cortejo e foi embora.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, ficou em Brasília. O senador Otto Alencar (PSD) também não apareceu. Diante das ausências, quando questionado sobre as eleições para governador em 2026, Jerônimo disse que a candidatura à reeleição é ‘natural’, mas ainda está conversando com o grupo petista.
“Nós estamos, no grupo, na conversa. Todo mundo acompanhou, quando [Jaques] Wagner era governador, a forma como ele tratava os nossos aliados. A minha candidatura é algo natural, mas ninguém foi jogado para fora ou maltratado. Pelo contrário, foi acolhido e fortalecido. [...] Por isso, nós vamos conversar. É natural a candidatura, mas nós temos que conversar. Não é assim. [...] Eu estou natural, sentado na cadeira e trabalhando, mas eu espero que a gente possa resolver o pacote inteiro”, afirmou.
Quando a eleição para a presidência da Alba foi colocada em pauta, ele preferiu se esquivar. “Todo mundo sabe que a decisão de escolher presidentes dentro da Assembleia é da Assembleia. Vou tentar trabalhar o máximo para ter uma unidade, para ter uma Assembleia que dialogue com a comunidade baiana, que estabeleça um contato com o Executivo Estadual, que fortaleça o mandato dos deputados, inclusive na decisão da escolha da mesa, que a oposição esteja bem representada”, pontuou.
Outro assunto abordado pelo governador foi a revogação da norma da Receita Federal que estipulava uma maior fiscalização entre as transações financeiras mensais acima de R$ 5 mil, incluindo aquelas feitas por Pix. A medida foi distorcida nas redes sociais e desencadeou uma onda de fake news, que acabou fazendo com que o Governo Federal a revogasse na tarde da última quarta-feira (15).
Para Jerônimo Rodrigues, toda a história – desde as mentiras veiculadas na internet até o recuo do governo Lula – causou desgaste na gestão petista. “O Brasil viu o quanto é pernicioso esse negócio das fake news. Não tinha nada de perversidade no que foi colocado, mas o Lula, com a experiência e sabedoria, recuou para que a gente possa restabelecer [a comunicação]. O Pix é nosso e o Senhor do Bonfim vai ajudar para que a gente possa fortalecê-lo", ressaltou.
O senador Jaques Wagner considerou que a medida não foi anunciada do jeito certo e apoiou o recuo de Lula. “Se a medida não foi anunciada corretamente, a gente tem que procurar uma forma de fiscalizar o que tem que ser fiscalizado sem passar a ideia de que a gente está querendo fiscalizar pobre, pequeno comerciante, ambulante ou motorista de Uber. Ninguém está atrás disso, a nossa vida sempre foi defender os mais carentes e os mais necessitados", disse.
Wagner, no entanto, ponderou que voltar atrás na decisão vai dificultar o fortalecimento da segurança pública e estagnar o combate à sonegação. “"O mundo sabe que tem um tráfico operando em tudo aí, na rede, nos bancos, no banco digital, até em pisto de gasolina dizem que hoje tem traficante. Então, se a gente quer segurança, nós temos que cortar o bolso, ou seja, nós temos que cortar o canal que reabastece o tráfico", frisou.
Por volta das 8h30, o governador deu início ao percurso até a Basílica do Senhor do Bonfim. Cercado por seguranças, ele fez pausas ao longo do caminho para falar com apoiadores e tirar fotos. Também cumprimentou outras autoridades que viu durante o trajeto.
Na Calçada, Jerônimo apressou o passo. Em frente ao largo do bairro, um pequeno grupo de policiais penais segurava um cartaz que cobrava o líder estadual a regulamentação da categoria. Porta-voz do grupo e presidente do Sindicato dos Policiais Penais e Servidores Penitenciários do Estado da Bahia, Reivom Pimentel ressaltou a insatisfação com o político.
“Ele se comprometeu conosco no ano de 2024 e não cumpriu. Por isso, nós estamos aqui chamando atenção da sociedade, dos parlamentares e do governador para a necessidade dessa regulamentação, até porque na propaganda do governo, no anuário de realizações, ele disse que criou a Polícia Penal para fortalecer a segurança nos estabelecimentos prisionais, mas não regulamento”, reclamou.
O governador seguiu o cortejo sem falar com os manifestantes. A reportagem também tentou entrevistá-lo durante o percurso, mas teve os pedidos de entrevista ignorados.
No início da tarde, Jerônimo completou o caminho até a Lavagem. No alto das escadarias da igreja, na Colina Sagrada, ele foi recebido pelas baianas, que o banharam com o tradicional banho de cheiro. Em seguida, ele exaltou a fé dos baianos e destacou a importância da festa religiosa. “A subida aqui na colina é para pedir saúde, que o Senhor do Bonfim nos dê mais fé naquilo que a gente faz e acredita, que as coisas boas possam se ampliar na Bahia”, desejou.