Jerônimo ignora índices negativos da Bahia durante leitura de mensagem à Alba

A bancada de oposição fez protesto a promessas descumpridas do governador e não compareceu ao ato

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  • Larissa Almeida

Publicado em 1 de fevereiro de 2024 às 22:49

Governador  foi ontem à  Assembleia Legislativa para levar  a Mensagem do Executivo
Governador foi nesta quinta-feira (1º) à Assembleia Legislativa para levar a Mensagem do Executivo Crédito: Ana Albuquerque/Correio

Ignorando os números relativos ao crescimento da violência armada no estado, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) leu nesta quinta-feira (1º) a Mensagem do Executivo na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) e classificou como “animadores” os números de apreensões e prisões realizadas no ano passado.

Sem citar o cenário de insegurança que assola o estado, que só em 2023 registrou 48 chacinas que resultaram em 190 mortes – sendo 72% delas de civis e 69% decorrentes de ações e operações policiais –, o governador disse que o número de apreensões e prisões “revelam o resultado de um trabalho bem planejado e realizado em cooperação entre todas as instituições”. Os dados são do relatório anual do Instituto Fogo Cruzado,

Jerônimo deu ênfase ao papel da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), que deu apoio às polícias baianas durante o ano passado.“(A Ficco) teve papel central no combate às organizações criminosas e na Força Correcional Especial Integrada da Corregedoria Geral da Segurança Pública, que em 2023 realizou 19 operações com a Polícia Federal e com o Ministério Público, cumpriu 160 mandados de busca e apreensão e apreendeu R$764 mil reais”, afirmou.

Em uma dessas operações, em setembro de 2023, o policial Lucas Caribé, que participava da Ficco, foi morto em uma ação desastrosa. Segundo fontes da própria Secretaria de Segurança Pública à época, policiais civis e federais da Bahia e de Brasília entraram na mata na região do Derba na tentativa de surpreender traficantes de Valéria, mas acabaram atacados.

A educação da Bahia - que figura entre os dez piores estados do país nesse quesito, superando apenas o Amazonas, Acre, Roraima e o Amapá, conforme o Ranking de Competitividade dos Estados e Municípios 2023 - também foi tema do balanço do governador. No seu pronunciamento, Jerônimo afirmou que, no ano passado, houve mais investimentos do governo em escolas em tempo integral. Também disse que houve ampliação do volume de recursos destinados a programas de permanência estudantil e a quatro universidades do estado (Uefs, Uesb, Uneb e Uesc), que executaram orçamento de aproximadamente R$2 bilhões.

Entretanto, no ano passado, o estado se manteve na terceira pior posição em relação à taxa de frequência líquida do Ensino Médio, segundo o Centro de Liderança Pública. O governador não fez menção a esta situação nem apresentou ações voltadas para o ensino básico.

Na leitura da mensagem, Jerônimo Rodrigues também não fez referências a empregos gerados ou ao índice de desemprego no estado. A taxa de desocupação da Bahia voltou a ser a maior do país no último trimestre de 2023, quando ficou com 13,3%, segundo dados divulgados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) Trimestral do IBGE.

Protesto da oposição

A bancada de oposição decidiu não participar ontem da leitura da mensagem do governador Jerônimo Rodrigues na reabertura dos trabalhos da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). Líder da minoria, Alan Sanches (União Brasil) argumentou que o bloco se recusou a ouvir as promessas descumpridas do chefe do Palácio de Ondina.

“Um ano atrás, o governador de forma republicana afirmou, olhando diretamente para mim, que iria pagar as emendas impositivas, que achava que deveria ser cumprida a lei. Passado um ano, a gente continua apenas na vontade do governador (...) Dessa forma, para não ouvir a mesma promessa de um ano atrás, eu prefiro não comparecer. Porque mais uma vez ele fará essa promessa das emendas”, acrescentou.

Já o deputado estadual Diego Castro (PL) declarou que ninguém “acredita em mais nada do que o governador fala”. "Acreditar no PT é fazer papel de trouxa", disse

*Sob orientação do editor Rodrigo Daniel Silva