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Da Redação
Publicado em 20 de fevereiro de 2024 às 20:57
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), admitiu, nesta terça-feira (20), voltar atrás da portaria 190/2024 se for para ter escola “acolhedora e inclusiva”. O petista ressaltou que a medida não visa nem a aprovação em massa de estudantes nem tem intenção de melhorar os índices do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). >
"Não se trata de aprovação em massa. Tem alguém utilizando disso. Eu não sei quem e nem quero saber. Eu não estou falando em aprovação em massa. Estou falando que a escola tem que aprovar aquele menino ou menina que se dedica, vai o ano inteiro na escola e no final do ano, a nota vermelha está lá e ouve o seguinte: ‘tem que fazer tudo de novo’. É uma disciplina, ou duas. Tem outra saída? Se tiver, neste aspecto, a gente modifica (a portaria). Nós conversamos sim com a APLB. Houve diálogo com a APLB, com o presidente. Houve conversa. Eu não tenho problema de voltar atrás se for para melhorar o que eu quero. O que é que eu quero? Que a escola seja acolhedora e inclusiva. Se tiver alguma coisa na portaria, em lei ou decreto, eu adequo, recebo. Eu não sou daqueles que guarda uma palavra e vou até o final, se um desenho ou caminho melhor”, afirmou o governador.>
Jerônimo Rodrigues salientou ainda que os mais reprovados em escolas têm sido “negros, pobres e excluídos”. Ele ressaltou que a portaria visa reduzir a evasão escolar ao incentivar que os alunos permaneçam nos colégios. “Eu quero uma escola inclusiva. (...) Eu não estou fazendo isso com intenção de indicar do IDEB. Não é isso. Não vou fugir do meu papel”, emendou. >
Aprovação automática >
A portaria editada pelo governo estadual estimula os professores da rede a aprovarem os estudantes, mesmo aqueles que não frequentaram as aulas ou não obtiveram êxito em todas as disciplinas. Publicada no dia 27 de janeiro deste ano, a medida é vista pela APLB-Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia como incentivo para a “aprovação em massa” dos alunos.>
Especialista em Direito Administrativo, Matheus Carvalho explica que uma portaria não é somente uma recomendação. “É obrigatória a obediência. É uma norma”, afirma ele. Assinado pela secretária de Educação da Bahia, Adélia Pinheiro, o texto diz que, com a medida, haverá uma “progressão continuada” do aluno para permitir “avanços sucessivos sem interrupção no ano/série ou etapa”. A norma garante que não haverá “prejuízo no processo de aprendizagem”.>
De acordo com a portaria, discentes que não passaram em até cinco disciplinas podem prosseguir para a próxima série. Além disso, como uma forma de promover a aprovação a todo custo, a portaria estipula que o Conselho de Classe pode permitir a progressão do aluno reprovado se considerar que seu “desempenho global foi satisfatório”. A medida ressalta ainda que o controle da frequência deve focar no acompanhamento do aprendizado e não na reprovação. Isso, na opinião do coordenador-geral da APLB, Rui Oliveira, abre caminho para a aprovação de alunos que não frequentam as aulas.>
*Colaboração do repórter Gilberto Barbosa>