Ex-administradora da Irmandade da Boa Morte tenta anular eleição interna

A uma semana da festa da Boa Morte, em Cachoeira, alta cúpula da Irmandade afirma que ex-administradora desrespeitou eleições

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  • Fernanda Santana

Publicado em 1 de agosto de 2024 às 12:57

Festa da Boa Morte
Festa da Boa Morte Crédito: Divulgação

A alta cúpula da Irmandade de Boa Morte vive uma disputa relacionada à presidência da confraria religiosa de mulheres negras de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. Um grupo de irmãs afirma que as eleições internas e democráticas que ocorreram em 2022 não foram respeitadas por outra ala, que ingressou com uma ação judicial no ano seguinte para anular a ata da eleição, a posse da mesa diretora e o novo estatuto da irmandade.

O CORREIO teve acesso ao processo judicial e ao manifesto de reação à tentativa de remover a presidente eleita, Joselita Alves, e impor uma nova representante.

O texto afirma que o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) e representantes da Prefeitura de Cachoeira, e das secretarias estaduais de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), de Cultura (Secult) e Turismo (Setur) participaram de uma reunião com o grupo dissidente sobre a próxima festa de Boa Morte, marcada para o dia 13 de agosto, que é organizada pela confraria, e não deve ser afetada pela disputa.

Ainda de acordo com a carta, a antiga administradora da irmandade, a advogada Celina Sala, foi quem moveu a ação judicial. No encontro com os órgãos estaduais, ela apresentou uma nova ata de eleição assinada por 10 irmãs — a Irmandade tem 30 integrantes.

“Para surpresa do jurídico da irmandade, essas secretarias estaduais entraram em contato com a atual presidenta dispensando-a de suas funções, tirando sua autoridade e autonomia como gestora da irmandade. Comunicando ainda que tinham feito nova ata e com assinatura”, afirma a denúncia, que nega que Celina seja uma "irmã" da Boa Morte.

Segundo essa publicação, Joselita e outra irmã, Agda de Oliveira, só souberam da existência do imbróglio judicial ao serem “surpreendidas em junho deste ano” pela citação na ação judicial movida por Celina, que há duas décadas participa de atividades administrativas da irmandade. 

A divergência começou por discordâncias internas quanto à administração de Celina, de acordo com esse documento, acusada de não prestar contas às irmãs, agir de modo antidemocrático e não pagar a contribuição previdenciária de funcionários.

A destituição, oficialmente, aconteceu em agosto de 2022, com a eleição de Joselita Alves.

A reportagem será atualizada com as manifestações oficiais das secretarias e da advogada Celina, citadas acima.