Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Wendel de Novais
Publicado em 11 de março de 2025 às 11:43
As pichações de siglas de facções sobrepostas por riscos em paredes e postes na localidade de Vila Verde, no bairro de Mussurunga, em Salvador, dão conta da guerra entre grupos criminosos que voltou a atormentar moradores. A área, que passou por uma onda de violência no ano passado, vive uma situação em que tiros de fuzil são ouvidos nas ruas e até casas são invadidas por traficantes armados. Por conta dos confrontos, o bairro amanheceu sem ônibus na manhã desta terça-feira (11). >
Nas paredes, as inscrições que marcam a presença do Comando Vermelho (CV) foram riscadas por integrantes do Bonde do Maluco (BDM), que assim como no ano passado, realizam invasões no bairro. “É a mesma coisa de sempre. Os traficantes do BDM estão vindo para cá atacar os homens do Comando Vermelho. Então, em muitas madrugadas, isso está ocorrendo até com tiro de fuzil. Dessa vez, foi das 2h30 até às 3h”, conta uma moradora, sem se identificar, sobre a situação que tirou os ônibus da localidade. >
A recorrência dos confrontos é comprovada pelos registros de interrupção no transporte público coletivo na localidade. Há uma semana, no dia 4 de março, houve outra suspensão da circulação de ônibus por conta da violência armada, de acordo com dados da Secretaria de Mobilidade de Salvador (Semob). Ainda segundo a pasta, essa é a terceira vez que os ônibus param de entrar no bairro por conta dos tiroteios. O primeiro registro é do dia 23 de janeiro de 2025. >
Para além dos tiroteios nas ruas, há moradores que sofrem com a chegada da violência para dentro de casa, como conta outro morador que pede para não ser identificado. “Semana passada invadiram a casa de uma senhora que não tinha nada a ver com essa guerra deles. Isso deixa a gente muito chateado, ver as pessoas saindo das suas casas por conta de traficante é revoltante. Com tanto tiro, a gente nem sabe mais quem está aqui, se é CV ou BDM. Até esses dias era o CV”, explica. >
Os confrontos entre o CV e o BDM, que está em bairros nas imediações da Vila Verde e ataca a facção rival para dar fim a sua atuação na região é recorrente, ao menos desde 2019. Em 2024, o bairro chegou a registra nove tiroteios e cinco mortes em um período de 20 dias. No ano de 2023, a localidade virou notícia pelo mesmo motivo. >
Um morador ouvido no ano passado detalhou como os ataques acontecem às margens de uma área de vegetação que cerca a Vila Verde. Extensa, a via tem presença robusta do CV. “Aqui é grande, mas, de uma ponta a outra, eles estão rodando com armas. Tem vigia por todo lado e tiroteio sempre que encontram outras pessoas com arma”, fala. Uma parte da rua, já nas proximidades da Travessa Acácia, fica próxima à área do Alphaville II. >
Por isso, depois da Vila Verde registrar uma noite de tiroteios no dia 10 de abril de 2024, a administração do condomínio chegou a emitir um comunicado restringindo o acesso às áreas comuns do empreendimento na manhã do dia 11 de abril. Na época, a circulação e a realização de atividades em campos e quadras foram proibidas. "Essa restrição ocorrerá até que a situação seja efetivamente normalizada pela polícia, que está em operação no presente momento", informava o comunicado. >