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Gil Santos
Publicado em 11 de julho de 2023 às 05:30
A hepatite é uma doença silenciosa, que pode ser evitada e que tem cura, mas que sem o tratamento devido pode matar. Começou o Julho Amarelo, período em que especialistas do Brasil inteiro reforçam a campanha de conscientização do Ministério da Saúde sobre as hepatites virais. Na Bahia, em 2022, foram registradas 1.163 notificações, em 2021, 1.055 ocorrências, e em 2020, foram 866 casos, mas há subnotificação.
Na Bahia a maior concentração de casos de hepatite B foi no sexo feminino (52,6%) e a faixa etária mais acometida foi a população adulta de 30 a 39 anos (28,5%). Em relação ao vírus C a maior ocorrência foi no sexo masculino (57,5%) e a faixa etária de 50 a 59 anos (33,1%). Em Salvador, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) registrou 331 casos este ano, com 13 mortes. No ano passado inteiro foram 636 ocorrências, com 30 óbitos.
Neste ano, a campanha da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) usa o slogan ‘De Julho a Julho Amarelo. A cura começa com o teste!’. A cor é uma referência aos olhos e a pele dos pacientes, e o objetivo é conscientizar e incentivar o teste e a busca pela vacina e pelo tratamento.
O infectologista Fernando Badaró é preceptor do Programa de Residência Médica do Hospital Couto Maia e professor do curso de Medicina da Unifacs; e respondeu as principais dúvidas sobre as hepatites. Confira:
O que é a hepatite? Como o vírus age no organismo?
Hepatite viral é uma infecção causada por vários vírus diferentes, uns se adquire por via sexual, contato com sangue, instrumentos contaminados, sangue de portadores de hepatites, como agulhas, bisturi, materiais de manicure e pedicure; e outros se transmite através de gotículas de saliva de portadores ou por contato da boca, como beijo ou com materiais contaminados com fezes ou saliva de portadores.
Quais os problemas que as hepatites provocam? É uma doença silenciosa?
As hepatites podem curar espontaneamente como podem ficar crônicas, levando a cirrose do fígado ou a ter uma forma fulminante que ocorre de maneira agudizada, levando à morte rápido.
Quais os tipos mais graves dessa doença?
As formas graves são: hepatites B crônica não tratada, hepatites C crônica não tratada, que podem evoluir para cirrose do fígado ou câncer do fígado, ou a hepatite A, que em casos raros, podem evoluir para a forma fulminante.
Como ocorre a transmissão e como prevenir?
No caso das hepatites A e B, existe vacina para prevenir. A hepatite C, ainda não tem vacina, mas tem tratamento e as únicas maneiras de prevenção são semelhantes as de prevenção ao HIV.
Como identificar a doença e quais as formas de tratamento?
As hepatites virais podem ser diagnosticadas através de exames de sangue com testes sorológicos específicos e são tratadas com drogas antivírais
Existe algum fator que pode agravar a situação do paciente, como idade, comorbidade etc.?
Existem fatores agravantes como: uso abusivo de diversas drogas como álcool, cocaína/craque, antiinflamatório e comorbidades, doenças autoimunes, a exemplo de Lupos Eritematoso, doenças de origem genéticas, como anemias hemolíticas, que afetam o fígado, e algumas doenças crônicas em geral.
A partir de qual idade o paciente deve procurar o posto para tomar a vacina? São quantas doses? Uma vez imunizado ainda é preciso renovar a vacina?
A vacinação contra hepatite B é feita ao nascer (primeira dose), ao 1º mês de idade e aos seis meses de vida. O mesmo intervalo é feito no caso de pessoas não imunizadas (três doses, com intervalo recomendado de um mês entre a primeira e a segunda e de seis meses entre a primeira e a terceira dose). No caso de hepatite A, é feita em duas doses, com intervalo de seis meses cada. No caso das demais hepatites, não tem vacina.
Existe algum mito ou inverdade sobre as hepatites que é muito comum por conta da falta de informação?
Existem alguns mitos sobre pessoas com sintomas de hepatite a exemplo de comer só doces e caldo de cana, mas não é verdade. O paciente pode ter uma dieta balanceada como outra qualquer. Outro mito é o consumo de chá, algumas ervas também podem causar doença de fígado.