Igreja da Misericórdia é restaurada no Centro Histórico

O Museu da Misericórdia, que continua fechado para visitação enquanto o processo de requalificação é feito, será reaberto ainda este ano

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  • Yasmin Oliveira

Publicado em 17 de junho de 2024 às 22:15

A igreja foi totalmente restaurada
A igreja foi totalmente restaurada Crédito: Paula Froes/CORREIO

Desde os bancos até o altar e os querubins no teto, a Igreja da Misericórdia, localizada no Centro Histórico, foi completamente restaurada. Já o Museu da Misericórdia continua fechado para visitação enquanto as obras de requalificação e restauração acontecem nos espaços.

A entrega do projeto de requalificação e restauro do Museu da Misericórdia foi feita, ontem, pelo prefeito Bruno Reis. O auditório para 100 pessoas e o espaço multiuso, junto da restauração da igreja foram apresentados durante a cerimônia, após uma benção realizada pelo Padre Lázaro Muniz e o bispo auxiliar Dom Dorival Barreto nos ambientes.

A restauração da Igreja renovou o teto artístico e forro com 45 painéis de pintura que traz as 14 Obras da Misericórdia, sendo sete espirituais e sete corporais. Os princípios pautam os pilares da Santa Casa da Misericórdia da Bahia (SCMBA). Dentre os princípios espirituais, estão: ensinar os ignorantes; dar bom conselho; punir os transgressores com compreensão; consolar os infelizes; perdoar as injúrias recebidas; suportar os erros do próximo e orar a Deus pelos vivos e pelos mortos.

Toda a arte pintada no teto foi restaurada durante as obras
Toda a arte pintada no teto foi restaurada durante as obras Crédito: Paula Froes/CORREIO

Já os princípios corporais são: resgatar cativos e visitar prisioneiros; tratar os doentes; vestir os nus; alimentar os famintos; dar de beber aos sedentos; abrigar os viajantes e os pobres e sepultar os mortos.

“A história da Santa Casa se confunde com a de Salvador, nenhuma outra instituição tem um acervo histórico tão rico como a Santa Casa, que agora a população vai poder conhecer. Estamos abertos para fazer diversas parcerias e para trazer aqui exposições para ampliar o acervo”, relatou Bruno Reis.

As obras somam R$ 11,3 milhões entre investimentos do município e privado. Tiveram início em agosto de 2021, coordenada pela Superintendência de Obras Públicas (Sucop) com recursos da Prefeitura Municipal de Salvador e do Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD) do Ministério da Justiça. O museu possui previsão de ser entregue ainda neste ano.

A entrega do projeto de restauração foi entregue nesta segunda (17)
A entrega do projeto de restauração aconteceu nesta segunda (17) Crédito: Paula Froes/CORREIO

Este é o 11º equipamento cultural que será colocado em funcionado pela Prefeitura, seja de forma direta ou por parceria, segundo o prefeito. “O Museu da Misericórdia já era o museu mais visitado da cidade, recebia 50 mil visitas no ano. Seja pelas nossas crianças, para conhecer da nossa história, da nossa cultura, seja pela nossa população, para ter a sua história preservada, mas também milhares de visitantes e turistas que vêm a Salvador e querem conhecer a nossa rica história”, disse Bruno.

Para o gestor, a restauração é uma maneira de valorização do patrimônio arquitetônico e da história da cidade de Salvador. Além de ser uma maneira de fomentar o turismo na capital.

“Esse museu vai ter um papel estratégico para fortalecer o nosso desejo de fazer o turista ficar dez noites na cidade, e a gente sabe o quanto o turismo é importante, quanto esse setor cultural gera de emprego e renda à nossa cidade, e o quanto faz a nossa economia crescer”, relatou Bruno.

Primeiro hospital da Bahia que virou Museu passa por reformas

O museu continua fechado para visitação, mas deve ser inaugurado ainda neste ano
O museu continua fechado para visitação, mas deve ser inaugurado ainda neste ano Crédito: Paula Froes/CORREIO

“Durante quase 200 anos, nós fomos o único hospital. Essa casa também foi sede da primeira escola de cirurgiões do Brasil. A primeira faculdade de medicina do Brasil começou exatamente aqui, depois mudou-se para o Terreiro de Jesus”, contou provedor da SCMBA, José Antônio Rodrigues Alves.

O museu foi inaugurado inicialmente em 2006, mas o prédio foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1938. O local abriga peças como o primeiro carro da Bahia e a cadeira que foi utilizada por D. Pedro II durante visita à Bahia, em 1859, além da escrivaninha de Ruy Barbosa, que foi funcionário da Santa Casa de Misericórdia da Bahia (SCBA) em 1876, no cargo de inspetor da repartição geral.

“Essa é a instituição mais antiga da nossa cidade. Tem a mesma idade de Salvador, 475 anos, meses de diferença. E eu poderia passar a noite toda aqui alegando os relevantes serviços que a Santa Casa da Misericórdia prestou à nossa cidade durante quase meio século da minha existência”, acrescentou Bruno Reis.

O museu mantém a exposição fixa das 14 peças que representam as Obras de Misericórdia da Santa Casa, feitas sob encomenda pelos artistas Bel Borba, Christian Cravo, Mário Cravo Júnior, Calasans Neto, Eliana Kertész, Luiza Olivetto, Juarez Paraíso, Sérgio Rabinovitz, Carmen Penido, Caetano Dias, Grace Gradin, Juraci Dórea, Maria Adair e César Romero.

“Aqui nós recebemos 50 mil visitantes todos os anos, somos o museu mais visitado da cidade, sem sombra de dúvidas. Também acho que somos um dos poucos museus da Bahia que abrem de domingo a domingo”, expressou o provedor.

O auditório tem capacidade para 100 pessoas
O auditório tem capacidade para 100 pessoas Crédito: Paula Froes/CORREIO

O local está passando por obras que contemplam a ampliação e construção de novos espaços expositivos, além de um laboratório de conservação e restauro. Segundo o provedor da SCMBA, os alunos das escolas públicas do sistema municipal e estadual serão os primeiros visitantes quando o museu for reaberto no segundo semestre de 2024.

“No mês de setembro, onde se comemora o mês dos museus, essa casa abrigará aqui uma exposição de um artista maranhense, o Floriano Teixeira. A exposição estará aberta ao público com catálogo, para que as pessoas possam continuar visitando a Santa Casa”, finalizou José Antônio.

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela