Homens, crianças e analfabetos são maioria em domicílios improvisados na Bahia

Uma a cada cinco pessoas nessa situação tem até 14 anos

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  • Maysa Polcri

Publicado em 6 de setembro de 2024 às 16:29

Moradia improvisada em Vitória da Conquista
Moradia improvisada em Vitória da Conquista Crédito: Reprodução/TV Bahia

Dados divulgados pelo Censo 2022 revelam que a Bahia possui o segundo maior número de pessoas vivendo em moradias improvisadas do Brasil. São mais de 13 mil pessoas que transformam tendas, calçadas, viadutos e lojas em casa. Na maioria das vezes, de forma precária. A população baiana que reside nesses espaços é majoritariamente masculina e tem idade entre 30 a 59 anos. O número de crianças de até 14 anos preocupa: elas são 1 a cada 5 moradores nessa situação. 

Se as mulheres correspondem a maioria (51,7%) dos moradores da Bahia, no recorte de domicílios improvisados, os homens superam a quantidade de mulheres. Eles representam 58,3% desse recorte, sendo 7.960, contra 5.694 moradoras. Os dados do IBGE revelam ainda que a taxa de analfabetismo entre essas pessoas é de 25,2% - o dobro do índice da população baiana em geral.

As informações sobre o perfil dos moradores de domicílios precários é um passo importante para a construção de políticas públicas voltadas a essa parcela da população. Na Bahia, 43,6% deles têm entre 30 e 59 anos. Para a geógrafa Ivone Batista, diretora de Geociências do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não há como implementar ações efetivas sem conhecer a população.

“A informação geoespacial de qualidade é base para a compressão e análise de questões que impactam diretamente o desenvolvimento territorial. Quando falamos de dados censitários sobre domicílios, temos uma visão mais abrangente dos padrões de ocupação, vulnerabilidades e programa de ações”, pontua. Os dados integram o 14º lançamento do Censo 2022, divulgadona  manhã de sexta-feira (6), no Rio de Janeiro.

No caso da Bahia, as informações reveladas pelo IBGE indicam a necessidade de fomentar a educação de quem vive em locais com condições inadequadas de moradia. “A taxa de analfabetismo entre essas pessoas é o dobro da registrada na Bahia, que já é, por si só, bem elevada. Isso revela que são moradores de alta vulnerabilidade socioeconômica e baixa escolaridade, que, muitas vezes, não têm outra alternativa a não ser buscar esses locais para viver”, completa Mariana Viveiros, supervisora de informações do IBGE.

Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Sedur), responsável pelas ações habitacionais no estado, disse que está realizando visitas técnicas em 30 municípios baianos para mapear e avaliar a situação das moradias precárias, por meio da Superintendência de Habitação. "Em relação ao déficit habitacional no estado, estima-se que cerca de 500 mil famílias enfrentam a falta de habitação adequada, sendo aproximadamente 100 mil delas na capital, Salvador", pontuou a nota. 

O tipo mais comum de domicílios improvisados no estado são tendas ou barracas de lona, plástico ou tecido. São nesses espaços onde vivem quatro a cada 10 moradores de residências inadequadas, ou seja, 5.468 pessoas. Em seguida, aparecem imóveis destinados a outros fins que não moradia (3.914).

Domicílios coletivos

Além das informações sobre domicílios improvisados, o Censo 2022 revela dados sobre pessoas que vivem em residências coletivas na Bahia. Tais como: penitenciárias, instituições de longa permanência para idosos, pensões, alojamentos e orfanatos. Ao total, são 24.791 pessoas em espaços como esses no estado.

O número representa 0,18% da população baiana - o segundo menor percentual entre todos os estados brasileiros. No país, são 837.251 pessoas vivendo nesses espaços. Os estados com os maiores quantitativos são São Paulo (251 mil), Minas Gerais (92 mil) e Rio Grande do Sul (60 mil).