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Gil Santos
Publicado em 4 de setembro de 2023 às 17:11
O principal suspeito de ter matado Mãe Bernadete, 72 anos, tem passagem policial por roubo a ônibus. Ele foi preso em 25 de agosto, ou seja, oito dias após o assassinato da líder quilombola e, segundo a polícia, confessou o crime. O nome dele e a motivação não foram divulgados. Outras duas pessoas foram presas suspeitas de participação no homicídio. >
A prisão do suspeito aconteceu no Município de Araçás, no Nordeste do estado. O titular da Secretaria de Segurança Pública (SSP), Marcelo Werner, não informou detalhes para não atrapalhar a investigação, mas disse que o suspeito apresentou uma versão para a motivação do crime, e que investigadores estão checando. >
“As investigações estão em andamento e é muito cedo para que a gente possa falar sobre uma motivação específica, sob pena inclusive de a gente prejudicar as investigações que estão em andamento. Estamos atualizando o caso e informando as medidas que estão sendo adotadas, mas o processo está sob sigilo”, afirmou. >
Outros dois homens foram presos na sexta-feira (1º) na região de Simões Filho, mesma cidade onde Mãe Bernadete foi assassinada no dia 17 de agosto. Um deles estava com o celular dela e o outro guardava duas pistolas 9 milímetros e 765 milímetros, o mesmo tipo de armamento usado no homicídio. As armas foram enviadas para a perícia para saber se foram as mesmas que mataram a quilombola. Os nomes dos presos não foram divulgados. >
A diretora-geral do Departamento de Polícia Técnica (DPT), perita criminal Ana Cecília Bandeira, explicou que foram encontrados 24 estojos no local do crime e que o exame balístico vai verificar se os disparos saíram das duas pistolas apreendidas. >
“Já fizemos o exame nos projéteis que encontrados na cena do crime a agora vamos fazer nas armas apreendidas. Existe um raiamento que é formado na hora em que a bala passa pelo cano e é essa comparação que fazemos para confirmar. O prazo é de até dez dias para elaborar o laudo, mas estamos dando celeridade e vamos concluir antes disso”, explicou. >
Pelo menos duas pessoas desceram da moto, entraram na casa e mataram Mãe Bernadete. O primeiro homem foi preso no dia 25 de agosto, e o outro continua sendo procurado. A delegada-geral da Polícia Civil, Heloísa Brito, afirmou que 64 pessoas foram ouvidas. >
“Todas as possibilidades de motivação estão sendo analisadas, como alguma questão que remete ao conflito fundiário, estamos analisando todo o tráfico de drogas no local para verificar se tem alguma influência, estamos observando todas as linhas possíveis para deixar esse crime esclarecido”, afirmou. >
Questionada se o caso pode ter relação com o assassinato do filho de Mãe Bernadete, ocorrido em 2017, a delegada informou que esse homicídio está sendo apurado pela Polícia Federal, que não tem acesso ao processo e que precisa elucidar primeiro a morte da idosa para poder traçar uma possível relação entre os crimes. >
Além do homem que está sendo procurado, a polícia também não descarta a participação de mais pessoas no homicídio. Questionado se as armas usadas são de uso restrito da polícia e das Forças Armadas, o secretário Marcelo Werner disse que elas chegaram de forma ilegal às mãos dos criminosos, mas que está analisando a exclusividade. >
“Nos últimos anos parte dessas armas foram autorizadas, e agora retornaram a ser restritas, então, há uma complicação. Posso garantir que a de calibre 765 nunca foi restrita. Já a 9mm sempre foi restrita. Nos últimos anos deixou de ser e pode ser adquirida pelos cidadãos, e agora voltou a ser de uso exclusivo das forças policiais e das Forças Armadas”, disse. >
Crime >
Era noite de uma quinta-feira (17), e Mãe Bernadete, 72 anos, estava em casa, no Quilombo Pitanga dos Palmares, quando dois homens chegaram em uma motocicleta. Eles desceram do veículo e entraram na casa ainda usando os capacetes. A idosa estava assistindo televisão com os netos. Os bandidos obrigaram as crianças a irem para o quarto e executaram a religiosa no sofá. >
Mãe Bernadete já vinha sofrendo ameaças de morte por conta do trabalho que desenvolvia, principalmente na luta pelo reconhecimento do território quilombola, por isso, os familiares acreditam que o crime foi encomendado. Ela faz parte do programa de proteção a testemunhas e o terreiro tinha câmeras de segurança, mas nada disso impediu a ação dos criminosos.>
O assassinato teve repercussão imediata e nacional. Dias antes de morrer, Mãe Bernadete tinha recebido a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, e relatou as ameaças que vinha sofrendo. Ministros de estado e outros representantes do governo federal, além de entidades locais, nacionais e internacionais manifestaram pesar e cobraram agilidade nas investigações. >