Homem que matou companheira no Doron premeditou crime, dizem moradores

Crime aconteceu no bairro do Doron. Imóvel ficou com rastros da violência

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  • Bruno Wendel

Publicado em 29 de junho de 2024 às 13:21

Imóvel ficou revirado após o crime, no bairro do Doron
Imóvel ficou revirado após o crime, no bairro do Doron Crédito: Bruno Wendel/CORREIO

Um filme da vida real. Para onde se olha, há sangue de mãe e filho, vítimas de Rodrigo, o "Cabeludo", agora, também conhecido como "O Monstro". Ele, companheiro de Marisa da Luz, 30 anos, foi preso em flagrante após matá-la e de tentar tirar a vida do enteado, um menino de sete anos em uma casa, na comunidade do Guine, no Doron. Os dois foram atacados a facadas na madrugada deste sábado (29). Após o crime, o criminoso destruiu todo que havia dentro do imóvel e em seguida abriu o gás para explodir a casa. O filho dele com Marisa, um bebê de 28 dias, foi resgatado com intoxicação. Segundo moradores, o crime foi premeditado.

"Ele passou a sexta toda bebendo, cheirando (cocaína), dizendo que ia matar todo mundo. Esse homem é demônio em forma de gente. Um monstro. Ele batia nela constantemente, tinha ciúmes. Um psicopata. Quando ela retornava da rua, abria as pernas de Marise para verificar se ela tinha transando na rua, sendo que ela era mulher que sustenta a casa, fazendo bicos de faxina. A gente avisou que ela não precisava dele, mas não ouvia", contou uma moradora, na manhã deste sábado (29), bastante emocionada.

O motivo do crime ainda é um mistério, mas por volta da 1h da madrugada, os vizinhos acordaram com Marisa gritando. "Mas a gente nem deu muita atenção, porque eles brigavam praticamente todos os dias", conta uma mulher. A comunidade começou a perceber que algo mais grave acontecia quando o filho de sete anos de Marisa começou a pedir socorro. "A vizinha do lado foi lá e o encontrou o menino coberto de sangue, pedindo ajuda, mas o portão estava trancando. E não se via mais Marisa. Ela já estava morta", relata. "Tem gente dizendo que a briga começou porque ele queria sair, provavelmente para continuar se drogando, mas ela não quis", completa a mulher.

Barbaridade

Segundo os moradores, Marise foi esfaqueada diversas vezes no banheiro, onde o corpo foi encontrado. Ela apresentava um corte profundo na cabeça. "Ele arrancou o vaso e jogou nela", diz uma jovem. Já o menino foi perfurado quatro vezes. De acordo com os moradores, mãe e filho estavam sem roupa. "Dizem que ele chegou muito doido em casa e queria 'pegar' o menino. A mãe não deixou e ele quis então estuprar os dois", diz novamente a jovem. "É uma possibilidade, mas é preciso aguardar o laudo cadavérico para saber se houve ou não os estupros. Nesse momento há muitas especulações. Só as investigações da Polícia Civil para esclarecer tudo", declara o tenente-coronel Antônio Jorge, comandante da 23ª Companhia Independente (Narandiba), que foi acionada para o local.

Imóvel ficou com marcas de sangue
Imóvel ficou com marcas de sangue Crédito: Bruno Wendel/CORREIO

O filho mais velho de Marisa está internado no Hospital Roberto Santos (HGRS), no Cabula. "Ele passou por cirurgia, mas o caso dele é muito grave. É um menino franzino e perdeu muito sangue. Para se ter uma ideia, ele apanhou tanto antes dos golpes, que perdeu todos os dentes", conta uma amiga de Marise. O bebê de 28 dias, filho do casal, foi encontrado dentro de uma gaveta de um dos móveis da casa. Ele foi levado ao Hospital Geral do Estado (HGE) por intoxicação. "Quando a população tentou linchá-lo, ele, para ganhar tempo, e assim sair da casa, deixou o gás escapando e ameaçou explodir tudo", relata o tenente-coronel. Na manhã deste sábado, o Conselho Tutelar esteve no local. Segundo moradores, o órgão procurava parentes de Marisa que pudesse cuidar do bebê, pois o recém-nascido tinha tido alta.

Homem quebrou tudo em casa

Vizinnhos ouvidos pela reportagem relatam que Rodrigo estava "com o Diabo no corpo". "O pessoal ia para derrubar o portão, ele carregou sozinho a máquina de lavar e ameaçou jogar em quem entrasse. Ele estava possuído. Em seguida, quebrou a janela e começou a andar pelos telhados das casas, quebrando tudo", conta um morador.

Rodrigo andou nos telhados por pelo menos 10 residências. "A gente tentava segurá-lo, mas ele arrancava os blocos e jogava dizendo: 'Vai morrer todo mundo'. Mas depois ele se escondeu no telho de uma outra rua e aí a polícia conseguiu pegá-lo. Ele tentou atacar, mas o policial disse: 'Se você reagir, atiro'. Foi aí que ele se entregou". Rodrigo foi levado para a viatura sob gritos de "Monstro", "Assassino de criança", "Você vai morrer, vai pagar".

Morador da comunidade da Roça da Sabina, na Barra, Rodrigo convivia com Marisa há três anos. "Ele nunca gostava do filho dela. Esse menino sofria na mão dele. Às vezes, ele deixava a criança com fome o dia todo, quando não batia. A gente dizia para ela se separar dele, mas falta de conselho não foi", conta uma vizinha.

Há cerca de um ano, ele foi preso por tentativa de homicídio na Barra. "Ele tentou matar um homem porque o cara não deu o dinheiro a ele prometido após o sexo". Segundo o tenente-coronel Luciano Jorge, Rodrigo tem várias passagens pela polícia.