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Wendel de Novais
Publicado em 30 de junho de 2023 às 14:47
Um grupo de extermínio, formado por policiais militares de Camaçari, é apontado como responsável por uma chacina que acabou em sete homicídios na cidade e um outro no município de Candeias na madrugada de quinta-feira (29). De acordo com informações, as mortes seriam uma 'resposta' ao falecimento do ex-PM Flávio Batata, morto após reagir em um assalto a ônibus na região de Simões Filho.
Flávio voltava para Camaçari após atuar como segurança em uma casa de shows. A informação é de que, mesmo fora da corporação, ele integrava uma milícia onde as mortes ocorreram. As vítimas da chacina foram identificadas como Everton Simões Oliveira, 20 anos, David Silva Oliveira, 23, Uellington de Jesus Santos, 27, Plínio de Almeida Franca Júnior, 45, Marcos Santos da Mota, 35, Carlos Douglas Reis da Silva, 26, e Mateus Santos de Jesus, 22.
Os sete morreram em seis bairros diferentes: Parque Verde, Lama Preta, Nova Vitória, Quarenta e Seis e Verdes Horizontes. A oitava vítima, que morreu em Candeias, não foi identificada. Apesar do caso ter relação com a morte do ex-PM, nenhum dos jovens tinham ligação com o homem responsável pelo assalto em Simões Filho e foram identificados pelo grupo como pessoas ligadas ao crime.
"Quando eles dão uma resposta como essa a um integrante que foi morto, a intenção não é só matar o responsável direto. Eles escolhem pessoas que seriam criminosas aqui e, na visão deles, deveriam estar mortas. Nesse caso, inclusive, tem gente que morreu e nem era a pessoa que eles estavam indo atrás", relata a fonte, ouvida em sigilo pela reportagem.
Marcos Santos da Mota, 35, foi morto por volta das 3h no bairro Dois de Julho, de acordo com moradores. Até que ele fosse morto, houve intenso tiroteio na área. "Eu sei quem era, via passando aqui, mas não sabia de nada de envolvimento em crime. Ouvimos os tiros de madrugada, mas sem saber o que era. Quando foi ontem [quinta], veio a notícia que tinham matado ele", conta um morador, sem se identificar.
Uma outra moradora, do bairro Quarenta e Seis, onde Plínio de Almeida Franco, 45, foi morto, conta que o caso assustou a todos no bairro. "A gente ouviu os tiros, todo mundo está assustado porque foi algo muito pesado e ficamos como medo de que se repita. A policia falou que ia reforçar a segurança, mas mal vemos viatura passando por aqui", relata ela. Questionados, agentes da PM afirmaram que o reforço está em toda a cidade.
Coordenador do curso de Direto da Estácio e especialista em segurança pública, o professor Antônio Jorge Melo analisa que o que motiva a formação de grupos assim por policiais. "Existem aqueles que acreditam ser a lei e se colocam na condição de promotor, juiz e carrasco. São pessoas que desacreditam no sistema de perseguição criminal", aponta o ex-coronel.
"E, por isso, eles assumem o papel de vigilantes e vingadores, retaliando qualquer tipo de agressão sofrida por policiais. É uma ação para se impor, dar exemplo e intimidar a população, o que se assemelha muito ao que fazem as facções criminosas", completa Melo.
A Policia Militar da Bahia (PM-BA) foi procurada para responder se tem conhecimento ou investiga o grupo de extermínio de Camaçari. Em resposta, a corporação apenasd informou que intensificou o policiamento na região com equipes de unidades especializadas e que a polícia judiciária investigará a autoria e motivação das mortes.