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Da Redação
Publicado em 28 de março de 2024 às 08:00
A crise do transporte público metropolitano não é de hoje. Em entrevista ao jornal CORREIO em 2023, Walter Ferreira, então presidente do Sindmetro, informou que os problemas começaram há nove anos e se agravou em janeiro de 2022, quando a Viação Sol de Abrantes (VSA) foi fechada e deixou os rodoviários da empresa desempregados.
A VSA não foi a única empresa desativada em meio à crise. Durante a pandemia da Covid-19, oito empresas de transporte metropolitano suspenderam as atividades por problemas financeiros e não voltaram a rodar, sendo quatro - Expresso Linha Verde, ATP Transportes, VCA e Castur - que circulavam entre Salvador e a Região Metropolitana. No total, a RMS tinha 11 companhias de transporte.
Além das empresas falidas, os aumentos nos preços dos combustíveis e má divisão dos valores arrecadados por meio da tarifa do transporte são os principais problemas do sistema, segundo Walter Ferreira. “Do valor pago pelos passageiros, 65% vai para o metrô e 35% é dos empresários. Aí entra combustível, salário, ticket [alimentação] e pneu. O combo óleo diesel, trabalhador e pneu equivalia de 25% a 35% da renda. Hoje [em 2023], o óleo diesel, sozinho, está tomando 60% do orçamento. Assim as empresas de transporte vão acabar”, teme o presidente.
Para Luide Souza, especialista em Trânsito, os principais problemas do sistema intermunicipal envolvem integração do transporte metropolitano com os serviços do metrô e do BRT, tentativas fracassadas de reajuste salarial e a falta de informação entre prestadores do serviço e usuários.
Neste ano, a última greve de rodoviários metropolitanos aconteceu no dia 13 de março e prejudicou a rotina de pelo menos 100 mil pessoas usuárias de mais de 30 linhas de ônibus. Aproximadamente 1,8 mil rodoviários e 300 ônibus ficaram parados na garagem, de acordo com o Sindmetro. Na época, a categoria reivindicava a atualização da cesta básica, equiparação salarial pelas perdas da pandemia e aumento de 20% no ticket alimentação.
O acordo aconteceu na última terça-feira (26), quando os rodoviários fecharam o acordo coletivo: reajuste de 4,75% no salário, 5% nas cláusulas sociais e uma perspectiva de uma negociação posterior na cesta básica. “O movimento [paralisação] que aconteceria agora não vai acontecer mais, em virtude da proposta feita pelo Patronato ter passado na Assembleia”, justificou Catarino Fernandes, diretor de Comunicação do Sindmetro-BA.