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Tharsila Prates
Publicado em 7 de janeiro de 2025 às 13:33
A morte de Marcos Vinícius Alves Gonçalves, 20 anos, assassinado a tiros em Feira de Santana, na segunda-feira (6), após uma publicação nas redes sociais, reacendeu a preocupação com gestos ligados a facções criminosas e que estariam motivando assassinatos por bandidos rivais.
A Bahia registrou ao menos oito mortes com essa motivação em menos de 1 ano – a mais recente, de Marcos, tem apenas 24 horas. Ele aparece fazendo um gesto associado a uma facção que atua no município, que é o segundo maior do estado.
O crime ocorreu na Rua Boa Esperança, no bairro Asa Branca. De acordo com a Polícia Civil, dois homens se aproximaram da vítima e efetuaram os disparos. O jovem não possuía antecedentes criminais. A corporação apura se o caso trata-se mesmo de retaliação de uma facção rival.
No fim de 2024, o jovem Ian Lucas Barbosa de Jesus, também de 20 anos, morador de Narandiba, na capital, foi sequestrado no dia 31 e morto por traficantes do Bonde do Maluco (BDM) pouco após ter sua imagem divulgada nas redes sociais, onde diz a frase “cê sabe”, durante uma festa no Trobogy.
Segundo informação de policiais da região, o termo dito pelo rapaz passou a ser associado ao arquirrival do BDM, o Comando Vermelho (CV). Os dois grupos travam uma guerra violenta por territórios em Salvador e também no interior baiano.
Na semana passada, um suposto comunicado atribuído ao BDM circulou nas redes sociais, negando que integrantes da facção estivessem cometendo assassinatos tendo como mote esses sinais, incluindo a expressão “cê sabe” e camisetas do personagem Mickey, da Disney. A veracidade do comunicado não foi confirmada.
Nesta terça-feira (7), o secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, voltou a dizer que não cita nomes de facções ou lideranças nem fala sobre gestos e símbolos por considerar apologia. “O que fazemos é um trabalho articulado entre as forças de segurança estaduais e federais no enfrentamento à violência. Houve aumento de armas e drogas apreendidas, de pessoas presas, aumento do efetivo policial e de operações realizadas no estado”, afirmou.
Outros casos
3 de janeiro, Saubara
O ambulante Allisson Cerqueira Nascimento, 18 anos, foi agredido até a morte por um grupo de homens na cidade de Saubara, no Recôncavo Baiano. Apesar de não ter ligação com o crime, ele foi assassinado porque usava uma camisa com o desenho do Mickey, supostamente vinculada à facção conhecida como ‘A Tropa’. Traficantes do BDM são suspeitos pelo crime.
23 de fevereiro, em Salvador
Um casal foi morto dentro da própria casa e na frente dos filhos no bairro de Massaranduba, na capital. Identificados como Lorena Rabelo dos Santos, 26 anos, e Everton Silva de Araújo, os dois viraram alvos do CV após Lorena fazer uma live onde saudava integrantes do BDM e provocava os rivais. Na live, que teria acontecido semanas antes, integrantes do CV chegaram a avisar que todos seriam mortos. Os suspeitos usaram uma escada para invadir o prédio ondes as vítimas moravam.
9 de abril, em Salvador
Uma mulher acabou morta a tiros na Rua Neide Gama, no bairro do Engenho Velho da Federação. A vítima teria sido abordada por traficantes do CV no local que examinaram seu aparelho telefônico e encontraram vídeos em que ela faz um sinal em referência ao BDM. Depois, foi encontrada morta com dezenas de tiros na cabeça. Na ocasião, o bairro registrava confrontos entre as facções.
7 de outubro, em Emissário de Arembepe/ Camaçari
Músicos do Malê Debalê, Daniel Natividade, de 24 anos, e Gustavo Natividade, de 15 anos, foram mortos a tiros em um ataque do CV após posarem para foto onde faziam o número 3. Os dois não tinham vinculação com o crime, mas foram associados ao BDM, que tem o número como símbolo utilizado em pichações e saudações. Os irmãos foram perseguidos e executados. Duas pessoas também foram feridas.