Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Millena Marques
Publicado em 20 de novembro de 2024 às 07:19
Desde o final das eleições, começaram a acontecer várias coisas no município. Funcionários que foram demitidos, cortes de salários que não foram explicados, mas realmente o fundo do poço da saúde foi agora em novembro. Houve demissões de enfermeiros, médicos, funcionários de limpeza e segurança. Quem está fazendo a segurança agora é a Guarda Municipal, não é mais um segurança que era contratado via terceirização.
Para nós, médicos, tem sido muito difícil porque além da questão salarial (cortes de até 70% do salário), a gente não está conseguindo trabalhar por falta de equipamento, de medicação. Então, a UPA de Itinga já fechou essa semana por falta de equipamento para ver pressão, glicemia de paciente, por falta de raio x, de eletrocardiograma, de laboratório.
É tanta dificuldade, tanta coisa que está acontecendo nos últimos dias. A última mensagem que recebi (nesta terça-feira), dizia que a UPA continuava sem radiografia, sem laboratório e eletrocardiograma. Ou seja, quem estiver atendendo na UPA, tem que adivinhar o que a pessoa tem porque se quiser investigar, se quiser dar um melhor atendimento, não consegue porque não tem equipamento.
Virou um desafio. Quem está lá (na UPA), está trabalhando com o salário cortado, com falta de equipamentos e medicação, colocando em perigo a própria atuação profissional. Trabalhando em um lugar desse, o médico pode ser acusado de negligência ou de imprudência, quando a própria unidade não oferece a estrutura digna. Isso não é só para os profissionais médicos, mas para todos aqueles que trabalham na UPA. Está todo mundo vulnerável.
A equipe de enfermagem está trabalhando de uma forma bastante restrita. Tem gente dobrando escala porque não consegue ninguém para substituir. Chega um nível de cansaço de um enfermeiro que dá não sei quantos plantões e não recebe um salário no final do mês, não sabe se foi demitido, se continua trabalhando. O que ocorre em Lauro de Freitas é muito sério, é de um nível que eu nunca vi acontecer.
Relato de um médico da UPA, que preferiu não se identificar por medo de represália
Procurada, a prefeitura de Lauro de Freitas informou, por meio de assessoria, que “os serviços essenciais estão mantidos.”
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro