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Funcionário que morreu em queda de elevador já tinha sofrido acidente e voltou a trabalhar há um mês

Filho de trabalhador criticou demora para resgate do corpo: 'Se fosse algum barão que tivesse morrido, eles tinham fechado a rua e agilizado tudo'

  • Foto do(a) author(a) Maysa Polcri
  • Maysa Polcri

Publicado em 14 de novembro de 2024 às 14:14

Diogo Maurício dos Santos
Diogo Maurício dos Santos Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Ariston de Jesus Santos, 61, uma das vítimas da queda de um elevador no Horto Florestal,em Salvador, voltou a trabalhar como carregador de mudança há um mês. Ele havia quebrado dois dedos do pé durante um acidente de trabalho, na Pituba. Ele era um dos dois funcionários que estavam no elevador que despencou, na manhã desta quinta-feira (14).

As informações foram confirmadas por Diogo Maurício dos Santos, filho da vítima. Ele chegou ao local do acidente por volta das 12 horas. Em entrevista à reportagem, Diogo disse que os bombeiros ainda não tinham resgatado o corpo do pai, ao contrário do que informou a corporação. "Se fosse algum barão que tivesse morrido, eles tinham fechado a rua e agilizado tudo. Como é pobre, está assim", desabafou.

O Corpo de Bombeiros foi acionado às 10h21. Procurado, o Corpo de Bombeiros reafirmou que os dois corpos foram recuperados pouco antes das 13h, e aguardavam remoção e perícia pelo DPT. O Departamento de Polícia Técnica (DPT) chegou no local do incidente por volta das 14h.

Diogo Mauricio disse que ficou sabendo da morte do pai através de uma prima, que viu a notícia na televisão. Ariston de Jesus era amigo de Manoel Francisco da Silva, de 54 anos, a outra vítima da queda do elevador. "Minha prima me ligou, disse que um elevador caiu e tinha dois corpos dentro", falou. Ambas as vítimas moravam em Paripe, em Salvador.

A entrada de Diogo Maurício teve autorização demorada e ele ficou desesperado do lado de fora. "É meu pai que está aqui dentro!", gritou, batendo no vidro do portão. "Abre, meu está aí dentro", repetiu. 

Antes de ser contratado pela empresa Bom Preço Mudanças, há um mês, Ariston de Jesus estava afastado por questões médicas. Durante um serviço, em um condomínio na Pituba, ele foi atropelado por um carro. "A mulher veio de carro, de frente, e passou por cima do pé do meu pai com o carro. Disse que não tinha visto e que a culpa foi dele", contou Diogo. 

Acidente

O elevador estava no sexto andar e despencou cerca de 25 metros, na manhã desta quinta-feira (14). Dois trabalhadores que estavam dentro dele morreram. Eles foram identificados como Manoel Francisco da Silva, de 54 anos, e Ariston de Jesus, de 61.

O prédio onde aconteceu o acidente se chama Splendor, e fica na Rua Waldemar Falcão. Os dois funcionários estavam no elevador de serviço. Eles eram contratados de uma empresa de mudança chamada Bom Preço.

Lourival Santos, funcionário de outra empresa, que estava fazendo um serviço para moradores do mesmo apartamento, disse que não notou nenhum problema no elevador, que usou para transportar gesso. "A gente também pegou elevador, acredito que foi Deus mesmo, poderia ter acontecido com a gente", afirmou. Ele disse que no momento do acidente o impacto foi grande. "Eu pensei que tivesse sido uma construção desabando, porque foi um impacto muito forte".

Os dois corpos foram recuperados pelos bombeiros e o Departamento de Polícia Técnica (DPT) chegou ao local por volta das 14h. 

Funcionários da Atlas, responsável pelo elevador, foram ao local. A empresa divulgou nota lamentando as mortes. "A empresa lamenta profundamente a fatalidade ocorrida em um edifício residencial em Salvador e se solidariza com as vítimas e familiares. Informa que está cooperando com as autoridades na investigação das causas do acidente, bem como trabalhando com o condomínio e todas as outras partes envolvidas. Reitera, mais uma vez, as profundas condolências à família das vítimas", diz o texto.