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Wendel de Novais
Publicado em 13 de dezembro de 2024 às 15:00
A fuga de detentos do núcleo da facção Primeiro Comando de Eunápolis (PCE), que escaparam do Conjunto Penal da cidade no final da noite dessa quinta-feira (12), se constitui em um alto risco para o extremo sul da Bahia. Isso porque os 16 fugitivos do presídio acumulam 37 indiciamentos por mortes violentas em Eunápolis e municípios vizinhos, de acordo com documentos do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ) ao qual a reportagem teve acesso. Entre os crimes, estão, principalmente, homicídios qualificados, latrocínios, queimas de ônibus e até um assassinato de policial militar.
Além de Ednaldo Pereira Souza, o Dadá, que chefia o PCE e se apresenta como o foragido mais perigoso do grupo, há criminosos com uma ficha extensa de crimes. No caso da morte do agente de segurança, por exemplo, o crime é atribuído a Altieri Amaral de Araújo e aconteceu em Barrolândia, distrito da cidade de Belmonte, a cerca de 57 km de Eunápolis. Na ocasião, durante um assalto, Altieri e outro criminoso assaltaram um mercado em uma ação que acabou na morte do policial.
"No dia 8 de abril de 2011, por volta das 13h20, em um supermercado localizado no distrito de Barrolândia, na cidade de Belmonte/BA, os denunciados tentaram subtrair o dinheiro do cofre do estabelecimento comercial, mantendo ainda uma das vítimas refém, resistindo à ação policial e resultando na lesão corporal grave do cliente e na morte do policial militar Antônio Barbosa Rosa”, diz o documento de denúncia.
'Açougueiros'
Entre os detentos fugitivos, há indivíduos especialmente perigosos pelo quantitativo de registros de homicídios praticados. Um policial militar da região, que foi consultado pela reportagem e prefere não se identificar, destaca dois deles: Fernandes Pereira Queiroz e Rubens Lourenço dos Santos. “Esses dois aí têm uma série de mortes nas costas. São ‘açougueiros’ do PCE e mataram muitos na região”, conta. No sistema do TJ-BA, há seis indiciamentos de homicídios qualificados contra Fernandes e sete crimes do mesmo tipo atribuídos a Rubens.
Na ficha dos suspeitos, há crimes de motivo torpe executados apenas para demonstrar o poder da facção, como a morte de uma pessoa de cadeira de rodas em 2014, que foi executada a sangue frio por Sirlon Risério Dias Silva, que já foi indiciado por homicídio simples, homicídio qualificado e tráfico de drogas.
“No crime, em 2014, o denunciado efetuou diversos disparos contra a vítima Alisson Santos Cardoso. Na companhia de um comparsa, Sirlon atirou pelas costas da vítima, atingindo-a na cabeça, regiões cervicais e dorsal, pegando a vítima de surpresa, impossibilitando qualquer esboço de defesa, ainda mais que a vítima estava desarmada, e era deficiente físico, que usava cadeira de rodas”, aponta o processo.
Assim como passou a acontecer em Salvador nos últimos anos, a facção do PCE tinha a prática de incendiar ônibus para provocar medo na população e desafiar o poder público. O principal responsável por esses crimes foi Geifson de Jesus Souza que, em dois meses, queimou dois ônibus diferentes no bairro de Juca Rosa e Rosa Neto, em Eunápolis, após a morte de integrantes da facção.
Os outros criminosos reúnem mais registros de homicídios simples, qualificados, roubo majorado, tráfico de drogas, latrocínio e associação criminosa. Nenhum dos 16 fugitivos foi capturado e apenas um homem, que seria suspeito de ajudar na fuga, foi preso em Eunápolis.
Veja abaixo a lista de crimes pelos quais cada um foi indiciado:
Sirlon Risério Dias Silva: homicídio simples, homicídio qualificado e tráfico
Mateus de Amaral Oliveira: homicídio qualificado e roubo
Geifson de Jesus Souza: queima de ônibus, tráfico e porte arma
Ednaldo Pereira Souza: tráfico, homicídios e roubos
Anderson de Oliveira Lima: três indiciamentos por homicídio qualificado
Altieri Amaral de Araújo: dois homicídios qualificados e um latrocínio
Anailton Souza Santos: homicídio qualificado, porte de arma e tráfico
Fernandes Pereira Queiroz: seis homicídios qualificados
Giliard da Silva Moura: homicídio, tráfico e crime de tortura
Rubens Lourenço dos Santos: sete homicídios qualificados
Valtinei dos Santos Lima: latrocínio
Romildo Pereira dos Santos: dois homicídios qualificados e tráfico de drogas
Thiago Almeida Ribeiro: sem indiciamento público registrado
Idário Silva Dias: quatro homicídios qualificados
Isaac Silva Ferreira: quatro homicídios qualificados
William Ferreira Miranda: homicídios simples e dois homicídios qualificados