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Carol Neves
Publicado em 30 de janeiro de 2025 às 07:50
A Frente Única PCD, uma organização da sociedade civil que luta por inclusão, divulgou um manifesto criticando a ação da Polícia Militar que terminou com a morte do jovem Yure Almeida, de 28 anos, em Acupe de Brotas, essa semana. O rapaz trabalhava em uma borracharia, tinha deficiência intelectual e foi morto a tiros no que familiares e vizinhos chamaram de ação arbitrária da PM. A corporação afirma que Yure foi baleado depois de atirar contra policiais. >
No texto, a Frente Única diz que o rapaz foi perseguido e assassinado "sem lhe oferecer a mínima oportunidade de defesa e constatação da sua condição". A nota destaca que não existe pena de morte legal no país e que os policiais deveriam deter o cidadão e encaminhá-lo para delegacia, em caso de suspeitas. >
"A morte brutal de um jovem negro, pobre e da periferia, que também era pessoa com deficiência, representa uma afronta inaceitável a todos nós. Esse ato de violência não é apenas um ataque a um indivíduo, mas um ataque a todos os princípios de dignidade, respeito e direitos humanos que deveriam ser garantidos a todas as pessoas. A tragédia que se abateu sobre essa família ecoa em nossas comunidades, ressaltando a urgência de um debate mais profundo sobre a segurança pública e a proteção dos grupos mais vulneráveis", acrescenta o texto. >
A Frente pede que o caso seja investigado com rigor e destaca que não se trata de um fato isolado. "Além disso, convocamos toda sociedade e as organizações de direitos humanos para unirem força na luta por um sistema de segurança que preze pelo respeito à vida e à dignidade de todos(as), independentemente de seu sexo/gênero, cor/etnia, classe social, religiosidade ou condição".>
Relembre>
O rapaz foi morto na frente da casa de uma vizinha, na manhã da terça-feira (28), no Acupe de Brotas. Moradores acusam os PMs de agirem com violência injustificada. "Umas 9h da manhã de hoje apareceram umas quatro guarnições aqui, entrou e matou um menino inocente, especial. Todo mundo gostava dele aqui. Cadê as câmeras nas fardas dos policiais?", cobrou a moradora Silvia, falando na TV Bahia. "Se ele fosse envolvido (no crime) a gente não estaria aqui".>
Ainda de acordo com a moradora, os tiros aconteceram em frente à casa de uma senhora que usa marcapasso e passou mal depois do episódio.>
Em nota, a PM diz que policiais militares da Rondesp Atlântico atuavam na Avenida Caetano, no Acupe de Brotas, quando apreenderam arma de fogo e drogas. "Durante policiamento na região, os militares avistaram indivíduos armados que, ao perceber a presença policial, atiraram e fugiram em direção a um beco". Ainda segundo a PM, os policiais encontraram uma residência com um grupo de pessoas que teria alegado que a casa foi invadida por um homem armado. "Os policiais progrediram no imóvel e foram surpreendidos com disparos, sendo necessário o revide. Após o cessar-fogo, o ferido foi encontrado caído com uma arma de fogo, sendo socorrido para o HGE, onde não resistiu aos ferimentos".>
Na tarde após a morte, vizinhos e familiares protestaram ateando fogo a objetos e interrompendo trânsito em trecho da Avenida Vasco da Gama. >