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Tharsila Prates
Publicado em 23 de janeiro de 2025 às 19:31
Frases de cunho racista e misógino foram pichadas nas portas internas de um dos banheiros do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o que provocou indignação na comunidade acadêmica e reação do Centro Acadêmico (CA) e da própria Congregação do Instituto. Ambos publicaram notas de repúdio ao ato.>
O caso aconteceu na última segunda-feira (20), no campus de Ondina, em Salvador, no térreo do prédio anexo do Instituto de Letras. Uma das frases dizia "Nojo de negros", com uma suástica (símbolo nazista) desenhada abaixo da inscrição. Em outra porta, dava para ler "Mulheres pretas são porcas, malditas e escravas".>
"A situação causou muito desconforto à comunidade acadêmica do Instituto de Letras. As fotos começaram a rodar entre alunos e professores, causando revolta. Emitimos a nota de repúdio do CA e conversamos com a direção para que eles também tomassem uma posição, o que foi feito", afirma Murilo Pereira, coordenador-geral do Centro Acadêmico de Letras Jorge Amado e representante discente da Pós-Graduação de Língua e Cultura.>
Ele acredita que é provável que o(a) autor(a) tenha feito as inscrições no fim de semana ou na manhã de segunda (20). "Além da misoginia e do racismo, você vê a insígnia do nazismo ali. Não é uma brincadeira, é algo muitíssimo sério. Um espaço universitário com esse tipo de inscrição em parede, sabe? Temos pensado em quais medidas tomar, como a gente pode mobilizar e conscientizar melhor a comunidade", diz Murilo.>
Na nota datada de 20 de janeiro, o CA manifestou "completa aversão e repúdio a este tipo de comportamento". "Ressaltamos que mensagens racistas, nazistas, misóginas, lgbtfóbicas e de qualquer outra motivação discriminatória são criminosas e, acima de tudo, inaceitáveis e revoltantes em qualquer espaço.">
O Centro Acadêmico complementa que "a Universidade seja um espaço diverso, de acolhimento e celebração das diferenças, um lugar onde nos preparamos para mudar a estrutura de nossa sociedade racista e preconceituosa". A nota conclui dizendo que "a luta contra o racismo é nossa, e não haverá espaço para ele em nossa instituição".>
A direção planeja adotar propostas educativas e medidas legais. Na nota publicada nas redes sociais no último dia 22, a Congregação do Instituto de Letras diz que "formas de racismo e preconceito ferem os princípios de boa convivência, agridem violentamente as pessoas, desrespeitam a instituição e incitam o ódio".>
A nota lembra ainda que as ações constituem crime que será punido na forma da lei. "Estamos buscando identificar a autoria dos textos encontrados para que sejam tomadas as providências legais.">
Inicialmente, foi solicitado pela direção que as inscrições fossem apagadas, mas como o caso demanda providências legais, as portas ainda exibem as frases, como prova de que ocorreu o crime.>