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Forró em todo lugar: entenda por que o forró está conquistando o mundo inteiro

Veja também cinco lugares onde ainda dá tempo de aprender a dançar até o São João

  • Foto do(a) author(a) Priscila Natividade
  • Priscila Natividade

Publicado em 18 de junho de 2023 às 11:00

A procura é grande por aulas de forró, tanto por quem mora aqui em Salvador como também por estrangeiros
A procura é grande por aulas de forró, tanto por quem mora aqui em Salvador como também por estrangeiros Crédito: Marina Silva/ CORREIO

Zabumba, sanfona, triângulo, forró tocando no Rio Vermelho. O empresário americano Stephen Storey tratou logo de tirar alguém para dançar. Só que ele acabou trocado por um “velho” – como assim ele conta – porque pisou diversas vezes no pé da menina. “É uma história bem engraçada. Saí com uma garota e não sabia dançar forró. Quando um senhor a chamou para dançar, ele começou a girá-la e ela sorria muito. Fiquei envergonhado”.

Stephen não perdeu tempo e na segunda-feira, olha ele lá começando a tomar aula de forró. O americano garante que aprendeu direitinho e hoje já não passa mais vergonha. “Sempre fui uma pessoa que dançava, mas nunca fui para aula de dança até me mudar para Salvador. Levei cerca de seis meses de prática consistente para aprender. No começo foi um pouco difícil, mas só porque eu também estava aprendendo português ao mesmo tempo. Dançar forró hoje é uma coisa que eu faço sorrindo quase o tempo todo”, afirma o fã de Elba Ramalho e Dominguinhos.

Stephen Storey  é mais um estrangeiro que se rendeu aos encantos do forró
Stephen Storey é mais um estrangeiro que se rendeu aos encantos do forró Crédito: Acervo Pessoal

E parece que a sala de reboco ficou pequena para o forró. Não é por um acaso que o gênero musical tradição do São João vem ganhando mais espaço fora do Brasil do que se imagina. Seja xote, baião, pé-de-serra ou xaxado, todo mundo gosta mesmo é de um xenhenhém. O forró está um passo mais a frente do São João, como pontua a professora de forró, Géssica Barreto, que tem atualmente uma média de 35 alunos somando aulas particulares, grupos de forma online e presencial, entre eles estrangeiros.

“Muita gente acha que o forró se resume ao período junino, mas hoje o movimento é muito grande no Brasil e no mundo com festas, bailes, aulas, workshops e festivais o ano inteiro. Além disso, como Salvador é uma cidade turística é bem comum ter estrangeiros procurando as aulas também”.


A professora Géssica Barreto (de óculos) tem uma média de 35 alunos
A professora Géssica Barreto (de óculos) tem uma média de 35 alunos Crédito: Marina Silva/ CORREIO

Recentemente, Géssica deu aulas para pessoas da Holanda, Austrália, Canadá, França, Inglaterra e Israel. “Meu foco principal é ensinar as pessoas a dançar forró com um olhar feminista e contemporâneo, através de autoconhecimento e criatividade. Geralmente, há uma dificuldade pela falta de familiaridade com os gêneros e ritmos brasileiros devido às diferenças culturais, musicais e corporais, mas nada os impede de mergulhem no forró”, ressalta a professora.

"Há uma dificuldade pela falta de familiaridade com os gêneros e ritmos brasileiros devido às diferenças culturais, musicais e corporais, mas nada os impede de mergulhem no forró"

Géssica Barreto

professora de forró

Uma dessas alunas foi a holandesa Britta Weijers, que está há três semanas em Salvador. A primeira vez que ela viu alguém dançar forró foi quando morava em Lisboa. “Meu principal motivo de estar aqui no Brasil é dançar forró. Eu fiquei apaixonada com a dança e música, mas nunca tentei por que era tímida. Alguns anos depois, comecei aulas em Amsterdã e continuei em Sidney, onde eu moro atualmente”.

No início, Britta achou complicado pegar os passos e demorou um pouco até relaxar e só curtir. “Os holandeses não têm ritmo no sangue como os brasileiros. Era completamente novo para mim. Foi através do forró que pude fazer muitas conexões lindas. É como um vício para mim, depois de uma noite de bom forró, me sinto alegre e energizada”.

Gringos forrozeiros

E dá mesmo para colocar gringo no ritmo? Quem responde é a professora de forró da Escola Cabrueira, Helca Naiara de Souza. Baiana, Helca saiu daqui para dar aulas em Dublin, na Irlanda. “O gringo tem ritmo sim. Incrivelmente quando eu cheguei aqui, conheci muitos irlandeses que dançam forró. Uns melhores que outros, no tempo deles. Sinto que falta o pouco de dendê, porém, nada que o tempo com uma baiana ‘retada’, como eu, não resolva”, brinca.

Baiana, Helca Naiara é professora de forró na Irlanda
Baiana, Helca Naiara é professora de forró na Irlanda Crédito: Acervo Pessoal

Os encontros acontecem em locais abertos pela cidade e sempre tem alguém interessado em participar, como destaca Helca: “Geralmente são pessoas de diversas nacionalidades, mexicanos, turcos, e os irlandeses também. Mas a maior procura é de brasileiros, imigrantes quer querem matar a saudade do xodó que é o forró”.

"Geralmente são pessoas de diversas nacionalidades, mexicanos, turcos, e os irlandeses também. Mas a maior procura é de brasileiros, imigrantes quer querem matar a saudade do xodó que é o forró"

Helca Naiara

professora de forró

A aula avulsa custa 12 euros, o que corresponde a algo em torno de R$ 63. "Dançar forró é trocar energias. Eu entrei no Cabrueira como aluna e hoje sou professora e me sinto muito feliz por ser uma referência de mulher negra na dança. Quando comecei a dançar, fazia residência em medicina veterinária. Era muito tímida e insegura com meu corpo e comigo mesma. O forró me permitiu conhecer pessoas, aprender a dançar. Mudou meu comportamento e a minha forma de olhar para mim e para os outros”.

Ainda na Europa, tem gente como a professora francesa Marion Lima, que não só aprendeu a dançar forró como também passou a ensinar a dança em Paris, coisa que ela já faz há quase 20 anos. “Eu nunca tive nada a ver com o Brasil, nem do pai, nem da mãe, nem da família, enfim. Na verdade, eu dançava salsa antes, mas já estava cansada de dançar salsa em Paris. Até que um dia, eu saí à noite e me deparei com um show de forró. E aí foi amor à primeira vista pelo som da sanfona”, relembra.

Marion Lima aprendeu a dançar forró e hoje é professora há mais de 20 anos em Paris
Marion Lima aprendeu a dançar forró e hoje é professora há mais de 20 anos em Paris Crédito: Acervo Pessoal

Marion não hesitou em ir perguntar ao sanfoneiro o que era aquilo: “Mas o que é isso? Ele me falou que era forró, que era do Brasil, mas eu não conhecia nada. Até que o sanfoneiro comentou comigo que também dava aulas de forró”. Não deu outra: Marion apareceu nas aulas e não demorou muito para virar assistente e até assumir sua própria turma.

“O forró foi crescendo aqui na França. Eu não senti muita dificuldade porque eu já dançava salsa, jazz, ballet, sapateado, sabia conduzir. Senti muito prazer, gostei muito. Achei que o forró tinha tudo a ver com a forma de eu me expressar, que essa dança tinha tudo a ver comigo”.

No entanto, Marion só se sentiu forrozeira legítima, quando visitou o Brasil, inclusive, Salvador. “O forró ainda tem toda essa cultura que vem junto. Já era apaixonada pela dança e me apaixonei pelo país também. Na primeira vez, passei um mês. No ano seguinte fiquei três meses no Brasil e hoje levo meus alunos porque acho importante entenderem a terra, o povo brasileiro”, comenta.

Marion dá aulas para turmas de 50 e 100 alunos por semana. Ultimamente, maior parte são brasileiros que vivem em Paris além de franceses e italianos. “O que eu prefiro é justamente a mistura dos ritmos: começa no xote, vai para um baião e depois para um xaxado, um arrasta-pé e assim você troca as energias, as sensações. Gosto muito da diversidade. Sem o forró a vida é diferente. Tem um jeito de se abraçar, de viver um momento presente, que faz falta no dia a dia aqui”.

"Gosto muito da diversidade. Sem o forró a vida é diferente. Tem um jeito de se abraçar, de viver um momento presente, que faz falta no dia a dia aqui"

Marion Lima

professora de forró

Para não pisar no pé

A gente sabe que falta menos de uma semana até o São João, mas ainda dá tempo de acertar o passo e conseguir aprender a dançar forró. Listamos no box ao lado cinco escolas e professores mais badalados, que estão com turmas abertas. Em geral, há opções de aulas de um ou dois dias na semana. A depender da escola dá para optar por encontros avulsas ou pelo plano mensal que varia de R$ 120 a R$ 180.

No entanto, se engana quem pensa que essa correria para dançar forró começa somente quando o mês de junho bate na porta. Segundo o fundador da escola e estilo de dança Cabrueira, Edj Braga, a real é que o movimento de procura começa assim que termina o Carnaval e triplica quando cola no São João.

“Isso é bacana porque essas mesmas pessoas que procuram só nesse período acabam se apaixonando e ficando a ano todo e fidelizando com a escola. O que eu venho observando é que as pessoas estão vindo não só para aprender a dançar, mas para se socializar, se conhecer, cuidar da saúde mental. Tem a dança como realmente parte de uma terapia”.

"O que eu venho observando é que as pessoas estão vindo não só para aprender a dançar, mas para se socializar, se conhecer, cuidar da saúde mental. Tem a dança como realmente parte de uma terapia"

Edj Braga

fundador da escola e estilo de dança Cabrueira

Edj, tem mais de 20 anos ensinando forró e já levou o ritmo para países como: França, Alemanha, Rússia, Bélgica, Portugal, Suíça e Canadá. É ele quem explica ainda os estilos preferidos por aqueles que gostam de um benzinho, um cangote e um fole de sanfona:

“O xote é um pouquinho mais lento para dançar coladinho. Já o baião é mais acelerado e requer mais energia. E o arrasta-pé é aquela coisa mais marcada, como se estivesse marchando. Cada um tem o seu tempo para aprender que depende muito do querer da pessoa. Se ela focar, se dedicar, em uma semana ela já consegue desenvolver e não passar feio no São João”, garante.

Também professor de forró, Daniel Maia, mais conhecido como Dan Forrozin, dá aulas para 86 alunos só nesse mês de junho. Na turma, os solteiros e solteiras são maioria. Foi nas aulas de forró que ele mesmo conheceu seu par. Já são 9 anos dançando juntinhos. “Sou um exemplo vivo disso. Praticamente, a cada três meses a gente forma um casal aqui. Principalmente nas aulas presenciais, a procura é maior por quem não está comprometido. Só quatro pessoas da turma inteira têm namorada ou namorado”.

"Praticamente, a cada três meses a gente forma um casal aqui. Principalmente nas aulas presenciais, a procura é maior por quem não está comprometido. Só quatro pessoas da turma inteira têm namorada ou namorado"

Daniel Maia

professor de forró

Para aprender a dançar é preciso dedicação. “Treinar sempre, fazer o dever de casa do que aprende na aula. Forró é bom porque expressa o que está dentro da gente. Quando a gente dança, em si, estamos internalizando nossa personalidade. É uma forma maravilhosa de socializar, conhecer pessoas. Sempre na dança a dois você está ali com o parceiro ou parceira e precisa respeitar o outro”, complementa Dan.

Intensivão

Não cai na prova do Enem, mas nem tudo está perdido para aqueles que querem tirar alguém para dançar em algum coreto de praça por aí. Italo Ribeiro e Sarah Lima dão aulas na Praça do Imbuí e na unidade da Ebateca no mesmo bairro. Vai rolar um itensivão para quem se interessar, como explica Italo. São quatro encontros com 60 minutos de duração:

“Além do curso regular, trabalhamos com um curso rápido de quatro aulas. É uma aula focada nas necessidades do aluno, maior rendimento na aprendizagem e aproveitamento dos movimentos na dança, onde ele vai aprender com facilidade e atenção especial. O curso custa R$ 400”, pontua.

Na Escola Um Xote, um Baião também tem um curso para aprender a dançar bem rápido da condução ao giro. O fundador e professor Bruno Gusmão esclarece que são oito aulas para aprender o básico. “A galera entre 25 e 45 anos procura bastante nossas aulas. Ensinamos técnicas de condução, giros e outros elementos da dança até chegarem ao final do módulo básico que contém os passos que irão nortear todos os outros passos avançados do forró. Todos devem experimentar dançar pelo menos uma vez na vida. É maravilhoso”.

ARTISTAS BAIANOS DE FORRÓ RAIZ CONQUISTAM O EXTERIOR

Não é só os passos do forró que estão fazendo sucesso mundo afora. Os forrozeiros também têm conquistado esse espaço, sobretudo, artistas baianos. O cantor Del Feliz é um dos que a cada ano, vem ganhando uma agenda internacional mais intensa.

“Sempre viajo muito para fora, mas, esse ano tive a coragem de ir em maio para a Europa, onde além de shows, participamos de um congresso importante na França. Na palestra, falei um pouco sobre a importância e a diversidade dos ritmos desse do forró de raiz”.

Del gravou também um clipe em Paris. “O forró não tem fronteira porque é interessante e atrativo. É uma música muito forte que tem uma originalidade. A base de sanfona, zabumba e triângulo tem uma sonoridade específica. E o forró tem na dança um componente fundamental de atração de pessoas do mundo inteiro. A base, o cuidado dessa música é justamente a leveza, poesia e a nossa história”, afirma.

"O forró tem na dança um componente fundamental de atração de pessoas do mundo inteiro. A base, o cuidado dessa música é justamente a leveza, poesia e a nossa história"

Del Feliz

cantor

Apesar de não ter até o momento uma agenda fora do país por conta das festas juninas no Nordeste, o cantor Adelmário Coelho é mais um que reconhece a importância dessa presença do ritmo além do Brasil.

“É muito valioso, que a nossa cultura forrozeira possa alçar novos voos mundo a fora. Temos aí uma missão que considero de alta relevância, que é fazer com que ele seja assimilado na sua plenitude no nosso país, na nossa casa. De norte a sul, leste a oeste os brasileiros precisam também compreender e consumir essa cultura”, opina.

ONDE APRENDER A DANÇAR

1. Géssica Barreto (@gessicabarreto) - Aulas online e presenciais de forró particulares e em grupo segundas e quartas das 20h30 às 21h30 no Rio Vermelho (Videira Terapias) e terças, quintas das 20h30 às 21h30 e sábados das 11h às 12 em Ondina (Aldeia Health Club). A mensalidade custa R$ 125 e a aula avulsa, R$ 40.

2. Um Xote, um Baião (@umxoteumbaiao) - Aulas de forró nível intermediário no Rio Vermelho toda segunda-feira das 19h às 20:30. O investimento é de R$ 20 (matrícula) + R$ 140 (mensalidade). O professor Bruno Gusmão também dá aula de forró nível iniciante em Brotas, aos sábados das 13h30 às 20h30. A matrícula custa R$ 20 e a mensalidade, R$ 120.

3. Forró Cabrueira (@cabrueiraoficial) - Em Salvador, as aulas acontecem no Clube 2004 da Bahia, no Jardim Armação e em Brotas, na Ladeira dos Gales. São três tipos de turmas: Bê A Bá, Iniciante e Intermediário. Tanto em Armação como em Brotas, as aulas são nos dias de segunda-feira e quarta-feira, terça-feira e quinta-feira e também aos sábados. Os horários vão depender da turma, porém, as aulas são sempre a noite, a partir das 18h, exceto no sábado, que tem turmas das 10h às 12h (iniciante) e 15h às 17h (mista). O valor mensal é R$ 150, trimestral, R$ 130. Semestral, 110. E os planos trimestral e semestral podem ser divididos em até 3 vezes no cartão de crédito. A aula avulsa custa R$ 40.

4. Aula de Forró Salvador (@auladeforrosalvador) - Italo Ribeiro e Sarah Lima ministram aulas de forró na Praça do Imbuí, às terças e quintas, 19h, e na Ebateca Imbuí às segundas e quartas a partir das 19h. Eles também dão aulas particulares. A mensalidade custa R$ 150.

5. Dan Forrozin (@danforrozin) - Às segundas e quartas (19h às 20h/ 20h às 21h) e aos sábados (15h às 16h/ 16h às 17h), as aulas acontecem no Caminho das Árvores, no Condomínio Residencial Iguatemi, e custam R$ 180 (quatro aulas/ uma vez por semana) e R$ 320 (oito aulas/ duas vezes na semana). Às quiantas, Dan ministra aulas no Shopping Vilas Boulevard, em Vilas do Atlântico (19h30 às 20h30). A mensalidade de quatro aulas com frequência de uma vez por semana sai por R$ 160.

Às segundas e quartas (19h às 20h/ 20h às 21h) e aos sábados (15h às 16h/ 16h às 17h), as aulas acontecem no Caminho das Árvores, no Condomínio Residencial Iguatemi, e custam R$ 180 (quatro aulas/ uma vez por semana) e R$ 320 (oito aulas/ duas vezes na semana). Às quiantas, Dan ministra aulas no Shopping Vilas Boulevard, em Vilas do Atlântico (19h30 às 20h30). A mensalidade de quatro aulas com frequência de uma vez por semana sai por R$ 160.

O projeto São João em todo canto é uma realização do jornal Correio com patrocínio da Via Bahia e apoio da Larco Petróleo.