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Emilly Oliveira
Publicado em 1 de agosto de 2023 às 06:10
O filhote de onça-parda Ravi, da espécie suçuarana, é o novo morador do Zoológico de Salvador. Apesar do nome semelhante ao de um dos bairros da cidade, o animal foi resgatado em Cambuci, no Rio de Janeiro, e está na capital baiana há apenas cinco dias. Ele foi encontrado sozinho quando tinha três meses e, por causa da pouca idade, dificilmente conseguiria se adaptar à vida na natureza.
Depois de passar por avaliações no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres no Rio de Janeiro (Cras), o Zoológico de Salvador foi escolhido como o melhor lugar para cuidar dele, que agora está com seis meses. Como o objetivo principal é preservar a espécie e não a exposição do animal, Ravi ainda deve passar por mais três meses de adaptação, antes de ser exposto para os visitantes do zoológico.
Considerado um bebê, ele pesa cerca de seis a oito quilos, tem o tamanho equivalente ao de um gato adulto e come 600 gramas de proteína por dia, metade de manhã e metade à tarde. Na fase adulta, Ravi pode chegar a 70 quilos e a quase 3 metros de comprimento. A expectativa de vida de um animal como ele no zoológico é de cerca de 20 anos. Na natureza, o número é menor.
O veterinário responsável pelo setor de grandes carnívoros do Zoológico de Salvador, Marcos Leônidas, afirma que não há informações sobre o motivo do resgate do animal. Como ele chegou em boas condições e foi achado sozinho, a equipe acredita que ele tenha ficado sem a mãe, por ela ter sido vítima de caça ou atropelamento.
A falta de convívio com a mãe impossibilita que ele aprenda a caçar e a se defender predadores, o que reduz a expectativa de vida dele na natureza. Somado a isso, a aproximação com seres humanos pode gerar uma relação de confiança no animal, fazendo que ele identifique as pessoas como fonte de alimento e tente se aproximar de casas, esperando ser alimentado como no cativeiro, caso não consiga caçar.
Diante disso, o veterinário destaca que o objetivo da permanência do animal do zoológico é garantir o bem estar dele e preservar a espécie. “Expor o animal é a última função de um zoológico. Essa é uma ação de preservação da espécie. Em possíveis projetos de reintrodução, ele estará aqui bem cuidado para gerar novos membros para a vida livre, que está em estado de vulnerabilidade de extinção”, destacou Marcos.
Além de Ravi, o zoológico cuida de outras quatro onças: o macho Guri, de 5 anos, e a fêmea Susu, de 13 anos, ambos pardos; uma onça-pintada fêmea chamada Alfa, de 5 anos; e uma onça-preta macho, chamada Esteban, de 19 anos, o mais velho do grupo.
Em 2015, houve uma votação popular para escolher o nome de uma onça-preta que nasceu no Zoológico de Salvador no mesmo ano. Desta vez, a escolha do nome de Ravi foi uma homenagem da equipe do zoológico à veterinária Victoria Bastos, de 28 anos, que trabalha no local há pouco mais de um ano e está grávida de sete meses de Ravi.
“Me sinto muito feliz em poder participar de alguma forma desse momento tão especial. Fazer parte da equipe do Zoológico de Salvador sempre foi um sonho pra mim. Viver essa homenagem em conjunto com a chegada de um filho é uma benção. Ravi será muito bem cuidado pela nossa equipe e já consigo imaginar o meu filho vindo visitar o Zoo e admirando toda a beleza desse nosso novo morador”, afirmou Victória.
De acordo com o veterinário Marcos Leônidas, além das onças, a lista de animais mais requisitados pelos visitantes do zoológico inclui os hipopótamos, os jacarés, os macacos e as serpentes.
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo