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Millena Marques
Da Redação
Publicado em 7 de novembro de 2023 às 13:27
A filha da cantora gospel Sara Mariano teria pedido para mãe se separar do pai dias antes do crime acontecer, no último dia 27, quando a pastora foi encontrada morta às margens da BA 093, na altura de Dias D’Ávila, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).
De acordo com a advogada Sarah Barros, representante da família materna da criança, de 11 anos, a pastora enviava áudios aos familiares constantemente, relatando que vivia em um relacionamento abusivo.
"Ela sofria, claramente, violência psicológica e moral. Ederlan controlava Sara, pegava o celular dela. A vítima, inclusive, enviava os áudios à família e, em seguida, informava que estava apagando o conteúdo, para que ele não ouvisse esses relatos", informa Barros.
Em um desses áudios, Mariano teria informado que a própria filha teria pedido para a mãe se separar do pai, por causa do comportamento que ele teria apresentado nos últimos tempos. "Ultimamente, ele [Ederlan] estava bebendo muito, chegava embriagado em casa e teria forçado Sarah a ter relações sexuais", disse a advogada.
Essas informações foram obtidas por meio dos áudios que a cantora gospel enviava à família, mais precisamente à mãe, Dolores Correia, e à irmã Soraya Correia.
Ainda conforme a representante da família materna, não há comprovações de que Sara Mariano também era vítima de violência física. No entanto, na última segunda-feira (6), uma pessoa teria informado que viu a pastora com manchas em um dos braços.
"Uma pessoa informou que viu Sara, antes do desaparecimento, com o braço roxo, mas não temos como imputar a responsabilidade do braço roxo a Ederlan. O que podemos afirmar, com certeza, é que Sara era vítima de violência doméstica, moral e psicológica", pontua.
O último contato da família de Sara Mariano com a filha da cantora gospel, de 11 anos, foi no dia 26 de outubro. Segundo a advogada, a criança está com os avós paternos desde que o pai foi preso, no mesmo dia em que o corpo da vítima foi encontrado carbonizado.
"A família está traumatizada com tudo que aconteceu, com o assassinato de Sara de forma brutal. O último contato com a menor foi na quinta-feira, quando sara ainda estava desaparecida", afirma Sara Barros.
A família materna entrou com um pedido de convivência no plantão judiciário do último feriado, dia 2 de novembro. Inicialmente, o plantão declinou a competência e o pedido foi encaminhado à 6º Vara da Família do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). Nesta terça-feira, a defesa entrou com pedido de guarda unilateral, destinada exclusivamente a um dos genitores ou a quem o substitui.
A cantora gospel e pastora Sara Mariano desapareceu na terça-feira (24) quando saiu de casa no bairro de Valéria, em Salvador, para seguir rumo a um evento religioso em Dias D'Ávila, na Região Metropolitana de Salvador. A denúncia foi feita pelo marido dela, Ederlan Mariano.
Segundo Ederlan, Sara tinha costume de participar de vários eventos religiosos e na noite de terça um carro foi buscá-la para levá-la até o encontro do qual ela participaria. Mais tarde, ele tentou falar com a esposa e não conseguiu. Ele não tem mais detalhes sobre se ela chegou a partir do evento.
Ederlan chegou a ir até o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para prestar queixa na manhã de quinta-feira (26). O corpo de Sara Mariano foi encontrado carbonizado às margens da BA 093, na altura de Dias D’Ávila, na tarde desta sexta-feira (27). O marido reconheceu os restos mortais da vítima.
Como o corpo estava carbonizado e irreconhecível, a suposta identificação só foi possível inicialmente graças aos objetos encontrados ao lado da vítima, apontados como de Sara. No mesmo dia, Ederlan foi preso. Inicialmente, foi divulgado que ele confessou o crime, mas a defesa nega. Ele alega ser inocente.
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro