Festival Viva Verão chega ao fim com shows de Filhos de Gandhy, Timbalada e Gaby Amarantos

Primeira edição do festival teve início no último dia 16

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  • Raquel Brito

Publicado em 25 de fevereiro de 2024 às 22:43

Gaby Amarantos cantou na última noite de Viva Verão
Gaby Amarantos cantou na última noite de Viva Verão Crédito: Ana Lúcia Albuquerque

No verão de Salvador, o que não falta são festas e o Festival Viva Verão veio esticar as celebrações: desde o último dia 16, nomes do samba, axé, MPB e pop sobem ao palco, montado na Praça Cayru, no Comércio. Neste domingo (25), último dia do evento, a festa ficou por conta de Filhos de Gandhy, Timbalada e Gaby Amarantos.

A primeira atração do dia foram os Filhos de Gandhy. Com os tradicionais turbantes brancos e a energia que só a percussão deles tem, o grupo tirou do chão o público ainda acanhado.

De longe, a animação de Cosmilda Santos, 50, se destacava na plateia. A assistente social é fã de carteirinha dos Filhos de Gandhy e fez questão de chegar cedo para vê-los de perto. Ela está acostumada: no Carnaval, foi atrás dos ídolos por três dias seguidos e garante que teria disposição para mais. “A minha amiga, que veio comigo hoje, me pergunta de onde vem tanta energia. Eu digo a ela que minha energia é ancestral. Se o Carnaval durasse 30 dias, eu brincava o mês inteiro. Se tiver mais festa, pode me chamar que estou dentro”, diz.

O festival foi pensado para prolongar os festejos do Carnaval, que aconteceu mais cedo este ano, e chamar os turistas que continuam na cidade para conhecer e aproveitar ainda mais a cultura baiana. Walter Pinto, subsecretário de Cultura e Turismo de Salvador, avalia a primeira edição da festa como um sucesso. “Foi crescente o número de público. Nós começamos timidamente, acho que as pessoas ainda estavam cansadas do Carnaval, mas a composição dos artistas fez com que as pessoas se motivassem e viessem nos outros dias”, pondera.

Por volta de 19h30, foi a vez da Timbalada. Mostrando que todo dia é Carnaval em Salvador, a banda cantou seus próprios sucessos e também clássicos da folia, como Chame Gente. Para Buja Ferreira, vocalista da banda, o Viva Verão foi o fechamento com chave de ouro da temporada de festas da Timbalada. “Cantar para o povo é sempre uma coisa linda, porque a Timbalada é um movimento cultural e social, são 33 anos de história. As pessoas cantando, chorando, se emocionando, isso é muito importante para a gente”.

O português Evandro Oliveira, 44, cruzou o oceano com o namorado Henrique Silva, 24, para curtir o verão soteropolitano. Professor de biodança, ele diz que é uma alegria prestigiar pessoalmente a energia das festas da Bahia. “É maravilhoso ver aqui a representação ao vivo de ritmos tão bonitos e ricos, cheios de cor, alegria e mensagens fortes. A música baiana ajuda a gente a conectar com a alegria, com a paz e com a liberdade”, afirma.

As aposentadas Sandra Jurema, 68, e Vera Lúcia, 69, que vivem em Brasília, chegaram em Salvador no fim de dezembro para passar o verão. “A nossa temporada de verão é aqui todo ano. A gente não abre mão. E aproveitamos tudo, todas as festas!”, conta Sandra.

Quem fechou a noite foi a cantora Gaby Amarantos. Com um figurino que homenageia os botos-cor-de-rosa da Amazônia, ela celebrou a oportunidade de unir a música baiana à cultura preta e periférica paraense. “Eu amo Salvador, amo fazer shows aqui. Eu sempre trago também um pouquinho do Pará, para misturar nesse Carnaval que é tão maravilhoso e tão multicultural”, contou a cantora, antes de subir ao palco do Viva Verão.

Gaby cantou sucessos próprios, como Xirley, e fez do seu show um festival por si só: apresentou canções como Faraó, de Margareth Menezes, Voando pro Pará, de Joelma, e Velha Infância, dos Tribalistas.

Antes de apresentar sua música Ilha do Marajó, ela aproveitou o espaço do show para protestar contra a desinformação nas acusações de exploração infantil no local. “Nós não queremos ser reduzidos a isso. Essa questão acontece no Brasil inteiro, mas a gente sabe a quem interessa fazer que esse assunto seja algo que só acontece com as pobres crianças sem calcinha da Amazônia”, disse a artista.

*Com orientação da subeditora Monique Lôbo.