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Millena Marques
Publicado em 31 de janeiro de 2025 às 14:14
Todos os anos, milhares de apreciadores e religiosos se reúnem no Rio Vermelho para prestar homenagens a Iemanjá, a matriarca espiritual das águas, celebrada oficialmente no dia 2 de fevereiro. A fila para entrega das oferendas começa cedo, dois dias antes do dia oficial. Os pescadores são os responsáveis por conduzir os presentes ao mar. Mas, afinal, quanto custa levar a oferta de barco? >
Na maioria dos casos, os pescadores não determinam um valor fixo para levar os presentes. Eles deixam a critério das pessoas. É o que aponta o pescador Antônio Santana, 65 anos, que trabalha desde os 15 com a festa de Iemanjá. “A gente não estipula preço porque trabalhamos em cima do mar. O pessoal dá R$ 100, R$ 50, não dou preço. Quem puder ajudar, ajuda. Agora mesmo coloquei um que me deu R$ 200”, disse pescador em entrevista ao CORREIO, na manhã desta sexta-feira (31). >
Segundo o pescador, não há um horário específico para colocar os presentes. “Amanheceu o dia, a galera já está colocando. A gente conhece o mar todo, já sabe onde colocar os presentes”, contou. Antônio leva os presentes para um lugar apropriado. “Levamos para um lugar mais fundo, não é em cima de pedra. Tudo isso tem que ter carinho porque é feito pelo pessoal. Não pode chegar lá e ‘largar’ em cima de pedra. Colocamos no lugar certo”, disse. O local fica a 500 metros da faixa de areia da praia do Rio Vermelho. >
O valor simbólico é quase uma unanimidade entre os pescadores, que já começam a receber as pessoas nesta sexta-feira (31). “A gente faz a nossa parte, colaborando com a festa de Iemanjá, e eles (apreciadores e religiosos) se solidarizam como quiserem. A gente deixa a critério das pessoas. Pode ser R$ 10, R$ 20, R$ 100, o valor que quiserem”, explicou o pescador Robson Martins, 39, que dorme no Rio Vermelho de sábado (1) para domingo (2) para atender à demanda. “Eu já fico aqui. E no domingo não tem horário para terminar, a gente fica até o término da festa”, disse. >
Há, no entanto, quem determine uma taxa fixa, que pode variar conforme o tamanho do balaio. Caso do pescador Juraci Rodrigues, 59 anos, que trabalha levando os presentes à orixá desde os 12 anos. Normalmente, o valor é de R$ 60 por pessoa. “Se for um presente maior, a gente cobre R$ 300, R$ 400. Depende do tamanho. A gente vê no dia”, disse o pescador. Da faixa de areia até o local de entrega, o pescador gasta 15 minutos para ir e mais 15 para voltar. “Às vezes demora uns 20 min porque o pessoal fica fazendo os pedidos”, pontuou. >
Para Juraci, é difícil estipular uma quantidade exata de apreciadores que levam as ofertas à Iemanjá. “É muita gente, não sei nem quanto carrego porque é muita gente”, relata. No entanto, só no domingo (2), ele conta que faz mais de 200 viagens. O pescador chega ao Rio Vermelho às 3h e trabalha até 19h. “O melhor horário é depois das 14h. Se não chover, o mar fica lisinho, tranquilo, sem perigo nenhum, e a gente trabalha com colete, barco motorizado, é seguro”, concluiu Juraci. >