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Wendel de Novais
Publicado em 19 de setembro de 2024 às 13:00
Entre os moradores do bairro de Macaúbas, Paulo Fernando Rego dos Santos, de 52 anos, que foi executado a tiros por um grupo de criminosos, era unanimidade. Piquete Brasil, como era mais conhecido, sempre foi gente fina, boa praça e amigo de muitos, segundo quem o conheceu. Tanto é que, enquanto falava com a reportagem, o irmão mais velho dele, que prefere não se identificar por não saber o motivo da execução e estar com medo, tinha que parar minuto a minuto para receber condolências de quem passava por ele.
“Logo Piquete, velho?”, reclama um morador, que também prefere não dizer o nome. O que ele não deixa de falar, porém, é o quanto o percussionista era querido pelas pessoas que moram ou vivem no bairro. “Era um cara resenha, tinha um jeito forte, mas uma boa pessoa. Eu não sei o que dizer, a gente está ainda sem acreditar no que ocorreu. Seja no pastel [ponto onde Piquete foi atacado] ou nos bares, ele fazia a alegria do pessoal", fala o homem.
Forte como Piquete, o irmão, por vezes, respirava fundo antes de falar da pessoa que perdeu sem se emocionar. Segundo ele, Piquete era conhecido, principalmente, pela música que fazia e os elogios que ganhava pelo seu trabalho. Ele garante também que a vítima não tinha inimigos e nunca confidenciou qualquer ameaça, o que faz a família estar em choque.
“Ele sempre gostou do samba, era um percussionista dos bons. Direto ele saía para tocar nas bandas aí na cidade. No geral, a vida dele era essa, tanto que ele era conhecido na música. Era um cara gente boa mesmo, querido por todos aqui no bairro. A gente não sabe o que pode ter acontecido para isso. Até os policiais que moram por aqui ficaram em choque, perguntando como fizeram isso com ele”, desabafa o irmão.
Todos na rua destacaram a qualidade da pessoa e do músico que Piquete foi. Na percussão, ele era ótimo, assim como na roda de conversa. Para a família, os elogios também são diversos. Até por isso, o irmão mais velho diz que ainda não conseguiu contar a tragédia para alguns dos parentes, incluindo a mãe dos dois.
“Além de músico, Piquete era um bom irmão, cuidadoso. Tinha também uma filha que está com 24 anos hoje. Assim, não tinha o que falar dele. Não consegui ainda nem contar para minha mãe. Ela pergunta toda hora por ele, afinal, todo dia Piquete ligava para ela. Eu falei que teve que sair às pressas para uma viagem. Ainda estou tomando coragem porque ela vai sofrer muito, ele era um filho muito querido”, completa ele.
A Polícia Militar da Bahia (PM-BA) informou que uma equipe do Comando de Policiamento Regional da Capital (CPRC) BTS foi acionada e chegou ao local quando Piquete já estava morto. O Departamento de Polícia Técnica (DPT) também foi acionado para realizar a perícia e a remoção do corpo, que foi transferido para o Instituto Médico Legal, onde está em procedimento. A 3ª Delegacia de Homicídios (DH/BTS) vai apurar as circunstâncias, autoria e motivação do crime.