Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Millena Marques
Publicado em 15 de setembro de 2023 às 19:48
Familiares e colegas de farda de Lucas Caribé Monteiro de Almeida prestaram as últimas homenagens ao agente da Polícia Federal na tarde desta sexta-feira (15), durante velório e cerimônia de cremação, no Cemitério Bosque da Paz, em Salvador. O policial foi morto com um tiro no rosto em meio a um operação da Força Integrada de Combate ao Crime Orgânico (Ficco), no bairro de Valéria, na manhã de hoje. >
As despedidas na primeira sala do cemitério começaram às 14h, quando uma mulher chegou ao local, aos prantos, amparada uma amiga. Não há detalhes sobre a identidade da mulher. Abalados, os familiares decidiram não conversar com a imprensa.>
Em poucas horas, dezenas de homens de preto ocuparam a área externa do saguão onde o corpo de Lucas foi velado. Diante da perda violenta e precoce de um companheiro de farda, mais de 30 agentes da Polícia Federal fizeram questão de prestar uma última homenagem. >
Às 16h30, foi a vez do batalhão da Coordenação de Operaçoes e Recursos Especiais (CORE), da Polícia Civil, chegar ao cemitério - um grupo com mais de 15 agentes. Poucos minutos depois, o comandante geral da Polícia Militar, Paulo Coutinho chegou acompanhado com suas equipes. O secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, chegou em seguida. As autoridades das forças de segurança também não falaram com a imprensa. >
Quinze minutos antes da cerimônia de cremação começar, às 17h15, três mulheres chegaram, aos prantos, mas um pouco aliviadas por não perderem a chance de dar o último adeus ao policial. Não há informações sobre a identidade do trio.>
Vizinho de Caribé, o contador Célio Ferreira contou que era comum encontrá-lo levando o cachorro para passear no Alphaville I. O policial sempre cumprimentava o vizinho e mantinha contato por telefone com uma certa frequência. "Ele tinha uma alma boa e amava a profissão. Lucas fazia uma série de cursos, para atender melhor à população", disse após a cerimônia de cremação.>
Muito abalado, Célio não escondeu o sentimento de tristeza que vive após a perda do vizinho. "Não sei nem o que falar. A pessoa estava trabalhando e acaba recebendo um tiro, que ninguém sabe de onde veio. Trabalhamos o dia inteiro, para manter a família, e acabamos vivendo um momento desse", desabafou Ferreira.>
A morte de Lucas Caribé gerou comoção de autoridades e forças de segurança. A Direção-Geral da Polícia Federal lamentou a perda do policial e informou que "está empenhada e acompanhando de perto a investigação das circunstâncias que envolveram o falecimento".>
O diretor-geral substituto da PF, Gustavo Paulo Leite de Souza, decretou luto oficial de três dias pela morte. A reportagem entrou em contato com Sindicato dos Policiais Federais do Estado da Bahia (Sindipol), mas eles não se manifestaram sobre a morte de Lucas Caribé.>
O secretário da Segurança Pública Marcelo Werner, lamentou a morte do policial. "Caribé era um irmão", escreveu Werner. "Faremos tudo o que estiver ao alcance para levar os responsáveis à Justiça. Manter a serenidade e adotar todas as ações necessárias para chegar aos responsáveis", acrescentou. "Deus o receba e conforte sua família e amigos neste momento!".>
O governador Jerônimo Rodrigues também se posicionou. "Quero ser solidário à PF, perdemos um homem em confronto com o crime organizado, as facções. A polícia está indo de encontro a aquilo que não vai se estabelecer no estado da Bahia, que é a ocupação pelo crime organizado. Vamos continuar firmes", disse ele, que está em Feira de Santana para entrega de viaturas.>
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) também se manifestou sobre a morte do agente da PF. “Em honra à memória de Lucas e daqueles que dedicam suas vidas diuturnamente à segurança dos cidadãos baianos, o Ministério Público renova seu compromisso e sua missão de combater o crime organizado e promover a paz social”, disse.>
As Polícias Militar e Civil também publicaram notas de pesar.>
Lucas Caribé era baiano, tinha 42 anos, e ingressou na Polícia Federal em 2013, no Pará, onde atuava como escrivão. Ele retornou a Salvador em 2019, para compor o Núcleo Especial de Polícia Marítima (Nepom). Até ser morto nesta sexta, ele fazia parte do Grupo de Pornta Intervenção da Bahia (GPI). >
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo>